terça-feira, 21 de dezembro de 2010

JIVM - NOTURNO


Um Natal cheio de Paz para todos nós.
Saúde e sorrisos no Ano Novo.
Poesia e pássaros por toda a existência.

Abraços.

JIVM


NOTURNO



A minha noite é imensa dentro da sua largura,
e de um canto a outro é cheia de grilos –
deuses do Oriente que cantam para as estrelas
que se deleitam e dançam seu brilho para mim.

A minha noite é silente e calma – uma tempestade
que avança na imensidão dos meus abismos
como vermes a roer minha carne e meu prazer.

Dentro da minha noite tem uma vaca
que é sagrada e é um templo, uma igreja:
o seu chocalho é o sino que a todo instante
anuncia a vida e me convida para o agora.

A minha noite é enorme e dentro dela cabem
as mil e uma noites, bilhões de estrelas
e toda a poesia.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SANGUE NOVO - ANDRÉ GUERRA



O ENCONTRO CONSIGO, A CONTEMPLAÇÃO DA ETERNIDADE – ANDRÉ GUERRA Nasceu em 1982, em Salvador, onde reside. É formado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia. É professor de Literatura brasileira voltada para o vestibular e, como tal, afirma que na sala de aula, apesar do direcionamento ao vestibular, sempre há espaço para explorar as belezas que vão muito além de uma mera prova. André Guerra é um poeta da essência, que faz poesia em busca de si mesmo. Vamos, então, conhecer um pouco desse poeta que alça vôo à eternidade.

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO – André, o que lhe move a fazer um poema? Onde você pretende chegar com a sua poesia?

ANDRÉ GUERRA – Um poema é a minha maneira de estar no mundo, de quebrar amarras, de mergulhar na vida pela arte. E a arte é a prova concreta e irrefutável da essência positiva do homem. Com a poesia pretendo chegar a mim mesmo e contemplar a eternidade.

JIVM – Você é professor de Literatura. De que maneira a poesia entra na sala de aula? Como os alunos a recebem? A poesia contemporânea da Bahia é apresentada para esses jovens?

AG – A sala de aula é um campo aberto para o contato com a poesia, em sua grande parte voltada para o vestibular, é verdade, mas sempre há espaço para explorar as belezas que vão muito além de uma mera prova. Assim, desde Camões, Augusto dos Anjos, os tantos Andrades, da poesia, Manuel Bandeira, Cecília, Vinícius, João Cabral, Ferreira Gullar, Ruy Espinheira Filho, Myriam Fraga, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes, José Inácio Vieira de Melo ganham vida eterna nas conversas com os alunos.
Vez por outra ainda tenho a grata recompensa de encontrar jovens amantes e fazedores de poemas.

JIVM – Como a poesia chegou em sua vida? Qual o primeiro livro de poemas que leu? Quais as suas grandes influências?

AG – Pelo que me lembro, meu primeiro contato com a poesia se deu aos oito anos, quando minha mãe disse para mim o famoso poema de Casimiro de Abreu. Nunca esqueci. Lembro também de sentir um fascínio muito grande pelo filme “Sociedade dos Poetas Mortos”. Desde então venho aprendendo a escrever. Nesse processo, algumas pessoas me indicaram caminhos da poesia. Professores, como Paulo Monteiro e Antônia Herrera, e amigos como o querido José Inácio, de cuja poesia sou admirador.
Quanto às influências, destaco Carlos Drummond, Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto.

JIVM – Nestes tempos de fragmentação da identidade e do elogio à especialização, à velocidade, ao tecnicismo, fazer e ler poesia é perder tempo?

AG – É como diz Paulinho da Viola: “mas é preciso viver, e viver não é brincadeira não...” Com as atribulações e demandas contemporâneas, ler e fazer poesia requer um momento de escolha, de entrega. Eu particularmente sinto falta de mais momentos para dedicar-me a essa prática. Se não tomarmos cuidado, a maquinização é capaz de ofuscar uma manifestação vital para que haja algum colorido em meio à “selva” em que vivemos.

JIVM – Qual a relevância de participar de uma coletânea de poetas como é o caso desse projeto Sangue Novo? E no mais, o que anda fazendo no reino das artes? Algum livro pronto?

AG – Para mim é uma grata oportunidade participar desse projeto. Admiro, além da sua poética, Inácio, sua dedicação ao universo da poesia. É preciso fibra para desempenhar um papel como o seu no cenário atual.
Tenho, sim, um livro pronto. Quem sabe esse projeto me inspira a levá-lo às vias de fato.

TRÊS POEMAS DE ANDRÉ GUERRA

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LUZES DA CIDADE


As luzes da cidade dizem tanto...
Que é natal nos comércios e avenidas,
que há fome no fogo dos malabares
e desejos em letras coloridas

Há rezas e comércio nos altares
luminosos de impérios catedrais.
Nesta ribalta de sonhos vendidos
as luzes da cidade dizem tanto

com suas neuróticas sinaleiras:
param a vida, param automóveis.
O homem multiplica sua sombra,

se parte, se reparte, se divide.
Colorido pelos letreiros frios
vive na sombra, morre em preto e branco.



“OFF-ROAD”


Sou um bicho da cidade.
Da luz só me disseram postes e semáforos
e me agrada a sombra dos toldos.

O cheiro do asfalto quente,
ao meio-dia,
sufoca e empana meus olhos.

Às vezes a saudade aperta
e quero voltar a caminhar sob o sol
numa lembrança de ser.

Todo fim de tarde namoro as flores que sobraram na feira.

Eu quero tanto enxergar por trás daqueles muros...



METONÍMICO


Diz-me o que me transborda
O bordado que não cessa
Porque não cabe num copo
A linha que me atravessa

E na fazenda marcada
Sua virgem tez derramada
Desnuda o ponto na sobra
Desdobra o copo nas águas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ANTONIO MIRANDA ENTREVISTA O POETA JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO - VI FLIPORTO - 2010



O escritor Antonio Miranda, Diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, entrevista o poeta José Inácio Vieira de Melo durante a FLIPORTO 2010 em Olinda, Pernambuco, em 14 de novembro de 2010. O poeta baiano nascido em Alagoas fala sobre seu último livro Roseiral e de sua trajetória poética a Antonio Miranda, para o Portal de Poesia Iberoamericana.
Videomaker: Nildo Barbosa Moreira
Site: http://www.antoniomiranda.com.br/