sábado, 31 de agosto de 2013

LEITURAS PÚBLICAS EM POÇÕES COM ANDRÉ GUERRA E VITOR NASCIMENTO SÁ. MEDIAÇÃO DE JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO - REGISTROS

Leituras Públicas - Poções - BA, 17 de agosto de 2013
Com os poetas André Guerra e Vitor Nascimento Sá
Mediação: José Inácio Vieira de Melo
Realização: Fundação Pedro Calmon / Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

Elder Oliveira, Cristina Leilane e José Inácio Vieira de Melo

Vitor Nascimento Sá, José Inácio Vieira de Melo e André Guerra

Vitor Nascimento Sá, José Inácio Vieira de Melo e André Guerra

Vitor Nascimento Sá

José Inácio Vieira de Melo prestando homenagem ao poeta Affonso Manta

André Guerra

Vitor Nascimento Sá, José Inácio Vieira de Melo e André Guerra

José Inácio Vieira de Melo recitando o poema "Sete irmãs"

Antonio Barreto e José Inácio Vieira de Melo

Antonio Barreto recitando o cordel "Seu Juvênço"

Plateia seleta a se divertir com cordel de Antonio Barreto

José Inácio Vieira de Melo soltando um aboio

Vitor Nascimento Sá recitando poema de Francisco Carvalho

Ivana Karoline recitando o poema "Dilúvio" de José Inácio Vieira de Melo

Ariana Amaral lendo poema de Castro Alves

Vitor, Ivana e José Inácio recitando o poema "Canção de depois de tanto" de Ruy Espinheira Filho

Zelma Borges e Vitor Nascimento Sá

Zelma Borges, Lana Sheila, José Inácio Vieira de Melo e Cris Campos

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

JOKERMAN DE JIVM POR CERVIÑO

Derradeira estrofe do meu poema "Jokerman" nos quadrinhos de Sérgio Cerviño Rivero. Edições em Português e inglês.



A edição em português foi publicada na revista Verbo21(www.verbo21.com.br) na coluna Ad Finem, na edição Nº166 , em maio de 2013

domingo, 25 de agosto de 2013

TROPOFONIA 2013 - JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

Francesco Napoli, Wilmar Silva e José Inácio Vieira de Melo - gravação de Tropofonia - Pedra Só

Tropofonia - Belo Horizonte - MG
Um laboratório de sons e palavras
Rádio 104.5 UFMG Educativa

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Os aboios e as parábolas da Pedra Só

Apresentação: Francesco Napoli e Wilmar Silva

Assista o programa de rádio "Tropofonia: José Inácio Vieira de Melo" que foi ao ar no dia 18 agosto de 2013, na Rádio 104.5 da Universidade Federal de Minas Gerais. A entrevista está dividida em quatro blocos. Basta clicar em cada um dos links abaixo para poder ouvir o programa na íntegra.

Bloco 1

José Inácio Vieira de Melo recita o poema "A pupila de Narciso".
Trecho do "Tropofonia - Roseiral" com JIVM,  em setembro de 2010
JIVM fala sobre os filhos, Carlos Moisés e Gabriel Inácio. 
JIVM, Wilmar e Francesco recitam "Sonata das musas escarlates". 
Alceu Valença canta sua música "Na primeira manhã". 

Bloco 2 

A arte de Ene Lelis, estilista baiana.
JIVM canta "Légua tirana" de Luiz Gonzaga.
JIVM fala sobre Rimbaud, inspiração, João Cabral e Graciliano Ramos.
JIVM fala sobre "Pedra Só". Wilmar, Francesco e JIVM recitam "Aboio Livre".
Partes I, II, XXIII e VII do poema "Pedra Só" recitados por WS, FN e JIVM.
Sobre suplementos, antologias e andanças poéticas.
JIVM recita trecho de seu poemas "Sete irmãs".
Wilmar Silva recita o poema "Os meninos" de JIVM.
Sobre língua, linguagem e horizontes da poesia brasileira.
WS e JIVM recitam o poema "Cantiga para Ouro Preto".
Sobre reencarnação e coordenação de projetos.

