quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CABARÉ LITERÁRIO - FEIRA DO LIVRO LER AMADO - 2012

José Inácio Vieira de Melo, Ronaldo Correia de Brito, Florisvaldo Mattos
 e Jorge de Souza Araujo pelas ruas de Ilhéus - 05 de agosto de 2012

José Inácio Vieira de Melo, Márcia Tude, André Guimarães e Maurício Corso
Abertura da Feira do Livro Ler Amado - 05 de agosto de 2012

José Inácio Vieira de Melo, Ronaldo Correia de Brito e Jorge de Souza Araujo
Cabaré Literário - 5 de agosto de 2012
Tema: Dioniso e Cia na moqueca de dendê: as delicias de ler Jorge Amado

Florisvaldo Mattos, José Inácio Vieira de Melo e Ronaldo Correia de Brito
Capela do Engenho Santana (Capela de Nossa Senhora de Santana)
Ilhéus - BA, 06 de agosto de 2012

Florisvaldo Mattos, Adélia Pinheiro e Maria Luiza Heine
Iolanda Costa lendo o poema "Ferroviaura" de Florisvaldo Mattos
Cabaré Literário - 6 de agosto de 2012
Tema: Os coronéis na obra de Jorge Amado e a Poesia Reunida de Florisvaldo Mattos

José Inácio V. de Melo, Florisvaldo Mattos, Maria Luiza Heine e Adélia Pinheiro
Cabaré Literário - 6 de agosto de 2012
Tema: Os coronéis na obra de Jorge Amado e a Poesia Reunida de Florisvaldo Mattos

José Inácio Vieira de Melo, Florisvaldo Mattos e Roberval Pereyr
Bar Vesúvio - Ilhéus - BA, 07 de agosto de 2012

Mauricio Corso e Tica Simões lendo carta de Jorge Amado
Cabaré Literário - 7 de agosto de 2012
Tema: De leitor a turista na obra de Jorge Amado e os Mirantes de Roberval Pereyr

Roberval Pereyr - Cabaré Literário - 7 de agosto de 2012
Tema: De leitor a turista na obra de Jorge Amado e os Mirantes de Roberval Pereyr

José Inácio Vieira de Melo lendo o poema "Duo" de Roberval Pereyr
Roberval Pereyr, Maurício Corso e Tica Simões - Cabaré Literário - 7 de agosto de 2012
Tema: De leitor a turista na obra de Jorge Amado e os Mirantes de Roberval Pereyr

Carlos Emílio Corrêa Lima, José Inácio Vieira de Melo e Roberval Pereyr
Feira do Livro Ler Amado - Ilhéus - BA, 08 de agosto de 2012

Maria Luiza Nora, Ruy Póvoas, José Inácio V. de Melo, Clarissa Macedo e Carlos Emílio C. Lima
Cabaré Literário - 8 de agosto de 2012 – Temas:
Jorge Amado: ficcionista, ogã e obá / Maria do Monte, o romance inédito de Jorge Amado

Ruy Póvoas, André Rosa e Carlos Emílio Corrêa Lima
Cabaré Literário - 8 de agosto de 2012 – Temas:
Jorge Amado: ficcionista, ogã e obá / Maria do Monte, o romance inédito de Jorge Amado

Tina Tude lendo excerto do romance "Maria do Monte" de Carlos Emílio Corrêa Lima
Cabaré Literário - 8 de agosto de 2012 – Temas:
Jorge Amado: ficcionista, ogã e obá / Maria do Monte, o romance inédito de Jorge Amado

José Inácio Vieira de Melo, Ruy Póvoas, André Rosa e Carlos Emílio Corrêa Lima
Cabaré Literário - 8 de agosto de 2012 – Temas:
Jorge Amado: ficcionista, ogã e obá / Maria do Monte, o romance inédito de Jorge Amado

Carlos Emílio C. Lima, Aleilton Fonseca, Jorge Amado, Rosana Ribeiro Patrício,
José Inácio Vieira de Melo, Tina Tude e Salgado Maranhão
Bar Vesúvio - Ilhéus - BA, 09 de agosto de 2012

