Remedios Varo - Seventh sister
SETE IRMÃS
Para Remedios Varo
Essas sete musas mal-assombradas
de cabeleiras ruivas, encardidas,
são santas de bocetas encarnadas,
trazem entre as mãos minhas sete vidas.
As cabeleiras ruivas dessas musas
são trepadeiras místicas em rito,
um anelo claro como um oráculo
a escalar as formas breves do mito.
São sete noites vividas por Borges,
são sete fadas da ilha de Lesbos,
são sete acordes de Joaquin Rodrigo,
são sete facas de Aderaldo, o Cego.
Ah minhas sete irmãs, filhas de Safo,
lamber vossos cus é meu paraíso!
A plenitude de vossas entranhas
é o aconchego destes meus delírios.
Sete musas grávidas, musas graves,
a gravidade não pesa no abrigo.
A minha voz é um caminho cego
como Borges, Aderaldo e Rodrigo.
Ah minhas sete irmãzinhas serenas,
vamos jogar enquanto há tabuleiro,
sete damas-rainhas, sete Helenas,
sou vosso servo, vosso cavaleiro.
Musas oblongas, ventres salientes,
em vossas carnes quentes eu reparo,
de fora a fora, com prazer e encanto,
as sete faces de Remedios Varo.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Poema do livro inédito ROSEIRAL,
a ser publicado pela Escrituras Editora,
com lançamentos marcados para março e abril.
Para Remedios Varo
Essas sete musas mal-assombradas
de cabeleiras ruivas, encardidas,
são santas de bocetas encarnadas,
trazem entre as mãos minhas sete vidas.
As cabeleiras ruivas dessas musas
são trepadeiras místicas em rito,
um anelo claro como um oráculo
a escalar as formas breves do mito.
São sete noites vividas por Borges,
são sete fadas da ilha de Lesbos,
são sete acordes de Joaquin Rodrigo,
são sete facas de Aderaldo, o Cego.
Ah minhas sete irmãs, filhas de Safo,
lamber vossos cus é meu paraíso!
A plenitude de vossas entranhas
é o aconchego destes meus delírios.
Sete musas grávidas, musas graves,
a gravidade não pesa no abrigo.
A minha voz é um caminho cego
como Borges, Aderaldo e Rodrigo.
Ah minhas sete irmãzinhas serenas,
vamos jogar enquanto há tabuleiro,
sete damas-rainhas, sete Helenas,
sou vosso servo, vosso cavaleiro.
Musas oblongas, ventres salientes,
em vossas carnes quentes eu reparo,
de fora a fora, com prazer e encanto,
as sete faces de Remedios Varo.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Poema do livro inédito ROSEIRAL,
a ser publicado pela Escrituras Editora,
com lançamentos marcados para março e abril.
29 comentários:
Magnifico o poema.
Inácio adorei o poema... espetacular !
belo poema!
abraços do
sérgio de castro pinto
Caro poeta, boa noite!
Parabéns pelo belo poema e, claro, pelo livro vindouro. Posso postar o poema no meu blog www.banzeirotextual.blogspot.com ? Aguardo resposta.
Abraço amigo,
Chico Perna
www.banzeirotextual.blogspot.com
UM poemão, heim Inácio? Gostei muito das cabeleiras ruivas que são trepadeiras em ritos. Palmas, muitas palmas. Beijo. Gláucia.
Acabei de comprar um livro seu, a infancia do centauro. Muito bonito.
"Ah minhas sete irmãs, filhas de Safo,
lamber vossos cus é meu paraíso!"
Que imagem gostosa, versos fortes e bem ritmados, parabéns!!!!
José Inácio,
um poema seu eu saberia identificar sem assinatura, você tem um estilo marcante.
Mas este poema do novo livro, tenho a impressão de que você esticou a corda até ela se partir, e daí se libertou de qualquer laço com conceitos, amarras. Um erotismo de instinto com o requinte da sua construção literária apuradíssima.
Você é muito bom mesmo, aplausos!
Idalina.
inácio,
que poema lindo.
"vamos jogar enquanto há tabuleiro".
caraca.
gostei demais de tê-lo lido.
abraço.
:]
nilton.
Lindo! Visceral! Adorei!
Parabéns, Inácio! O poema é realmente lindíssimo!
Um beijo!
Prezado Zé Inácio:
Saudações. Gostei do vago erotismo resguardado pela ordem rítmica de encadeamento decassilábico desses sete quartetos tecnicamente bem comportados, que faz ressoar a erótica de José Maria du Bocage, ressucitado no século 21. Como também a ilustração de toques surrealistas, lembrando o italiano De Chirico. Aguardarei seu "Roseiral".
Um abraço.
Florisvaldo
Amigo, belo poema, sem dúvida. Mas reveja o metro com cuidado.
Abraço faterno,
Conceição
Zé, este poema parece compor uma nova fase na sua poesia, estou certa? Mal posso esperar para ler o novo livro. Grande abraço!
Sete vivas para você, Zé Inácio. Excelente poema. Parabéns!!!
