terça-feira, 23 de setembro de 2008

JIVM - ZOADA

Ilustração: Ramiro Bernabó


Z O A D A


Os livros foram lidos e tudo já foi dito:
resta o silêncio – este corvo doido,
resta a folha de papel em branco
urubuzando minhas dores,
buscando os meus anagramas.

Podem rir sem pesar,
o poeta está bêbado e não sai da linha torta.
Não aguardem a última risada,
pois nem o ruído da morte
arrepiará as pétalas deste silêncio,
nem os estrondos de todas as bombas
farão frente à zoada que me aflige.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

Um comentário:

Josie disse...

caro poeta, esse zumzum de besouro mangangá que canta os teus silêncios desde o sertão torna-se alimento para minhas entorpecidas madrugadas em que, saudosa de um rito ancestral, ponho-me a ler o verso masculino que traz à tona um outro verso mal aflorado de meu pai...

caro poeta, a casa de teus quarenta anos está menina-moça enfeitada para núpcias nesse teu verão prenhe de poesia... que a festa seja perene, meu belo homem!

Josefina Neves Mello