terça-feira, 5 de junho de 2018

O CINEMA QUE O SOL NÃO APAGA, NOVO DISCO DE THIAGO AMUD

Por José Inácio Vieira de Melo




"O cinema que o sol não apaga", novo álbum do cantor e compositor Thiago Amud é uma das mais belas páginas da música contemporânea. "A impotência de quem sonha é terrível", frase do sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, é a epígrafe do disco, mas foi de um sonho inquietante que Amud chegou à sua epopéia sonora, cosmo estético que transborda erudição, sendo, ao mesmo tempo, tão simples e corriqueiro como a flor que desabrocha, agora, em algum lugar do Sertão. Amud, quando pega o violão e se encaminha para a composição, pode ter certeza que algo no mundo vai mudar. O canto deste "Abaporu cobaio" é tão "thiagonizante" que consegue mudar o jeito de seus ouvintes sentir a música, porque, apesar da estranheza, sua expressão é tão de todos. Começo a achar que a missão de Thiago Amud é revelar a nossa face brasílica, planetária, cósmica. O que, certamente, nos faz querer mergulhar, cada vez mais, no céu de sons de Amud, é que o voo que ele nos propõe não é órfão. É certo que seguimos sozinhos, e os caminhos são inóspitos, mas há um lugar onde os nossos mistérios encontram guarida, encontram aconchego. O canto de Thiago Amud é mãe e manhã, é "Nascença". O que não posso deixar de dizer, de reafirmar, de corroborar, é que, além de compositor estupendo, Amud é um belo poeta. Quem entra no seu 'cinema' descobre o sol, descobre-se astro de um filme estranhamente novo. E sonha, e sai por aí, 'assum livre', espalhando luz. O Brasil tem jeito, nós temos jeito, sim! A prova disso é a música de Thiago Amud.