Bloco 3

JIVM fala sobre sua relação com as academias e com a internet.
Sobre a MPB e o CD "Pedra Só". Do CD, o poema "Aurora".
Sobre o cuidado com as edições dos seus livros.
Sobre São Paulo e os grandes centros monopolizadores.
Sobre a gênese do poema e seus possíveis autores.
Francesco Napoli e JIVM recitam o poema "Escrituras".
JIVM, WS e FN recitam o poema "Cordeiro de Abril".
Wilmar e Francesco Napoli recitam poema de Ferreira Gullar.
Sobre a influência do cantor e compositor cearense Raimundo Fagner.
Sobre os poetas cearenses Francisco Carvalho e Gerardo Mello Mourão.

Bloco 4

JIVM recita seu poema "Registro da fala do silêncio".
Momento de "aquele abraço" para os amigos.
Sobre ancestralidade e gramática em "Pedra Só".
JIVM, WS e FN recitam a parte XXV do poema "Pedra Só".
JIVM canta toada de Vavá Machado & Marcolino e solta um aboio.
WS, FN e JIVM recitam o poema "Versos Carmesins".
JIVM e WS recitam pema de Charles Baudelaire.
JIVM, FN e WS recitam o poema "Jokerman" de JIVM.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

OS ABOIOS E AS PARÁBOLAS DA PEDRA SÓ, NO SARAU LITERÁRIO, EM FEIRA DE SANTANA


Trecho do recital "Os aboios e as párabolas da Pedra Só", no Sarau Literário, em Feira de Santana, que aconteceu no Centro de Cultura Amelio Amorim, no dia 24 de julho de 2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO NOS REINOS DA PEDRA SÓ

Por Hildeberto Barbosa Filho

Pedra Só, abrigo e santuário

A poesia é uma metafísica instantânea”, afirma Gaston Bachelard, num de seus vários escritos sobre a fenomenologia poética. A frase resume bem a força da experiência vivida, quando habitamos a geografia lírica e ultrapassamos, assim, os muros das vivências ordinárias, para tocar, nem que seja por um momento sequer – minutos relâmpagos a iluminarem o foco da percepção –, a medula dos seres e das coisas, com o sentimento da comunhão e com os predicados do êxtase.
Se nessa contingência, ainda estamos no território da poesia – digamos, da poesia pura, natural, cósmica e humana, a transcender os limites da visão e das sensações –, é, precisamente, no poema que toda esta alquimia existencial tende a se materializar no corpo móvel das palavras. O poema, na sua operação transfigurativa, incorpora à qualidade física dos vocábulos, sobretudo dos arranjos expressivos que se cristalizam em imagens, o sabor inapreensível daquela “metafísica instantânea”. A concreção do poema tem, portanto, um compromisso inadiável com a manifestação da beleza e seus intrínsecos requisitos. Segundo São Tomás de Aquino, a proporção, a simetria e a claridade.
Partindo das fontes telúricas, rurais, míticas, bíblicas e populares, José Inácio Vieira de Melo, com Pedra Só (Escrituras, 2012), intenta esse percurso do físico ao metafísico, da memória à imaginação e da imaginação à memória, assim como da terra (que dura para sempre!) ao abrigo simbólico da arquitetura verbal. Quer na primeira parte que dá título ao livro, autêntico macrotexto, em suas partes autônomas e interdependentes, quer em “Aboio livre”, “Toada do tempo”, “Partituras” e “Parábolas”, os procedimentos expressionais não se modificam, na medida em que as raízes metafóricas e sinestésicas copulam permanentemente, no plano corpóreo das experiências memoráveis, para, daí, darem o salto simbólico e culminarem, esteticamente, na plasticidade e na melodia das imagens.

Galopes e paisagens da Pedra Só

A infância, os bichos, a paisagem, os tipos humanos, enfim, toda uma mitografia singular, marcada pela empatia lírica, como que cria um universo poético próprio, emoldurado sob a ótica do sentimento do mundo e da identidade cultural que particularizam e universalizam os reinos reais, mágicos e imaginários que estratificam dentro e em derredor dessa Pedra Só. Pois, como assinala o eu lírico no poema “Parábolas” (p. 97): “É da natureza do poeta / sonhar a essência do vento / e soprar na harpa os outros nomes / da pedra e da água”.
Que função não teria a linguagem poética senão “soprar na harpa os outros nomes da pedra e da água”, como diz o poeta. Enfim, conjugar um outro verbo para sinalizar a viabilidade de novas veredas, outros aceiros, surpreendentes atalhos, rastros e caminhos que beiram o impossível. A esta lógica, que prefiro nomear de translógica, como atributo característico da dicção lírica, o poeta alagoano, radicado na Bahia, parece seguir sempre no travejamento de seus versos.
À página 15, enuncia: “(...) um boi de campina anda comigo (...) Suas manchas, ruminadas na paciência, / reúnem a terra”. Na página 21, destaco este terceto, simples e celebratório: “Santa, santa, santa. / Santas, as algarobeiras, / poleiro das galinhas e das estrelas”. Mais adiante, na página 27, o registro das raízes da criação e o viés metalinguístico, que brota daqui e dali, estrumado, não obstante, nas entranhas da terra: “Na Pedra Só, a fonte deste poema / e as delícias do pirão de farinha”. Ainda, no mesmo poema, versos deste naipe, à página 29: “A arte da pedra é ser o silêncio que cresce. (...) Tantas vezes minha mão certeira / arremessou pedras na verônica do açude / só para assanhar o sonho das estrelas”. E, na página 38, um recorte imagético que os surrealistas assinariam: “E mais uma vez a noite, / com seus cachos de musa bêbada (...) Minhas sandálias são feitas de aurora (...) Minha Íliada é uma Odisseia”.

