Ilustração: Ramiro Bernabó
Z O A D A
Os livros foram lidos e tudo já foi dito:
resta o silêncio – este corvo doido,
resta a folha de papel em branco
urubuzando minhas dores,
buscando os meus anagramas.
Podem rir sem pesar,
o poeta está bêbado e não sai da linha torta.
Não aguardem a última risada,
pois nem o ruído da morte
arrepiará as pétalas deste silêncio,
nem os estrondos de todas as bombas
farão frente à zoada que me aflige.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Um comentário:
caro poeta, esse zumzum de besouro mangangá que canta os teus silêncios desde o sertão torna-se alimento para minhas entorpecidas madrugadas em que, saudosa de um rito ancestral, ponho-me a ler o verso masculino que traz à tona um outro verso mal aflorado de meu pai...
caro poeta, a casa de teus quarenta anos está menina-moça enfeitada para núpcias nesse teu verão prenhe de poesia... que a festa seja perene, meu belo homem!
Josefina Neves Mello
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