segunda-feira, 29 de agosto de 2011

LANÇAMENTO DA ANTOLOGIA 50 POEMAS ESCOLHIDOS PELO AUTOR - JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO




José Inácio Vieira de Melo é convidado
a escolher os seus 50 melhores poemas

A Edições Galo Branco lança, na próxima quinta-feira, 1º de setembro, a antologia 50 poemas escolhidos pelo autor, de José Inácio Vieira de Melo. O evento acontecerá no Restaurante Grande Sertão, na Rua Adelaide Fernandes, 122, em frente ao Parque Costa Azul, das 19h30 às 22 horas.
O livro é uma seleção dos mais representativos poemas deste poeta que, com cinco livros publicados, tem merecido a atenção dos grandes nomes da crítica, e já alcançou considerável reconhecimento de público.
A antologia faz parte da coleção homônima 50 poemas escolhidos pelo autor, organizada pelo editor e escritor carioca Waldir Ribeiro do Val. Na coleção, já foram publicados poetas como Lêdo Ivo, Astrid Cabral, Antonio Carlos Secchin, Gilberto Mendonça Teles e o baiano Ildásio Tavares. O poeta alagoano da Bahia, como é conhecido José Inácio, é um dos mais jovens a constar na coleção, que chega agora ao 62º volume.
O evento contará com a presença de Igor Fagundes, poeta e crítico literário carioca, estudioso da obra de José Inácio. No lançamento, Igor fará uma breve apresentação do livro com o tema A imensidão imediata: JIVM e a poesia no céu da raiz.
A antologia de José Inácio conta com prefácio do escritor Affonso Romano de Sant’Anna, que salienta: “José Inácio não tem medo da emoção, mas controla o discurso. Não está preocupado em ser de hoje, de amanhã ou de ontem. Tem um acordo secreto com o verbo que nele é exigência, urgência. Nele as rosas são como as palavras – “brasas”. E abre-se à memória, contempla o quintal, a casa, as cicatrizes. Tem sua própria mitologia, além daquele furor erótico telúrico com suas éguas e suas amadas escarlates que esplendem no labirinto”.
Na contracapa, estão depoimentos do escritor, ensaísta e tradutor Marco Lucchesi e do crítico literário André Seffrin. Para Lucchesi “José Inácio Vieira de Melo é um poeta que emociona. Ele vai ao cerne das coisas. Com uma leveza na pronúncia, com uma forma delicada nos versos e com uma brisa fresca que atravessa o sertão das palavras”. Já para Seffrin, é “Surpreendente a mobilidade desta poesia, acelerada e cantante como água de rio montanhoso. Evidente sua força telúrica, de observação e conversão da paisagem humana em lirismo amoroso ou erótico e por vezes em quadros rurais de calendário imemorial”.
José Inácio Vieira de Melo é poeta, jornalista e produtor cultural. Tem cinco livros de poemas publicados: Códigos do silêncio (2000), Decifração de abismos (2002), A terceira romaria (2005), A infância do Centauro (2007) e Roseiral (2010). Publicou também o livrete Luzeiro (2003) e o CD de poemas A casa dos meus quarenta anos (2008).
Organizou Concerto lírico a quinze vozes – Uma coletânea de novos poetas da Bahia (2004), a agenda Retratos Poéticos do Brasil 2010 (2009) e a coletânea Sangue Novo – 21 poetas baianos do século XXI (2011). Participa das antologias Pórtico Antologia Poética I (2003), Sete Cantares de Amigos (2003), Voix croisées: Brésil-France (2006), Roteiro da poesia brasileira – Anos 2000 (2009) e Poesia Brasileira em Paris (2011).
Coordenador e curador de vários eventos literários, como o Porto da Poesia, na VII Bienal do Livro da Bahia (2005) e a Praça de Cordel e Poesia, na 9ª Bienal do Livro da Bahia (2009), assim como dos projetos A Voz do Poeta (2001) e Poesia na Boca da Noite (2004 a 2007), ambos em Salvador. Foi co-editor da revista de arte, crítica e literatura Iararana, de 2004 a 2008. Sua poesia tem sido publicada em vários jornais, revistas, sites e blogs do Brasil e do exterior. Tem poemas traduzidos para os seguintes idiomas: espanhol, francês, inglês e finlandês.