José Inácio nos varedos da Pedra Só

Poeta moderno, José Inácio Vieira de Melo, não escapa ao imperativo da metalinguagem nem muito menos aos desafios ontológicos da camada intertextual, uma vez que tais estratégias técnicas e temáticas integram o acervo flexível da dicção poética. No entanto, a elas não se submete, esvaziando a semântica do poema ou transmutando o circuito das palavras na redundância do jogo de armar, nas armadilhas grotescas de um quebra-cabeça tão somente lúdico e narcísico.
Investindo no verso, mesmo que às vezes tangenciando o discursivo, o excessivo e o alongado das medidas sintáticas, o autor evita os exibicionismos tipográficos, as pontuações arrevesadas e os factoides literários, procurando comunicar uma experiência sensível, transformada, por sua vez, em emoção estética, isto é, convocar o leitor para compartilhar, através do corpo do poema, dos insólitos sortilégios da poesia. A propósito, no poema “Caligrafias”, último da obra, o eu lírico sugere exatamente isto, em seus dois dísticos finais: “Temos apenas a ilusão das coisas / e o caminho é irreversível. // Retornar – apenas para o Nome, / para o ser que não tem nome”.
O ser que não tem nome carece de ser nomeado. A linguagem poética é a morada do ser, assegura Heidegger interpretando Holderlin. José Inácio Vieira de Melo tem consciência disso e procura fazer, a partir do chamado telúrico da poesia, do conúbio entre imaginação e memória, o poema que seja nomeação, nomeação carregada de sentidos e novidade que permaneça sempre novidade, no dizer de Ezra Pound.

Hildeberto Barbosa Filho é poeta, crítico e professor de literatura (João Pessoa, PB).

Fotografias de Ricardo Prado.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

POETA ALAGOANO LANÇA VERSOS AUTOBIOGRÁFICOS

Por Antonio Nahud Júnior

 Foto: Ricardo Prado
JIVM: "Não faço poesia quando quero, a Poesia é que determina o momento da sua gênese. Sou um servo da Poesia".

"O delírio sou eu que sinto"
Poeta alagoano lança versos autobiográficos

A Escrituras Editora, de São Paulo, publicou, recentemente, Pedra Só, o novo livro do poeta alagoano da Bahia José Inácio Vieira de Melo, que foi lançado em 1º de julho em Natal, capital potiguar, em noite concorrida na Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL), junto ao Livro das Revelações – Matizes do Afeto – O Pensamento Vivo de Escritores, trabalho coordenado pelo escritor Diogenes da Cunha Lima.
Sexto livro do poeta, o seu trabalho mais autobiográfico, tem um primoroso projeto gráfico e conta com imagens do fotógrafo mineiro Ricardo Prado e texto das orelhas do poeta Vitor Nascimento Sá, no qual alerta o leitor: “A poesia de José Inácio Vieira de Melo não se estabelece no convencimento racional nem nas prerrogativas de cunho moral, mas na percepção do maravilhoso que é produzido como êxtase e fulguração, descoberta e alumbramento”.
Confira  a entrevista!

ANTONIO NAHUD JUNIOR – Quanto de sua poética se baseia na sua experiência pessoal?

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO – Toda a minha poética se baseia na minha experiência pessoal. O delírio sou eu que sinto. Passar cinco anos contemplando uma xilogravura de Abraão Batista para fazer um poema, fez daquele quadro, em que figuravam dois galos de briga, um labirinto onde todas as batalhas inimagináveis foram travadas – e ainda assim eles teceram muitas das minhas manhãs.

