quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SANGUE NOVO - RICARDO THADEU



SEMEADOR DE PALAVRAS – RICARDO THADEU é um poeta jovem. Bem jovem mesmo. Aos 20 anos publicou seu primeiro livro, D’ANTES. E agora, aos 21, já tem mais dois livros em andamento, o durantes e o Depois. Nasceu em Riachão do Jacuípe (03/06/1989) onde vive até hoje. É estudante de Letras com Língua Espanhola (UEFS), poeta, contista e cordelista. Começou a publicar os primeiros rabiscos no blog 100 Fundamentos (http://www.ricardothadeu.blogspot.com/). Apesar de morar em uma pequena cidade do interior da Bahia, Ricardo está antenado com os acontecimentos do mundo e, sobretudo com os escritores de seu tempo. Para Ricardo Thadeu “A poesia é a forma de expressão na qual encontro maior liberdade”. Vamos, então, conhecer esse poeta cheio de juventude, que vive a semear palavras.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
– Ricardo Thadeu, aos 20 anos vc publicou seu primeiro livro, “D’antes”. Quando se deu seu contato com a poesia? O que representa a poesia na sua vida? E como aconteceu esse livro ainda em idade tenra?

RICARDO THADEU
– Eu tinha contato com a poesia desde criança. Depois que entrei na universidade e conheci alguns poetas como Lupeu Lacerda e Wladimir Cazé, por intermédio do amigo Georgio Rios, esse interesse se intensificou. A poesia é pra mim hoje a forma de expressão na qual encontro maior liberdade. Não vivo sem. A idéia do livro surgiu em 2008. Organizei um material do meu blog (100 Fundamentos) e submeti à revisão do poeta e amigo Roberval Pereyr. Depois, corri atrás da publicação que se concretizou no final de 2009.

JIVM – Como é ser um poeta de 21 anos em uma pequena cidade do interior da Bahia? Que relação as pessoas da sua família e da sua comunidade têm com a sua poesia? O que você pretende com sua poesia? Escreve por que e para que e para quem?

RT – Apesar das barreiras geográficas e de algumas limitações como a ausência de livrarias e de bibliotecas aqui em minha cidade, sigo escrevendo. Tento manter contato, pessoalmente ou pela internet, com conterrâneos meus que escrevem, como Caio Rudá. Minha família e meus amigos colaboram muito, compram os livros, ajudam a divulgar, lêem e me dão sugestões. Aí está o sentido da minha poesia. Semear palavras e, se possível, colher boas leituras. Por isso, escrevo para qualquer um que prepara seu campo para receber a poesia e não tenha medo de ficar com uma pulga atrás da orelha, é claro.

JIVM
– Que análise você faz da poesia contemporânea do Brasil? E da Bahia? Quais os poetas que mais lhe influenciaram? O que anda lendo, atualmente?

RT – Cara, tem muita gente boa por aí. É humanamente impossível acompanhar o mosaico da poesia brasileira contemporânea. Na Bahia, a quantidade poetas de alto nível impressiona. Falar de influência é complicado, mas acho que posso citar com segurança os poetas Drummond, Lupeu Lacerda (Entre o Alho e o Sal), Idmar Boaventura, Leminski, Luís Antonio Cajazeira Ramos, Roberval Pereyr e Bukowski. A influência é uma espécie de perseguição. A personagem de A lua vem da Ásia, de Campos de Carvalho, matou o professor de lógica aos 16 anos. Costumo dizer que tento matar cada poeta que já li até hoje toda vez que concebo um verso. Mas eles (os poetas) permanecem ali, no meu encalço. O último livro de poesias brasileiro que li foi o Debaixo das rodas de um automóvel, de Rogério Skylab. Os melhores dos últimos tempos foram o Roseiral (seu), o Macromundo de Wladimir Cazé e o Depois da Chuva de Georgio Rios.

JIVM – A internet contribui na criação poética e, por extensão, na criação artística, ou apenas serve para informar e divulgar? E os blogs, qual a contribuição que trouxeram para os escritores?

RT – Influencia claro. Os poemas e contos curtos que publico no blog, ou em livro, por exemplo, são, em parte, fruto desta rapidez, desta brevidade exigida no mundo virtual, mas o aspecto da divulgação também é muito importante. A internet possibilita também o contato com vários autores. Foi através dos blogs que conheci Renata Belmonte e Mayrant Gallo e me aproximei de Lupeu Lacerda. A própria revista Entre Aspas (onde conheci muitos escritores e leitores), hoje desativada, funcionava na plataforma de um blog. Visito vários blogs por dia. Leio, comento. Eles substituíram, em parte, os fanzines e deram voz a uma galera que talvez não fosse enxergada.