Livro: 50 poemas escolhidos pelo autor
Autor: José Inácio Vieira de Melo
Editora: Edições Galo Branco
Páginas: 100
Preço: 
R$ 25,00

Contatos:
José Inácio Vieira de Melo
(73) 8845 5399 / (73) 3526 1936

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

VERÔNICA DE VATE - IGOR FAGUNDES



IGOR FAGUNDES nasceu no Rio de Janeiro no dia 5 de dezembro de 1981. Poeta, jornalista, ator, ensaísta, crítico literário, professor universitário, doutorando e mestre em Poética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde lecionou Teoria Literária e Fundamentos da Cultura Literária Brasileira. Realiza interdisciplinar de poesia, arte, mito, religião e filosofia. Autor de outros cinco livros (quatro de poesia e um de ensaio): Transversais (2000), Sete mil tijolos e uma parede inacabada (2004), por uma gênese do horizonte (2006), Os poetas estão vivos – pensamento poético e poesia brasileira no século XXI (2008) e zero ponto zero (2010). Organizador e co-autor do livro de ensaios VIDA: a vocação da arte e o silêncio do pensador (2011). Participa também diversas antologias poéticas, entre elas Roteiro da poesia brasileira – Anos 2000 (2009) e de outras obras ensaísticas, como Quem conta um conto – estudos sobre contistas femininas estreantes nas décadas de 90 e 2000 (2008); Um olhar para os detalhes – Ensaio fotográfico poético sobre as formas (2010); Violência simbólica nas assimetrias de gênero. Modalidades de coação em produções literárias femininas em dois tempos (2011); e Antonio Carlos Secchin: escritos e escutas (2011). Publica com frequência em diversos periódicos de literatura. Colaborador da Academia Brasileira de Letras e Jornal Literário Rascunho. É um dos fundadores da Feira Poética da Escola de Dança da UFRJ, sob coordenação da Profa. Maria Ignez Calfa e realizado pelo Laboratório de Arte e Educação. Membro do Núcleo Interdisciplinar dos Estudos de Poética (NIEP) da UFRJ. Detentor de cerca de 60 prêmios em concursos de literatura. Seu livro por uma gênese do horizonte foi o vencedor IV Prêmio Literário Livraria Asabeça. Os poetas estão vivos – pensamento poético e poesia brasileira no século XXI recebeu o Prêmio Manuais de Literatura na categoria Ensaio de Letras. Em 2010, zero ponto zero esteve entre os livros selecionados para o Programa Mais Cultura da Biblioteca Nacional.


vidência


pelo oráculo dos búzios
iemanjá me sopra um verso
de água salgada

ainda úmida
a folha se dobra
torna-se um barco
nele embarcam
a mãe oxum das águas doces
o pai ogum de cada luta
rumo a cascatas
rios que correm
além do horizonte
a litorais
onde alguém a cavalo
há de enfrentar
novos dragões

com o atabaque
da palavra
celebro os dias
nas giras
de um mundo em metáfora



o fim da palavra


o infinito começa onde termina
a palavra, onde escapa algum sentido
que, à distância, não deixa de ser íntimo
jamais além dos corpos, estes cosmos
cujo caos em tensão lhes dá o princípio

o infinito não sabe o longe e o perto
os contém e até nós, os contornados
extraviamos a pele e nele imersos
nos perdemos em mar sem tempo e espaço
como aquele onde singra todo afeto

o infinito alcançamos pelo abraço
e por ele se encorpa em nós um gesto
e mais outro, e mais tantos, feito as águas
que do atlântico tangem cada estômago
de fluido ácido e agora em sal completo

o infinito precede a linha reta
nela inscrito, surpreende o sucessivo
– vige no antes e no entre dois pontilhos:
simultâneo ao caminho, nunca a meta
 se ele mora aqui mesmo, no interstício

o infinito termina onde começa
a palavra, e mais esta que lhe oferta
o batismo: a palavra que o limita
com seu som e sentido – o de infinito – 
apesar de infinitas todas elas

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

JIVM - GÊNESE

Ilustração: Juraci Dórea


GÊNESE


Sabe, moça da encruzilhada,
quando te encontrei foi um assombro.
Tu trazias estampada no semblante
a indagação que me acompanha.
O mais espantoso é que também
eras a resposta que sempre busquei.

