quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ALEXANDRE BONAFIM - SAGRAÇÃO DAS DESPEDIDAS

SAGRAÇÃO DAS DESPEDIDAS XVII


Para enfrentar a tua beleza,
era necessário amparar-me
na luz dos relâmpagos,
no frêmito dos rios profundos,
na queda dos pássaros;
era preciso agarrar-me
a tudo o que era frágil,
a tudo o que se findava
num leve palpitar de asas.
Não poderia estar só
ante a tua beleza...
Para fitá-la necessitaria
estar de mãos dadas
com todos os desastres,
com todas as febres.
Se livremente olhasse
o teu semblante,
sem me iniciar no rito
de tua delicadeza,
a carne dos meus olhos secaria,
meus ossos como vidro quebrariam,
toda sede e toda fome
devastariam meus dias.
Porque tua beleza
é toda simplicidade,
toda leveza, toda dádiva;
é a sombra de um vôo
que passou pela minha vida
e fez ninho onde nunca existirei.


ALEXANDRE BONAFIM

4 comentários:

Cândida Montenegro disse...

Que poesia bonita! Bem rilkeana, mas com ritmo pessoal. Parabéns, Alexandre Bonafim.

Onde Estão os Famintos disse...

Muito bom Alexandre. Mesmo não conhecendo-o, definiria você como uma alma que sabe apreciar.

Alexandre Bonafim disse...

Pessoal, agradeço-lhes pela leitura. Enfim, sinto-me honrado por participar do blog desse querido e exímio poeta, José Inácio Viera de Melo. Abraço para todos.

Alexandre Bonafim disse...

Pessoal, se o José Inácio me permitir divulgar o livro no seu blog, o que já de antemão agradeço, o livro pode ser encomendado pelo site da editora: www.biblioteca24x7.com.br
Abraço para todos.