IGOR FAGUNDES nasceu no Rio de Janeiro no dia 5 de dezembro de 1981. Poeta, jornalista, ator, ensaísta, crítico literário, professor universitário, doutorando e mestre em Poética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde lecionou Teoria Literária e Fundamentos da Cultura Literária Brasileira. Realiza interdisciplinar de poesia, arte, mito, religião e filosofia. Autor de outros cinco livros (quatro de poesia e um de ensaio): Transversais (2000), Sete mil tijolos e uma parede inacabada (2004), por uma gênese do horizonte (2006), Os poetas estão vivos – pensamento poético e poesia brasileira no século XXI (2008) e zero ponto zero (2010). Organizador e co-autor do livro de ensaios VIDA: a vocação da arte e o silêncio do pensador (2011). Participa também diversas antologias poéticas, entre elas Roteiro da poesia brasileira – Anos 2000 (2009) e de outras obras ensaísticas, como Quem conta um conto – estudos sobre contistas femininas estreantes nas décadas de 90 e 2000 (2008); Um olhar para os detalhes – Ensaio fotográfico poético sobre as formas (2010); Violência simbólica nas assimetrias de gênero. Modalidades de coação em produções literárias femininas em dois tempos (2011); e Antonio Carlos Secchin: escritos e escutas (2011). Publica com frequência em diversos periódicos de literatura. Colaborador da Academia Brasileira de Letras e Jornal Literário Rascunho. É um dos fundadores da Feira Poética da Escola de Dança da UFRJ, sob coordenação da Profa. Maria Ignez Calfa e realizado pelo Laboratório de Arte e Educação. Membro do Núcleo Interdisciplinar dos Estudos de Poética (NIEP) da UFRJ. Detentor de cerca de 60 prêmios em concursos de literatura. Seu livro por uma gênese do horizonte foi o vencedor IV Prêmio Literário Livraria Asabeça. Os poetas estão vivos – pensamento poético e poesia brasileira no século XXI recebeu o Prêmio Manuais de Literatura na categoria Ensaio de Letras. Em 2010, zero ponto zero esteve entre os livros selecionados para o Programa Mais Cultura da Biblioteca Nacional.
vidência
pelo oráculo dos búzios
iemanjá me sopra um verso
de água salgada
ainda úmida
a folha se dobra
torna-se um barco
nele embarcam
a mãe oxum das águas doces
o pai ogum de cada luta
rumo a cascatas
rios que correm
além do horizonte
a litorais
onde alguém a cavalo
há de enfrentar
novos dragões
com o atabaque
da palavra
celebro os dias
nas giras
de um mundo em metáfora
o fim da palavra
o infinito começa onde termina
a palavra, onde escapa algum sentido
que, à distância, não deixa de ser íntimo
jamais além dos corpos, estes cosmos
cujo caos em tensão lhes dá o princípio
o infinito não sabe o longe e o perto
os contém e até nós, os contornados
extraviamos a pele e nele imersos
nos perdemos em mar sem tempo e espaço
como aquele onde singra todo afeto
o infinito alcançamos pelo abraço
e por ele se encorpa em nós um gesto
e mais outro, e mais tantos, feito as águas
que do atlântico tangem cada estômago
de fluido ácido e agora em sal completo
o infinito precede a linha reta
nela inscrito, surpreende o sucessivo
– vige no antes e no entre dois pontilhos:
simultâneo ao caminho, nunca a meta
se ele mora aqui mesmo, no interstício
o infinito termina onde começa
a palavra, e mais esta que lhe oferta
o batismo: a palavra que o limita
com seu som e sentido – o de infinito –
apesar de infinitas todas elas
apesar de infinitas todas elas
Um comentário:
Lindo, contundente, refiz o instante e salpiquei infinito na minha manhã...ah esses poetas...
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