Elena Beliakova, tradutora russa de Jorge Amado em palestra emocionante.
Cleberton Santos mostrando livro de Jorge Amado traduzido por Beliakova
Cabaré Literário - 9 de agosto de 2012 - Temas:
Imagens de mulheres, Corpos sutis e O amor da Rússia por Jorge Amado

Elena Beliakova, Rosana Patrício, Aleilton Fonseca e Cleberton Santos
Tina Tude lendo trecho do romance "Nhô Guimarães" de Aleilton Fonseca
Cabaré Literário - 9 de agosto de 2012 - Temas:
Imagens de mulheres, Corpos sutis e O amor da Rússia por Jorge Amado

Maurício Corso, Elena Beliakova e José Inácio Vieira de Melo
Cabaré Literário - 9 de agosto de 2012 - Temas:
Imagens de mulheres, Corpos sutis e O amor da Rússia por Jorge Amado

José Inácio Vieira de Melo e José Delmo lendo o poema "Sete irmãs" de JIVM
Fundação Cultual de Ilhéus, 10 de agosto de 2012

Da janela do quarto de Jorge Amado, na Fundação Cultural de Ilhéus,
a vista da igreja Matriz e os poetas José Inácio Vieira de Melo,
Clarissa Macedo e José Delmo - 10 de agosto de 2012

Salgado Maranhão, Cyro de Mattos, José Inácio Vieira de Melo
e Iolanda Costa a recitar poema de Cyro de Mattos
Cabaré Literário - 10 de agosto de 2012
Tema: A cor da palavra no Cancioneiro do cacau: música e poesia em Jorge Amado

Salgado Maranhão - Cabaré Literário - 10 de agosto de 2012
Tema: A cor da palavra no Cancioneiro do cacau: música e poesia em Jorge Amado

Clarissa Macedo lendo o poema "O poeta e as coisas" de Salgado Maranhão
 Cabaré Literário - 10 de agosto de 2012
Tema: A cor da palavra no Cancioneiro do cacau: música e poesia em Jorge Amado

Em pé: Salgado Maranhão, Cyro de Mattos, Aleilton Fonseca e Rosana Ribeiro.
Sentados: Heitor Brasileiro, Carlos Emílio Corrêa Lima, Cleberton Santos,
José Inácio V. de Melo, Mariza Mattos e Clarissa Macedo - Cabaré Literário - 10 de agosto de 2012
Tema: A cor da palavra no Cancioneiro do cacau: música e poesia em Jorge Amado

Cabaré Literário
Coordenação e curadoria: José Inácio Vieira de Melo

Feira do Livro Ler Amado - Festival Amar Amado
Ilhéus - Bahia - Brasil - 2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

JIVM - PEDRA SÓ - XXV


Fotógrafa: Maureen Bisilliat


PEDRA SÓ - XXV


O sapateiro celeste costura
um labirinto no couro do touro,
onde se misturam e se perdem
      e se encontram
Damião Alagoano e Pedro Vaqueiro,
Sérvulo Duarte e Linduarte,
Vavá Machado e Marcolino,
e Moisés, o meu avô.

A legião de vaqueiros
que me acompanha e me protege
com as sete peles do gibão de couro.

A legião de argonautas
que me acompanha
em busca do velo de ouro.

A legião de vaqueiros
que me acompanha e que entoa,
na origem do sentimento,
o que a palavra não diz
mas a voz aboia.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

domingo, 12 de agosto de 2012

O POETA JORGE AMADO

Por Cyro de Mattos

Cyro de Mattos e José Inácio Vieira de Melo no Cabaré Literário - Ilhéus, 10/08/2012 

           Jorge Amado é prosador de linguagem sensual na recriação da vida. O prosador fluente convive com o poeta, em aliança que emerge afetiva e escorre solidária na escrita lírica. Em suas visões românticas, embora use uma linguagem denotativa, no que diz respeito aos sentidos, o prosador alcança o poeta quando transmite uma poesia  em nível sensitivo da fala. Recorre  ao cordel, logrando extrair versos populares ditos por sua própria voz, encaixados nos falares dos seus personagens ou atribuídos aos cantadores.
A Estrada do Mar é o único livro de Jorge Amado constituído de  poemas. Publicado  em 1938,  é uma  raridade bibliográfica. Apesar de tudo, não é difícil encontrar nas  histórias de Jorge Amado  pequenos e medianos poemas.  Da linguagem só amor,  o  poeta-romancista  faz a palavra ressoar como música e assim o   eu lírico pensa a vida pelo som, que lateja sentidos em diversas direções.
Em O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, versos de Jorge Amado dizem do  mundo que só tem graça e encanto quando se vive nele fora das prisões.  

