segunda-feira, 25 de maio de 2009

CARLOS RIBEIRO - VENTO MENINO

Menino: Ian Vinícius

VENTO MENINO

Chove. Pela janela o menino vê as árvores dançando nas tormentas, e no campo as folhas giram em redemoinhos vigorosos. E enquanto o vento a todos suscita terrores, ao menino oferta o fascínio.

Que medo faz essa dança de elementos indomáveis? Que medo traz o zumbido do vento, quando o coração do menino é o vento e a terra em seu contínuo devir?

O menino não está onde os olhos claros refletem os raios, mas lá mesmo, flanando, explodindo, bramindo, gritando, sentindo. Vento menino que colhe o tempo e o carrega para além das almas. Menino vento que toca o sino da igreja, na torre mais alta da sua alegria.

E enquanto for vento ninguém lhe dirá: fique quieto, menino! E ninguém poderá detê-lo: nem as ordens do rei, nem decretos-lei, nem as normas do bom viver. Que bom viver sem normas, vento-rei de tudo, que além de tudo é menino e voa feliz sobre a face do rio.

CARLOS RIBEIRO

Um comentário:

Janaina Amado disse...

Lindo o texto do Carlo Ribeiro! Gostei de saber um pouco mais sobre o autor, ambém.
Gostaria de saber se vc. recebeu os poemas de Jacinta Passos e a autoização para publicação que lhe enviei.