Não aquela resposta exata, matemática.
A verdade que tua chegada me trouxe
foi a das abelhas zunindo no romper da aurora
em busca do mel das flores das algarobeiras,
foi a dos cavalos galopando na boca da noite
sonhando com touceiras de capim e éguas luzidias.

Ah, moça, tu estás no centro da Rosa dos Ventos,
pra onde deres o passo é caminho o que há.
A gente olha pra cima e não vê limite:
é tudo um azulão que não acaba mais.
Mas basta dar meio-dia, o limite aparece,
e não é longe não: bem na boca do estômago.

Sabe, vou te dar um chapéu do tamanho do céu,
que é pra te proteger dos devaneios solares
e pra que todos te percebam e apontem para ti:
“olha lá a moça que sombreia o mundo”.
E todos vão te olhar e todos vão te aplaudir
e o arco-íris vai ficar preto-e-branco de inveja.

Aí, um passarinho, desses bem miudinhos
que trazem uma sanfona de cento e vinte no peito,
vai aparecer e assobiar uma cantiga doce:
e a gente, espiando bem dentro dos olhos,
começa a sentir um monte de estrelas pipocar.
É isso, quando te encontrei, nasci.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO



GÉNESIS


Sabes, muchacha de la encrucijada,
cuando te encontré fue un asombro.
Tu traías estampada en el semblante
la indagación que me acompaña.
Lo más espantoso es que tambien
eras la respuesta que siempre busqué.

No aquella respuesta exata, matemática.
La verdad que tu llegada me trajo
fue la de las abejas zumbando alromper de la aurora
en busca de la miel de las flores del algarrobo,
fue la de los caballos galopando en boca de la noche
soñando com matas de hierba y yeguas resplandecientes.

Ah, muchacha, tu estás en el centro de la Rosa de los Vientos,
hacia donde dieres el paso es camino lo que hay.
Miramos hacia arriba y no vemos limite:
es todo un azular que no acaba nunca.
Mas basta que llegue el medio día, el límite aparece,
y no es lejos, no: bien en la boca del estómago.

Sabes, te voy a dar un sombrero del tamaño del cielo,
que es para protegerte de los devaneos solares
y para que todos te perciban y apunten hacia ti:
“miren allá la muchacha que sombrea el mundo”.
Y todos te van a mirar y todos te van a aplaudir
y el arcoíris va a quedar en blanco y negro de envidia.

Entonces un pajarito, de esos bien menuditos
que traen un acordeón de ciento veinte en el pecho,
aparecerá silbando una dulce canción:
y espiando bien adentro de los ojos,
comenzaremos a sentir una explosión de estrellas.
Eso es, cuando te encontré, nací.


TRADUÇÃO PARA O ESPANHOL: VERÓNICA NIETO


O poema “Gênese”, da antologia 50 poemas escolhidos pelo autor, foi publicado na revista literária argentina Magda, em agosto de 2011. A tradução é da escritora Verónica Nieto. A editora da revista é Adriana Ruiz.

domingo, 7 de agosto de 2011

JIVM - AURORA

Foto: Ricardo Prado


AURORA


A liberdade do crepúsculo tremula.
Escuto o alarido dos pássaros do Sertão.

Debruço-me no ninho do Cosmo.
Minhas mãos trabalham no vazio.

Minhas mãos trabalham na imensidão.
Longa batalha em busca da beleza.

Da boca dos pássaros, os violões do Sol.
Rezo benditos e grito os nomes da Terra.

Contemplo a mansidão do silêncio que voa.
As minhas sandálias são feitas de aurora.

De meus dedos esplendem labirintos.
Meu caminho é o strip-tease da solidão.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO


Aurora é um dos três poemas inéditos que fazem parte da antologia 50 poemas escolhidos pelo autor, de José Inácio Vieira de Melo, a ser publicada pela Edições Galo Branco, com lançamento marcado para o dia 1 de setembro de 2011 (quinta-feira), no Restaurante Grande Sertão (em frente ao Parque Costa Azul), na cidade de Salvador, das 19:30 às 22 horas. Todos estão convidados!