quinta-feira, 27 de março de 2014

QUINTA POÉTICA – 65ª EDIÇÃO - ESPECIAL 20 ANOS DA ESCRITURAS EDITORA



Escrituras Editora convida para a 

QUINTA POÉTICA – 65ª edição - Especial 20 anos da Escrituras Editora

27 de março de 2014, com início às 19h
na Casa das Rosas (evento gratuito)

com os convidados:
Álvaro Alves de Faria | José Inácio Vieira de Melo|
Nílson José Machado| Renato Gonda

Participação Especial:
Carlos Henry Sandoval
Curadoria desta edição: Raimundo Gadelha

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos
Av. Paulista, 37 - São Paulo/SP
Próximo ao metrô Brigadeiro.
Convênio com o estacionamento Patropi - Alameda Santos, 74
Informações: (11) 5904-4499

QUINTA POÉTICA – 65ª edição – 27/março/2014, na CASA DAS ROSAS

Saiba mais sobre o evento: Quinta Poética
Mensalmente, a Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura abre suas portas para a Quinta Poética, um grande encontro dos amantes da boa poesia. Com a presença de poetas consagrados e novos talentos, o evento deseja criar um ambiente mais surpreendente para a poesia, por meio de intervenções artísticas das mais diferentes expressões, como música, artes plásticas, dança, cultura popular, que envolvem a leitura dos poemas.

Grandes nomes da poesia já estiveram presentes na Quinta Poética. O evento tem entrada gratuita, é aberto ao grande público e organizado sem fins lucrativos nem investimentos financeiros. Mais de quatrocentos produtores culturais e artistas de todas as linguagens e estéticas das mais diversas regiões do Brasil e do exterior já estiveram presentes. Promovido pela Escrituras Editora e a Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, esta edição conta com a curadoria de Raimundo Gadelha.

Os convidados:
ÁLVARO ALVES DE FARIA – paulistano, jornalista, poeta e escritor. Faz parte da Geração 60 de Poetas de São Paulo, autor de mais de 50 livros, entre romances, ensaios, livros de entrevistas literárias, organização de antologias, crônicas e principalmente poesia. Participa de aproximadamente 70 antologias de poesia e contos no Brasil e no exterior. É também autor de três peças de teatro. Seu livro mais recente é O uso do punhal (selo Escrituras).

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO alagoano radicado na Bahia, é poeta, jornalista e produtor cultural. Coordenador e curador de diversos eventos literários, foi coeditor da revista de arte, crítica e literatura Iararana. É autor de diversos livros, como Roseiral e Pedra Só (selo Escrituras).

NÍLSON JOSÉ MACHADO nasceu em Olinda, Pernambuco, mas vive em São Paulo desde 1969. É professor de cursos de graduação e pós-graduação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Escreveu diversos livros, frutos de seu trabalho acadêmico, e mais de duas dezenas de livros infantis, todos escritos na linguagem poética.

RAIMUNDO GADELHA (curador desta edição) nasceu na Paraíba. É publicitário, jornalista e fotógrafo, tendo exposto o resultado de suas andanças por mais de 30 países. Sempre dedicado à literatura, em 1994 abraça seu desafio maior: a fundação da Escrituras Editora. Dez íntimos fragmentos de um indecifrável mistério (selo Escrituras) é seu trabalho poético mais recente.

RENATO GONDA nasceu em São Paulo. É poeta, artista plástico e designer, graduado em Artes Plásticas e Letras, doutor em Semiótica pela USP e professor de Artes na Universidade Anhanguera. Como escritor, ganhou prêmios como Revelação de Autor e Melhor Livro de Poesia do Ano (com a obra Ad Nada, pelo selo Escrituras), ambos pela APCA.

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
CARLOS HENRY é médico, mas sempre se dividiu entre a literatura e a música. Na primeira, foi colaborador do jornal “O Pasquim” e da revista “Novos Estudos”, da qual participava do conselho editorial o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Como compositor, é autor de músicas com parceiros do porte de Elton Medeiros, Eduardo Gudin, Vicente Barreto, Celso Viáfora, Jean Garfunkel e de músicas em que atua sozinho, com algumas gravadas pelo MPB4, por Maria Martha e Vicente Barreto. Gravou o CD “ANJO TORTO” e o LP “Gerações” e participou do Festival da MPB da TV Globo (2000), do projeto “RUMOS” Música – Itaú Cultural” (2004), e do Festival da Nova MPB da TV Cultura (2005).