ANJ – Como começou a escrever?

JIVM – Escrevi meus primeiros versos aos 12 anos. Muito inspirado nos poemas de Castro Alves, nos folhetos de cordel e nas músicas dos compositores nordestinos que surgiram na década de 1970, como o Zé Ramalho, o Alceu Valença e o Raimundo Fagner.

ANJ – Os poetas de hoje parecem preferir o verso livre. Acha que isso é sinal de aversão à disciplina?

JIVM – Há um descaso enorme por parte dos poetas mais jovens em relação ao conhecimento da poesia e das técnicas da arte poética. Muitos dos versejadores que aí estão não leem poesia e não estão interessados nem um pouco em ter uma base para construir uma obra. Escrevem linhas irregulares e acreditam que estão praticando o verso livre... Mera ilusão! O verso livre é o que requer mais apuração na sua tessitura para conseguir manter o ritmo – o traço espontâneo expressando imagens e sentidos dentro de uma tensão que pode se desdobrar em outros andamentos ou que pode estabelecer uma constância sonora ou ainda um pulsar de ondas.

ANJ – Poderia falar um pouco sobre a gênese de um poema? O que vem primeiro?

JIVM – O poema não escolhe hora nem um jeito certo para nascer. Quando menos se espera, vem aquela ideia borbulhando no pensamento, aquela imagem formigando na alma, e aí é pegar ou largar! A poesia é exigente. Não faço poesia quando quero, a Poesia é que determina o momento da sua gênese. Sou um servo da Poesia.

ANJ – Começa seus poemas pelo começo?

JIVM – Nem sempre.

 Foto: Ricardo Prado
JIVM: "É fundamental conhecer a técnica ao ponto de usá-la sem nem perceber que o está fazendo, da mesma maneira como usamos as letras para escrever as palavras sem pensarmos em letras formando palavras".

ANJ – O que é mais importante para um poeta: a experiência, a observação, a imaginação ou a inspiração, caso acredite nela?

JIVM – Tudo é importante para um poeta. Principalmente as coisas sem importância, como diria o poeta Manoel de Barros. E eu acredito na inspiração da mesma maneira que acredito na lapidação e na depilação.

ANJ – Muitos poetas costumam trabalhar de madrugada, têm manias e são indisciplinados. É o seu caso?

JIVM – Sim, é o meu caso. A madrugada, senhora do silêncio, é o meu templo e o meu laboratório. Sinto-me indisciplinado porque faço muitas coisas ao mesmo tempo. Por conta disso, há momentos em que tudo vira uma enorme bagunça. Como já disse, o poema aparece quando bem quer. Então, já tive que gravar versos enquanto dirigia, já perdi conta de gado, quando estava em mais de 350 reses, porque um deus desocupado soprou um verso em meu ouvido, ao meio dia em ponto, com o sol a pino, dentro de um curral da Pedra Só. Apesar da imprevisibilidade da Poesia, tenho a mania de escrever meus poemas em agendas, com caneta de tinta preta, deitado numa rede. Mas só consigo ter uma primeira impressão do poema como um todo, depois que o passo para o computador e imprimo uma cópia. O que não quer dizer que esteja realizado. Há poemas que levam meses e/ou até mesmo anos para ficarem prontos.

ANJ – A técnica é fundamental? Que técnica utiliza para alcançar seu padrão poético?

JIVM – É fundamental conhecer a técnica ao ponto de usá-la sem nem perceber que o está fazendo, da mesma maneira como usamos as letras para escrever as palavras sem pensarmos em letras formando palavras. Quando faço meus poemas não me preocupo com técnicas, embora estude muito e ainda continue buscando conhecer, cada vez mais, o aparato teórico da arte poética.

ANJ – Existe algum poeta que tenha lido e nele reconheceu um parentesco de espírito?

JIVM – São vários. De imediato, vem-me ao sentindo Jorge de Lima, Gerardo Mello Mourão, Cecília Meireles, Francisco Carvalho, João Cabral de Melo Neto, Lêdo Ivo, João Guimarães Rosa. Sinto que sou da mesma família poética desses mestres encantados.

ANJ – Tem em mente algum público em especial quando escreve certos poemas?

JIVM – Não. Faço meus poemas por pura necessidade. É algo imperativo.

ANJ – Qual dos seus livros tem mais orgulho?

