domingo, 1 de junho de 2008

JIVM - REGISTRO DA FALA DO SILÊNCIO



REGISTRO DA FALA DO SILÊNCIO



O que mais tem falado em mim é o silêncio,
mas um silêncio plural – de fogo –
que com sua língua escarlate abrasa as palavras
e as queima antes de serem.

Um silêncio de lá, de longe – das plagas interiores –
que fala o tempo todo sem dar nome ao dito.

Em sonho é imagem: e vejo, inebriado,
a sua cara – semblante formidável:
tão formoso quanto pode ser um deus.

O silêncio, este que fala e de que tanto falo,
é um hieroglífico poema,
e estes versos: tradução e codificação.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

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