Grupo Editorial Escrituras
Rua Maestro Callia, 123 - Vila Mariana
04012-100 - São Paulo - SP - Brasil
Tel.: (11) 5904-4499 (Pabx)

terça-feira, 25 de março de 2014

JIVM - ALIMENTO


ALIMENTO, poema de José Inácio Vieira de Melo, do livro Pedra Só
recitado por Fabio Kerouac, poeta maranhense radicado na Alemanha

sábado, 22 de março de 2014

O MARCO DA TERRA: PEDRA SÓ

Por Luciano Maia


O nome do poeta José Inácio Vieira de Melo e seus versos haviam chegado aos meus ouvidos pelo prestigioso testemunho de Francisco Carvalho, sem causar, àquele então (eram os anos 2000), o impacto que me causa agora a leitura do seu livro Pedra Só (São Paulo: Escrituras, 2012). Percorrendo os versos desse livro, que se reparte em vários segmentos (Pedra Só, Aboio Livre, Toada do Tempo, Partituras e Parábolas), tem-se logo a certeza de estarmos diante de um poeta totalmente desvinculado de qualquer modismo. Os seus versos se constroem a partir de uma consciência de pertinência: a de ser de sua terra, nutrindo o ideal de cantá-la, sem as pretensões neuróticas de supor que o universal tem obrigatoriamente que ser urbano! Essa tendência, que alcançou o seu paroxismo com a enxurrada do verso livre (de quê?), terminou por expulsar (ou espantar) os leitores de poesia. Hoje, esses poetas pseudo-contemporâneos e pseudo-modernos escrevem para eles mesmos. Não têm leitores.

Voltando a José Inácio: “Canto de peito ao vento, / um boi de campina anda comigo”. Estes versos não resumem, evidentemente, a vasta apreensão que ele tem do mundo, aliás, realmente muito larga, mas nos indica, já na abertura do seu livro Pedra Só, ser ele, como já foi mencionado, um testemunho de sua terra e, por extensão, do seu tempo. A sua escritura flui como um regato sobre os seixos na quadra invernosa do sertão nordestino.

A rima não é constante em José Inácio, mas em alguns poemas pode-se garimpá-la, como em “Noite Sertaneja”: “Em frente à minha casa sempre tem / uma fogueira acesa, clareando / a passagem dos vultos dos vaqueiros / amontados nos ventos e aboiando”. Há, creio que de forma indisfarçada, uma nítida influência (mais temática do que de estilo) de Gerardo Mello Mourão nos poemas deste livro. A poesia desse poeta alagoano, que vive em Jequié (BA), é vazada de metáforas sonoras e vibrantes, como em Gerardo. Veja-se no poema XXIV:  “As algarobeiras contam histórias / do silêncio nos ombros da noite. / A lua é uma formosura de égua baia”. Ou em “Aboio Livre”: “Meu avô, zelai por mim, / que sempre persegui desertos, / tangendo louvores ao Sertão”.

Mas, advirta-se: assim como em Gerardo, que canta a sua aldeia de forma universal (Lev Tolstoi), José Inácio convoca os testemunhos poéticos de distantes geografias e paisagens musicais, como no poema “Beethoven”: “Depois, abre a porta dos sonhos / e toca a Nona Sinfonia”. Ou em “Cantiga para Leonardo”, onde invoca nomes ancestrais do universo lendário, artístico e literário: Rômulo e Remo, Michelangelo e até Cecília Meireles. Não falta em Pedra Só, um poema para Bob Dylan: “Jokerman”, um poema patético, em que o poeta expressa a dor do mundo, o abandono em que se perdem os idealistas ou os visionários.

Tudo isso, repita-se: abrindo uma picada rumo ao épico-lírico, como nos ensinou Gerardo Mello Mourão. Com os olhos nas distantes constelações e os pés no marco da terra. 


Luciano Maia é poeta, tradutor e professor. Membro da Academia Cearense de Letras. Autor de Jaguaribe - memória das águas (1982), Praia formosa (1992), Vitral com Pássaros (2002), As cidades míticas (2013), dentre outros.

Artigo publicado no jornal Diário do Nordeste, em Fortaleza, em 16 de fevereiro de 2014.