O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha.
           
Em Terras do Sem Fim, a alma romanceira de Jorge Amado adverte na epígrafe do livro que vai contar uma história de espantar.
Contada a história das lutas sangrentas pelo domínio das terras do Sequeiro Grande,  o poeta interfere no romancista  para relembrá-la tempos depois na voz dos ceguinhos pelas feiras.  

Fazia pena, dava dó,
Tanta gente que morria.
Cabra de Horácio caía
E  caía dos Badaró...
Rolavam os corpos no chão,
Dava dor no coração
Ver tanta gente morrer,
Ver tanta gente matar.  

Se largou foice e machado,
Se pegou repetição...
Loja de arma enricou,
A gente toda comprou,
Se vendeu como um milhão.

Homem macho era Sinhô,
O chefe dos Badaró...
Uma vez, ele ia só,
Com cinco homens acabou.
Juca não era menos
Coragem nele sobrava,
E Juca não respeitava
Nem os grandes
Nem os pequenos.

Braz de nome Brasilino
José dos Santos se chamava,
Com ele ficava fino,
Mesmo do chão atirava,
Tanto ferido, matava.

      Cantadores e violeiros comentavam  nos romances  cenas e episódios sobre a luta do Sequeiro Grande, ressaltando as figuras e os feitos, as inquietações também. Dessa maneira falavam das esposas:

Mulher casada não havia
Só se fosse na Bahia...
Por aqui já se dizia:
Casada era só projeto
- Mesmo as que tinham neto –
De viúva no outro dia.

Em Tenda dos Milagres,  o primeiro livro em que  Pedro Archanjo defende a raça negra e se opõe ao racismo proposto pelos catedráticos da Faculdade de Medicina, mereceu versos elogiosos dos  repentistas e poetas populares da Bahia.  O poeta Florisvaldo Mattos, vestido por Jorge Amado como repentista  de fervoroso público, em festas de aniversário, batizado e casamento, glosa  a pendência:

Aos leitores apresento
Um tratado de valor
Sobre a vida da Bahia
Mestre Achanjo é seu autor
Sua pena é o talento
E sua tinta a valentia.

A publicação de “Apontamentos”, outro livro do filósofo popular, malandro e boêmio, freqüentador de candomblé e ateu,  Pedro Archanjo, recebe comentários positivos de Caetano Gil, para Jorge Amado um rebelde e bravo trovador:                   

Mestre Archanjo foi dizer
Que mulato sabe ler
Oh! que ousada opinião
Gritou logo um professor
Onde se viu  negro letrado?
Onde se viu pardo doutor?
Venha ouvir seu delegado
Oh! que ousada opinião.

Depressa seu delegado
Venha ouvir o desgraçado
Oh! que ousada opinião
Gritou logo um professor
Meta o pardo na prisão
Mestre  Archanjo foi dizer
Que mulato sabe ler
Oh! que ousada opinião”.

Em Mar  Morto, o estilo fino e colorido de Jorge Amado é vazado  numa linguagem que caracteriza bem a emoção pessoal do poeta. Seu discurso é assim revelador do modo particular de ver  os seres e as pessoas  no mundo, sendo, portanto,manifestação de boa poesia, simples e rica,  na  cadência lírica da vida.

Lívia olha de sua janela
 o mar morto sem Lua.
Aponta a Madrugada.
Os homens,
que rondavam a sua porta,
o seu corpo sem dono,
voltaram para as suas casas.
Agora tudo é mistério.
A música acabou.
Aos poucos as coisas se animam,
os cenários se movem,
os homens se alegram.
A madrugada rompe
sobre o mar morto.