JIVM – E agora, poeta? O que vem pela frente? Um novo livro a caminho? Árvores plantadas? Filhos a nascer? E a nascente de seus versos, jorrando sempre? E o que mais?

RT – Depois do D’ANTES, percebi o quanto é importante interagir com outras pessoas do meio. Os próximos livros serão o durantes e o Depois. Junto com o D’ANTES, formarão o que eu chamei de A trilogia do tempo. A nascente está jorrando. Estou lapidando meus poemas, escrevendo muito, lendo bastante, conversando com os amigos para colher os frutos desta jornada que é a seara da literatura. Bem, o que vem pela frente é, sem dúvida, o caminho e seus percalços. O importante já foi feito: o primeiro passo. Deixo aqui o agradecimento pela oportunidade que você, Inácio, deu a mim e vem dando a esta moçada boa que está trilhando as sendas da poesia. Aos que lerem estas palavras, meu muito obrigado.

10 comentários:

Georgio Rios disse...

Um poeta que acompanhei nascer , e que é muito amigo. Um irmão mesmo, ele o Caio Rudá, Assim como Paulo e Thiago bons poetas. Acredito na poesia de Ricardo, sei que ele tem muito a dizer. E estamos sempre por aqui, lendo, falando, e escrvendo poesia.Fico Feliz com a oportunidade que ele agora alcança. Parabéns. Inácio, esta tua missão de trazer à luz estas vozes, é maravilhosa.Avante nesta tua seara.

Lidi disse...

Thadeu, meu amigo, ótima entrevista! Parabéns! Admiro você, admiro tua poesia! Um grande abraço.

Ariany Santa Rosa disse...

Ricardo, admiro sua poesia e fico feliz pela oportunidade que você teve de divulgar seu trabalho. Espero que as palavras semeadas por você encontrem mentes férteis para florescerem.
Um abraço!

Pablo Sá disse...

Salve Sangue Novo!
Bela entrevista, perguntas muito bem aplicadas,um grande abraço ao cavaleiro de fogo, e ao Ricardo Thadeu boa sorte nesse novo rumar.

Izabella disse...

Um grande artista, eu diria!

De sua fúria brotam poesias, contos, cordéis, desenhos (das quais faço coleção); também umas músicas estranhas, mas instigantes, que, de alguma maneira, revelam-nos um pouco do seu eu.

Sempre dizendo - muito bem e sem rodeios - o que deseja dizer ou o que simplesmente lhe vem à tona, como num acesso de loucura... Vez por outra assusta, noutras comove ou nos empurra para qualquer lugar que seja...

Grande colega e amigo, desejo muito sucesso! ^^

Luciano Ferreira disse...

Um grande artista que surge. Como colega de universidade, amigo admirador e parceiro em alguns trabalhos, digo que a entrevista dá pista do grande talento deste menino. Thadeu é um artista "polidoro", poeta, contista, desenhista, cordelista, ensaísta e haja ista.Um agricultor das palavras, semeia poesia em tudo que faz. É assim, esse riachão de criatividade...

Dayana disse...

O conheci na gradução a partir de um contato virtual, desde então, iniciou-se as trocas de poemas, e os contatos reais que renderam uma boa amizade.
Te admiro muito pela maturidade poética mesmo tendo pouca idade.
Um abraço e mto sucesso, Thadeu!

Caio Rudá de Oliveira disse...

Grande Thadeu! Um de meus poetas preferidos, companheiro do surreal e por aí vai.

A Trilogia do Tempo é simplesmente de uma criatividade única.

Salve, camarada.

Vitor Nascimento Sá disse...

Ricardo Thadeu é um sujeito corajoso. Acho que, se eu tivesse toda essa paixão, todo esse ímpeto, talvez eu já tivesse publicado alguma coisa. Às vezes, dá raiva ser assim, como eu, acomodado com o ritmo dos acontecimentos.
Parabéns pela entrevista.

ideia não tem a(ss)ento disse...

A convivência com Ricardo me fez perceber que a sua gagueira é o exercício mais perfeito de extensão da sua po-poesia.
Um abraço, meu amigo.