Menino: Ian Vinícius
VENTO MENINO
Chove. Pela janela o menino vê as árvores dançando nas tormentas, e no campo as folhas giram em redemoinhos vigorosos. E enquanto o vento a todos suscita terrores, ao menino oferta o fascínio.
Que medo faz essa dança de elementos indomáveis? Que medo traz o zumbido do vento, quando o coração do menino é o vento e a terra em seu contínuo devir?
O menino não está onde os olhos claros refletem os raios, mas lá mesmo, flanando, explodindo, bramindo, gritando, sentindo. Vento menino que colhe o tempo e o carrega para além das almas. Menino vento que toca o sino da igreja, na torre mais alta da sua alegria.
E enquanto for vento ninguém lhe dirá: fique quieto, menino! E ninguém poderá detê-lo: nem as ordens do rei, nem decretos-lei, nem as normas do bom viver. Que bom viver sem normas, vento-rei de tudo, que além de tudo é menino e voa feliz sobre a face do rio.
CARLOS RIBEIRO
Um comentário:
Lindo o texto do Carlo Ribeiro! Gostei de saber um pouco mais sobre o autor, ambém.
Gostaria de saber se vc. recebeu os poemas de Jacinta Passos e a autoização para publicação que lhe enviei.
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