Existe aqui uma apurada  musicalidade de versos na frase, numa demonstração  sem esforço do poeta que sabe visualizar  o espírito do mundo em suas manifestações líricas, ritmadas  pelo mistério e beleza da vida. Não é por acaso que esse romance é terminado com uma alegoria poética. Sua musicalidade sustenta e repercute  numa atmosfera que é recebida  mais pelos ouvidos que pelos olhos. O espírito do mundo manifesta-se através de um ritmo  que sustenta com suficiência  idéias e sentimentos do poeta diante das pessoas e coisas. A dinâmica desse romance está saturada de poesia ligada estreitamente à gente do cais da Bahia.

Em Gabriela, Cravo e Canela, romance divisor de água na obra amadiana, como querem os críticos, há poemas escritos por Jorge Amado em forma de balada e  canção,  abrindo vários  capítulos. Lá estão pulsando puro lirismo “Lamento de Glória”, “Cantar de Amigo de Gabriela” e . “Cantiga de Ninar Malvina”, entre outros.  Escutem “Cantiga de Ninar Malvina”, que abre o terceiro capítulo.  

Dorme, menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.

Estou presa em meu jardim
Com flores acorrentadas.
Acudam! Vão me afogar.
Acudam! Vão me matar.
Acudam! Vão me casar.
Numa casa me enterrar
Na cozinha a cozinhar
Na arrumação a arrumar
No piano a dedilhar
Na missa a me confessar.
Acudam! Vão me casar
Na cama me engravidar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.

Meu marido, meu senhor
Na minha vida a mandar.
A mandar na minha roupa
No meu perfume a mandar.
A mandar no meu desejo
No meu dormir a mandar.
A mandar nesse meu corpo
Nessa minh’alma a mandar.
Direito meu a chorar.
Direito dele a matar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar,

Acudam! Me levem embora
Quero marido pra amar
Não quero pra respeitar
Quem seja ele – que importa?
Moço pobre ou moço rico
Bonito, feio, mulato
Me leva embora daqui,
Escrava não quero ser.
Acudam! Me levem embora.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.

A navegar partirei
Acompanhada ou sozinha
Abençoada ou maldita
A navegar partirei.
Partirei pra me entregar
A navegar partirei.
Partirei pra trabalhar
A navegar partirei.
Partirei pra me encontrar
Para jamais partirei.

Dorme menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.

Esses exemplos de versos, retirados das histórias de Jorge Amado, mostram que existe uma conexão entre o poeta e o prosador, uma aliança nítida entre o poema na prosa  e a música. De tal forma existe o discurso bonito numa linguagem simples,  na qual comparecem  o lírico, o épico e o dramático para definir o mundo sem preconceitos e prisões. Cheio de emoções e sonhos, já que na vida há sempre os intrincados e sérios problemas.

* Palestra proferida no Cabaré Literário, da Feira Literária Ler Amado,  em Ilhéus, promovida pela FUNDACI, em 10.08.2012.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

ANTONIO BARRETO - O ABC DE JORGE AMADO EM VERSOS DE CORDEL NO DIA DE SEU CENTENÁRIO DE NASCIMENTO



Acordei de madrugada
Com o céu todo estrelado
A lua mais que singela
Passeava no tablado
Em São Jorge me inspirei
E por fim cordelizei
O ABC de Jorge Amado

Baiano lá de Ferradas
Interior da Bahia
Município de Itabuna
10 de agosto foi o dia (1912)
Jorge Amado encarnou
E um anjo anunciou
Que famoso ele seria.

Convidado pela lua
Anjos, deuses, orixás
Jorge Amado sob o sol
Sempre atento aos sinais
Foi uma grande centelha
Nesta seara vermelha
De injustiças sociais.

Debaixo dos cacauais
De Itabuna e Ilhéus
Nosso mago das palavras
Olhando os anjos nos céus
Num arco-íris de festim
Viu as terras do sem fim
E a chegada dos troféus.

Esculpindo o seu futuro
Com destino a Salvador
Descambou pelas estradas
Como um grande buscador
É o compadre de ogum
Na capital de Oxum
Para ser um vencedor.

Farejando o seu destino
Nas águas de Yemanjá
Na capital da Bahia
Encontrou seu orixá
Daí surge o jornalismo
Onde mostra brilhantismo
Sonhando jubiabá !

