Ilustração: Daniel Biléu
V I N G A N Ç A
Eu vou pegar o machado de meu avô para te partir ao meio.
Tu me abandonaste no meio do tempo
e eu ainda estou perdido no meio da mata da tua ignorância.
Eu sou fraco, muito fraco. Eu corri para todos os lados
com os olhos esbugalhados sem saber para onde ir,
porque eu tinha medo, eu tinha muito medo, eu morria de medo.
Aí eu olhei pros quatro cantos e não enxerguei nada.
Eu não conseguia ver a imensidão,
apenas sentia um imenso abandono.
Eu vou me vestir de índio para tirar teu escalpo,
e vou dançar ao redor da fogueira dos tempos,
e no caldeirão dos meus prazeres cozinharei tua carne morena,
e, na brasa das tempestades que gritam o meu desespero,
assarei tuas carnes e banquetearei os que alimentaram tua ambição.
Já podes sentir a justiça do machado do meu avô:
o teu sangue lava os focinhos dos porcos.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
18 comentários:
Meu Deus, Inácio, que raiva!!! À parte o sentimento, o poema é muito bom, muito forte e muito bem urdido. Sabe que fui eleita ontem para a Academia? Quero você na festa da Posse marcada para outubro sem data ainda. Bj Gláucia.
Um tanto chocante e violento, para meu gosto, ui! Abraços alados.
Nossa! onírico, escatológico. Gostei.
veja você aqui:
http://casulotemporario.blogspot.com/2010/07/conversa-no-facebook.html
Quando eu recito esse poema no Grupo Concriz junto com Marcelo Nascimento,
é incrivelmente maravilhoso.Gosto muito da força, da raiva desse poema.
Abraços JIVM.
Legal, gostei muito.
Posso colocá-lo no jornal com seus créditos, lógico?
Êta, hombre, que coração ferido!
Que belo poema, José Inácio querido.
o machado do avô tem muitas utilidades. gostei, zé inácio.
um abraço.
romério
ps. já estou de posse do "roseiral".
Um poema sangrado na raia dos tempos.
Poeta, avante!
Belo poema, meu poeta, bela sintaxe. Ainda não lhe enviei o livro mas não me esqueci,não, é que eu sou o bloco do eu sozinho(e Deus, naturalmente). Abração, Sal.
Zé Inácio: é uma poema forte, cheio de força primária. A ilustração está muito adequada pelo que alude ao mundo selvagem.
Abraço carinhoso da Astrid
FORTE!!!
Abraço
Sérgio
Puxa, adorei sua "vingança"!... Certamente, estava mais uma vez movido pela inspiração que faz de você um poeta muito (mas muito mesmo) original.
Parabéns!!! Isvânia Marques.
""e vou dançar ao redor da fogueira dos tempos,
e no caldeirão dos meus prazeres cozinharei tua carne morena,
e, na brasa das tempestadas que gritam o meu desespero,
assarei tuas carnes e banquetearei os que alimentaram tua ambição"
José Inácio Vieira de Melo
Magnífica fúria de poeta!...Lindo poema!Bravo!!!
Boa semana
Beijos carinhosos
Stella de Sanctis
Gosto muito da sua poesia.Ela me emociona. Mundos tão diferentes, mas eu me identifico com sua poesia cheia de vitalidade e delicadeza, com seu vigor e beleza.Mistério e solidão mas tudo com muito sol, quentes, vermelhas como seu roseiral.Sou centauro no signo. Você, cavaleiro, vaqueiro, poeta-centauro do sertão.É sempre um grande prazer ler, ver você e o seu mundo.Um grande prazer conhecer sua poesia e você.
Excepcional teu poema, meu rico!
O machado e o escalpo deram o toque inusitado.
Beijo,
Lílian Maial
Eu gostei tanto desse, Zé!
Tem um eco ancestral, mitológico que eu aprecio tanto.
O machado de seu avô tb soa em mim, retumba nesses céus daqui, põe fogo na existência: faz sangrar a terra e faz ver que, na verdade, o sangue é apenas a fervura da festa!
Abraço forte,
Raiça.
Nossa Zé, que coisa linda seu poema Vingança. Manda pra mim de novo. Aliás, manda seu livro roseiral. Quero lê-lo urgentemente.
Um beijo anjo querido
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