Cândida
Caro Inácio,
A poesia que nos toca promove afinidades que substanciam dizeres, opiniões, ideologias, saberes e estados de alma, ainda que a pena de quem escreve habite outros universos...por isso a comunicação promove nossa alegria poética e a sensação de que a poesia une os seres ávidos de palavras.
Muito bom conhecer seu espaço poético de versos encantados.
"Sete Irmãs" é um belo poema, desses que nos sacia de versos.
Beijos.
Genny Xavier
P.S. Se desejar, qualquer hora visite meus "Baú de Guardados" (http://badeguardados.blogspot.com/)...será bem-vindo.
Agradeço a todos que aqui colocaram seus comentários, incentivando e sugerindo.
Ivonildo, Lana, Sérgio, Gláucia, Gabriel, Marcelo, Nilton, Kátia, Vânia e Cândida, fiquei muito satisfeito por saber que curtiram o poema.
Chico Perna, grato por ter publicado meu poema no seu excelente blog Banzeiro.
Idalina, as amarras foram rompidas.
Grande poeta Florisvaldo Mattos, suas palavras me fortalecem.
Conceição, poeta admirada, sempre terei esse cuidado.
Priscila, como pôde perceber, estou num novo momento poético sim.
Genny, grato pela visita. Em breve, visitarei seu blog também.
Sou-lhes, realmente, muito grato. E vamos manter a sintonia. Abraços.
JIVM
Um poemaço. Porreta.
Meu Poeta, cada vez mais fico deslumbrada com sua poesia. Um beijo carinhoso.
Mazé
Queridas Gerusa e Mazé, grato pelas visitas ilustres e pelas palavras de admiração. Abraços.
JIVM
Menino, Bocage tá se estremecendo no túmulo.
Sete Irmãs bem calientes.
Muito legal esse poema.
Um bj.
Adorei
sete irmãs
é muito bonito!é um dos meus preferidos
parabéns !
vou te mandar um poema dos meus.
abração
Caro José Inácio
ótimo decassilabos. Como é bom achar outro companheiro de ofício.
abs
Eric
Sete! número místico. Misticismo num poema carnívoro. Como sempre, um poema de fôlego, mas poema sobretudo quente e vermelho como as rosas... parabéns meu caro Zé.
Excelente, sem palavras, poeta! :-)
Sabe José, a sua poesia me leva a uma viagem cujo destino não conheço. Com os seus versos a minha alma vai flutuando....
Oi,Cavaleiro, somente quando corri para ver quem era essa "Remedios de sete faces" compreendi de onde vinham essas tuas imagens e a inspiração desse belo poema. Dessa vez não vou falar de teu poema, perdoa, porque "enlouqueci" com a pintura dessa artista; olho uma tela dourada e penetro num campo de luz; entro num castelo medieval; sigo sombras; ouço canções de um trovador numa barca... Sete vezes sete vezes, obrigada, poeta,por me conduzires a essa viagem onírica pelo mundo fantástico de Rosario e por esse belo poema que mais uma vez ouvi de tua voz.
Caro, Cavaleiro, somente depois que corri para saber quem é essa "Remédios de sete faces", foi que compreendi de onde vinham essas tuas imagens e a inspiração desse poema. Dessa vez não falarei de teu poema, perdoa, enlouqueci pelas pinturas dela... olho uma tela dourada e penetro num campo de luz; entro num castelo medieval; ouço um trovador numa barca... Sete vezes sete vezes te agradeço por essa viagem onírica pelo universo fantástico de Rosario e pelo teu belo poema que ouvi mais uma vez de tua própria voz...
ua poesia é exuberante, querido. Ela revela, mostra, contorna aquilo que no próprio homem é o significante da linguagem, na psicanálise, aquele que traz o sentido à fala, não sendo esta atrelada ao significado, a uma representação direta da realidade. Você é um criador de mundos, de " realidades"- sendo que a realidade para a psicanálise é a realidade psíquica, e não a realidade factual. A linguagem, para a psicanálise, não é protótipo do mundo, mas um novo mundo, inconsciente, subjetivo, do próprio homem, simbólico. Só consigo me lembrar de
Octávio Paz, dessa compreensão se aplica à palavra poética. A linguagem, na poesia, rompe a sua qualidade comunicativa, deixando de servir apenas ao objetivo de representar a realidade, para expandi-la, tranfigurá-la, transgredi-la. A palavra é impossível de ser aprisionada pelos significados definidos, por um único objeto referente. A palavra é múltipla, e múltiplo o homem, que a pronuncia, é inscrito por ela. A palavra poética define o homem em sua condição simbólica, e sua existência é imprecisão. O homem é poeta, e na poesia é servo da linguagem, é veículo na qual ela se manifesta, incorpora, torna-se realidade. Poeta é aquele que sabe que " realidade" só se escreve entre aspas. Um beijo e continue criando. Gosto muito de tudo. Forte abraço. O Daniel Omar Perez curtiu muito a sua poesia aqui no meu mural. Você está dialogando com a psicanalise Lacaniana, viu?!
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