JIVM – Não diria orgulho, mas o livro que sempre desperta um xodó maior é o mais recente, o que foi publicado por último. Neste momento é o Pedra Só.

ANJ – Existem diferenças essenciais entre a poesia escrita por nordestinos e aquela escrita pelos poetas de outras regiões do Brasil?

JIVM – Gosto bem mais da poesia feita no Nordeste. A diferença essencial é a qualidade.

ANJ – A poesia contém música?

JIVM – A poesia é a música das palavras.

ANJ – Poderia fazer algum comentário sobre o futuro da poesia?

JIVM – Enquanto houver sentimento haverá Poesia.

Foto: Ricardo Prado

ANJ – Quais foram as origens de Pedra Só?

JIVM – Poemas esparsos guardados em um arquivo. Até aparecer o poema “Pedra Só” e definir o rumo do livro, tornando-se seu núcleo.

ANJ – Que emoção este seu mais recente livro desperta em você?

JIVM – A emoção que um pai tem ao olhar para seu filho amado.

ANJ – As duas palavras relacionadas no título foram reunidas com algum propósito simbólico? Seria um tipo de contraponto estético, ou é mero acaso?

JIVM – “Pedra Só” é o nome da minha roça – uma fazenda que fica no sudoeste da Bahia, no fim da caatinga e no início da Chapada Diamantina. Um lugar árido que representa todos os sertões por onde vivi e que é, ao mesmo tempo, um entrelugar que inventei, para onde posso ir e me visitar, no tempo e pelos tempos.

ANJ – Há quanto vive na Bahia e o que ela representa para a sua literatura?

JIVM – Moro na Bahia há 25 anos. “A Bahia já me deu régua e compasso”.

ANJ – Que tipo de trabalho faz para ganhar “algum dinheiro”?

JIVM – Sou pastor de nuvens e de vacas. Trocando em miúdos: sou promotor cultural (coordeno eventos literários, faço oficinas, palestras e performances) e crio gado.

ANJ – Você lê os seus contemporâneos? Quais deles recomendaria?

JIVM – Poesia contemporânea é o que mais leio. Roberval Pereyr, Mariana Ianelli, Salgado Maranhão, Sidney Wanderley e Iacyr Anderson Freitas são alguns dos poetas que recomendo. Na prosa, vai a indicação do Ronaldo Correia de Brito, Carlos Herculano Lopes, Tércia Montenegro, Lima Trindade e Dênisson Padilha Filho.

ANJ – A atual deterioração da língua, essa imprecisão de pensamento e assim por diante, o assusta – ou apenas vivemos uma fase de decadência?

JIVM – Tudo me assusta muito. E ainda mais esse Nada em que estamos a nos afogar. Desejo mesmo que seja apenas uma fase, mas paira uma sensação de que as coisas só vão piorar: o instinto cada vez mais prevalece sobre o pensamento.


ANJ – Se importaria em comentar algo sobre O Livro das Revelações?

JIVM – Além de agradecer pelo convite para fazer parte deste relevante trabalho do escritor Diogenes da Cunha Lima, quero dizer que estou com muita vontade de ler o livro e conhecer as peculiaridades de cada um dos artistas da palavra que integram O Livro das Revelações.

ANJ – Será sua primeira visita ao Rio Grande do Norte. Tem alguma expectativa? Conhece algum poeta dessas bandas?

JIVM – Na verdade, é segunda vez que irei a Natal. Estive, em 2005, a convite de Carlos Newton Júnior, numa passagem bem rápida. Não gosto de criar expectativas, mas sinto que vivenciarei bons momentos e que conhecerei pessoas valorosas, como a minha amiga virtual Angela Felipe, talentosa artista plástica potiguar. Sim, conheço bons poetas da cidade de Natal: Marize Castro, Carlos Gurgel, Iracema Macedo e Antonio Nahud Júnior, baiano do Rio Grande do Norte.

Antonio Nahud Júnior é escritor e jornalista, autor de ArtePalavra – Conversas  no velho mundo (entrevistas, 2002), Se um viajante na Espanha de Lorca (crônicas, 2005), Livro de imagens (poesias, 2008), Pequenas Histórias do delírio peculiar humano (contos, 2012), entre outros.

Entrevista publicada no Jornal de Hoje, en Natal-RN, em 2 de julho de 2013, e no blog Cinzas e Diamantes (http://cinzasdiamantes.blogspot.com.br/)