Garimpador de ametista
Ouro, prata, diamante
O mais amado de todos
Num lugar dessemelhante
No Diário da Bahia
Ele então começaria
A jornada tão brilhante !

Há no seu grande currículo
A famosa Academia
Nomeada Dos Rebeldes
Com outros na parceria.
Assim surge o escritor
De grandeza e de valor
Que o mundo consagraria.

Inventivo e inquieto
Mouro, afro e lusitano
Ele cria uma revista
De nome Meridiano
No ano de vinte e oito (1928)
E prossegue sempre afoito
Além do solo baiano.

Jorge Amado - o artesão
Da palavra a contento
Abre as portas do sucesso
Na revista “O Momento”
Também “A Meridiano”
E prossegue soberano
Na grandeza e no talento.

Kilômetros nessas lonjuras
Ao redor do mundo inteiro
Anunciando a Bahia
E o povo brasileiro
Dos costumes às façanhas
Das artes às artimanhas
Do mais rico ao obreiro.

Leva um sonho adiante
De ser grande advogado
Mas o seu destino enfim
Há muito predestinado
Faz de Jorge um condor
O esperado escritor
Pelo mundo festejado.

Militante comunista
Não quis mais advogar
Somente a literatura
Podia lhe acalentar
Pois a vida literária
Era a trilha necessária
Do nosso grande avatar.

Nas andanças de menino
Percorreu nosso sertão
E não foi só a Bahia
Que lhe deu boa lição.
Em Sergipe, com o avô,
Sob as ordens de Xangô
Se banhou de inspiração.

O seu primeiro romance
O Pais do Carnaval
Publicado em 33   (1933)
Foi o brinco inaugural.
A partir daquele instante
Sua produção brilhante
Se tornou universal.

Prosseguiu no seu labor
Na defesa do oprimido
Com Suor e com Cacau
Seu sucesso é aferido
Depois Capitães de Areia
E Mar Morto – de mão cheia
Desse bardo tão querido.

Quem jamais esqueceria
O que Jorge semeou ?!
Lembro Pastores da Noite
Que a todos encantou.
Nessa dança Gabriela
(A nossa ) Cravo e Canela
Que o cinema abraçou.

Recordar Tocaia Grande
Doda Flor e seus dois Maridos
É dever dos bons leitores
Sejam novos ou crescidos
Nas escolas e nos lares
Seus encantos e falares
Não podem ser esquecidos.

Sabedoria e leveza
Do baiano grão-vizir
No belo Farda e Fardão
Camisola de Dormir
Desse nosso mensageiro
Jorge Amado alvissareiro
Sempre, sempre a reluzir.

Tem Os Velhos Marinheiros
Pelos mares do destino
A Morte e a Morte de Quincas
Berro D’Água – o genuíno
Boêmio mais que profano
O perfil do bom baiano
Entre a sorte e o desatino.

Uma Tereza Batista
Cansada de Guerra ou não...
Uma Tenda dos Milagres
Que reflete a escravidão
Da Bahia africana
E um pouco lusitana
Que segue na contra-mão.

Vem, Tieta do Agreste,
Vem rasgar todos os véus
Pastoreia em Mangue Seco
Apaga teus fogaréus
Faz da vida o que quiseres
Diz a todas as mulheres
Foi São Jorge dos Ilhéus !

Word que dizer mundo
Lá no idioma inglês
Mas Jorge foi traduzido
Do alemão ao japonês
Do mongol ao catalão
Do esloveno ao letão:
Ao total cinquenta e seis.

Xerazade em sua arte
Fez o mundo se encantar
Jorge Amado dos Ilhéus
Coloriu no além mar...
É o mistério da palavra
Daquele que esculpe e lavra
Nos ventos do verbo amar.

Yogue, padre, poeta
Marinheiro, ateu, pastor
Maluco, beato, obreiro
Aluno, sábio, doutor...
Quem não leu o romancista
Jorge Amado - alquimista
Das palavras, do amor ?!

Zelando pela cultura
De um país embrionário
Vou cordelizando a vida
E anotando em meu diário:
Jorge Amado – o escritor
Merece nosso louvor
No seu belo centenário...

               Fim
Salvador, agosto de 2012

ANTONIO BARRETO