segunda-feira, 13 de agosto de 2012

JIVM - PEDRA SÓ - XXV


Fotógrafa: Maureen Bisilliat


PEDRA SÓ - XXV


O sapateiro celeste costura
um labirinto no couro do touro,
onde se misturam e se perdem
      e se encontram
Damião Alagoano e Pedro Vaqueiro,
Sérvulo Duarte e Linduarte,
Vavá Machado e Marcolino,
e Moisés, o meu avô.

A legião de vaqueiros
que me acompanha e me protege
com as sete peles do gibão de couro.

A legião de argonautas
que me acompanha
em busca do velo de ouro.

A legião de vaqueiros
que me acompanha e que entoa,
na origem do sentimento,
o que a palavra não diz
mas a voz aboia.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

12 comentários:

Neide Montenegro disse...

Minha raiz, meu tudo!!! Lendo e fitando a imagem, sinto o cheiro do gibão suado, da labuta no meio do sertão...

Malcy Negreiros disse...

Sou um fervoroso amante de nossas tradições e raizes...você José Inácio Vieira De Melo conseguiu neste poema mais uma vez trazer nossa cultura a tona...casando bem o poema à imagem...dando força e levesa aos "brutos" sertanejos herois de nossa cultura...somos filhos, somos cavalheiros,somos a continuação, a extensão dessas vidas...somos nordestinos.

Danuza Lima disse...

A raiz e a força que nunca seca sempre presentes de forma impactante em teus versos... Belo

Francis Evans disse...

Sãoduas figuras emblemáticas, simbólicas que representam bem a força e a coragem dos nordestinos; no sertão, o vaqueiro com o seu cavalo, no emaranhado da caatinga e, no litoral, o pescador e sua frágil jangada balouçando sobre as ondas encrespadas.

Zen Morbeck disse...

"A legião de vaqueiros que me acompanha e que entoa, na origem do sentimento, o que a palavra não diz mas a voz abóia". José Inácio Vieira de Melo você conseguiu com muita legitimidade expressar a minha essência vaqueira... que saudade da vida de gado... que falta que a caatinga de Maracás me faz; chega a ser sufocante a lembrança do chocalho que toca no entardecer anunciando a volta do gado para o curral!!! Amigo, DEUS te conserve... você não tem ideia do quanto a sua poesia me faz bem. AMO VOCÊ, AMIGO...

Jonara Medeiros disse...

na origem do sentimento, poeta!

Luis Serguilhs Serguilha disse...

MUITO FORTEEEEEEEEEEEEEEEEEE

André Alves disse...

Percebo um poema muito estudado, cheio se suor, e não somente tecido pela inspiração. Existem paradas obrigatórias onde pensamos, avaliamos e continuamos com uma gana de apropriarmos das linhas seguintes, que por sinal só envaidece a agulha forte que penetra no couro. Parabéns. Muito belo.

Léa Lima disse...

Lindo, lindo, José Inácio !

Que beleza evocar a memória,
aboiando e seguindo viagem ! ! !

Parabéns !

Léa Lima

Isabel Valentino disse...

Não tenho palavras! Estamos perante um escritor que escreve para dizer qualquer coisa e todas as coisas. Extraordinário poema! Bjs

Humberto Sampaio disse...

Valei-me minha Nossa Senhora da Guia.
Ler isso arrepiou-me a espinhela. Lembrei da minha infância, do curral, da caatinga, dos espinhos da macambira, do cheiro do suor do cavalo, do orvalho da manhã borrifando um perfume de mato e barro.
Lembrei de tantas coisas em apenas quatro estrofes e em menos de 20 versos, imagine quantas lembranças me trariam, quantos sentimentos aflorariam, se eu lê-se um livro inteiro.
Ganhaste um fã, Sêu Zé Inácio.

Georgio Rios disse...

Que os varedos se abram para este novo canto, eco de aboios e de metáforas, elementos que rasgam a caatinga e a vida, em busca de peitos que possam inflar com a poesia. Que venha Pedra Só, que o rebanho poético possa pastar em nossas cabeças e ecoar sem fim.