sábado, 21 de agosto de 2010

TRÊS POEMAS DE CLARISSA MACEDO




















CRISÓLITO


Era um homem nu.
Arrotado pelas têmporas do tempo
No acalento
Desdenhava de si, do outro
E do outro,
Aqueles lobos emoldurados
Em seus quintais.
Desenhando um traço,
Fino trato da rima perdida.
Caçando cachos de seu destempero
Em face do advento seu,
Nas pútridas petrolíferas,
Limpando as passadas,
Erguia seu tom negruminoso
E desconcertante,
Sente a pré raiz...
Suas tripas crispadas
De ontem,
Apenas lavadas
Por seu despertar salgado,
Exíguo e nédio,
Distorcem e quedam



LINHITA


Boi homem
Quer aquilo que não pode ter

Num Vesúvio
Mercenários reprimidos a espirrar

Sua chama fria...
Ecos a vaticinar clangores póstumos



VIOLÃO CHORADEIRO


Pousou abelha,
Doce ser de ferrões,
Na capa violeta
Do instrumento de cordas

Cordas de notas
Antigas e solitárias
Belas errantes
Da vida trivial –
A brevidade triste

Voou a abelha
Sem deitar seu instinto
Ouviu a melodia
Do acorde matizero
Anelagem soturna
Sofreguidão bonina

7 comentários:

Gildeone dos Santos Oliveira disse...

Com certeza mais um bom sangue novo a Clarissa. Versos que tocam, prosa que vai ganhando sua forma e outros etc.

Fabrício de Queiroz disse...

Poetisa, como dito, "de ouro". Da cor do seu "Crisólito", um belo poema por sinal.


parabéns aos olhos do JI
e abraços a moça

Georgio Rios disse...

Este espaço tem proporcionado leituras de descobertas, a cada post uma nova supresa.Clarissa.Parabéns, Inácio, avante, muito bom mesmo!

Vânia Melo disse...

Inácio, parabéns pelas descobertas!Clarissa, parabéns pelos belos poemas! Ótimos versos!

Vitor Nascimento Sá disse...

Ela parece toda poesia. Nas respostas, ela já é poeta. Quanta paixão! O poema LINHITA me lembra muito o ritmo de Cleberton Santos, como em Concerto para ninar calangos.

Priscila de Freitas disse...

Palavras de chumbo, imagens fortissimas a Clarissa constroi, parabéns!

alexandre coutinho disse...

Lindo o poema crisólito.
parabéns, clarissa.