quinta-feira, 26 de novembro de 2009

JIVM - JARDIM DAS ALGAROBEIRAS

foto Ricardo Prado Carla Visi lendo o poema Jardim das algarobeiras


JARDIM DAS ALGAROBEIRAS


Tenho estado em contato com a Natureza.
Neste lugar – Jardim das Algarobeiras –
tudo apela aos sentidos e tudo é Natureza.
Os pássaros cantam, e o seu vôo é mais que o canto;
a vaca muge, o cavalo relincha, a rã coaxa,
a cartilha estava certa; a cartilha só não
ensinou que o galo inaugura o dia,
e que as árvores (aqui, as algarobeiras,
mais que quaisquer outras – a não ser
aquele solitário pau-ferro) dançam,
dançam envolvidas por um louco dançarino.

Os pássaros cantam, mas é o vento
– o dançarino – que sussurra em seus ouvidos
juras de amor que somente quem corre mundo
pode dizer, e, naquele momento,
na eternidade da canção, tudo é verdade.

Mas além disso há algo mais forte:
os caminhos... O vento é andarilho errante
que se apaixona pela flor de agora
e daqui a pouco pela flor seguinte
e a outra e a outra e,
é aquele capaz de uma noite de volúpia
com quem lhe abrir o coração,
porém seu coração jamais pertencerá a alguém,
porque já nasceu possuído pela estrada.

Como bailam as algarobeiras,
como exibem suas cabeleiras frondosas
de um verde que não há como dizer.
A beleza é simples e é verde.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

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