foto Ricardo Prado Edmar Vieira recitando o poema Jardim dos mandacarus
JARDIM DOS MANDACARUS
Em verdade conheço o cheiro de Sol desse lugar,
uma agreste paragem de chão rachado – solo sagrado.
De noite, o vento corre pelo jardim trazendo algum frescor,
somente um olor-semente exala dessa flor,
vida da pouca vida, mas forte mais.
Além da sombra da cumeeira donde estou e sou,
assunto o que sobrou: uma ode à própria vida.
E nos tortos caminhos desse jardim de mandacarus
espicharei os secos sentimentos para apurar as emoções...
Arreneguei a flor e o fruto por aquela calunga faceira
que tirou o assossego do balanço de rede,
que causou esta sede de vários açudes.
Amarga malunga! Arrepare não...
Somos tantos travaliando pelos obeliscos cactáceos;
aproveitei a aragem para dispor a miragem:
– Jardim dos Mandacarus –
aceso facheiro de espinhos, de sentimentos despenados.
E o que mais dizer, o que mais desse árido ser,
dessa fúria inclemente; são tantas vidas secas
e mesmo assim clorofiladas, mesmo assim aladas...
conheço bem esse lugar, esses mandacarus ardentes,
– esses totens do Sertão.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
JARDIM DOS MANDACARUS
Em verdade conheço o cheiro de Sol desse lugar,
uma agreste paragem de chão rachado – solo sagrado.
De noite, o vento corre pelo jardim trazendo algum frescor,
somente um olor-semente exala dessa flor,
vida da pouca vida, mas forte mais.
Além da sombra da cumeeira donde estou e sou,
assunto o que sobrou: uma ode à própria vida.
E nos tortos caminhos desse jardim de mandacarus
espicharei os secos sentimentos para apurar as emoções...
Arreneguei a flor e o fruto por aquela calunga faceira
que tirou o assossego do balanço de rede,
que causou esta sede de vários açudes.
Amarga malunga! Arrepare não...
Somos tantos travaliando pelos obeliscos cactáceos;
aproveitei a aragem para dispor a miragem:
– Jardim dos Mandacarus –
aceso facheiro de espinhos, de sentimentos despenados.
E o que mais dizer, o que mais desse árido ser,
dessa fúria inclemente; são tantas vidas secas
e mesmo assim clorofiladas, mesmo assim aladas...
conheço bem esse lugar, esses mandacarus ardentes,
– esses totens do Sertão.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Um comentário:
grande Inácio, num caminho onde alguns não são realmente grandes, vale em cada verso a sua estética. Um poema árido, mas embebido de sensualidade. Salve Zé!
Postar um comentário