LEMBRANÇAS DE VIAGEM
Ele não se lembra bem como aconteceu. Perdeu o controle do carro e saiu da estrada. Assim como quem sobe a calçada para cumprimentar pessoas, ele e o carro tocaram árvores, uma depois da outra, e quedaram-se, cada qual em seu cantinho de mato.
Não tardou muito e os outros surgiram no local do acidente. Primeiro, curiosos; depois, sorrateiros.
Ele os viu, um a um, revirarem o carro e levarem seus pertences; depois, assistiu depenarem seu próprio corpo - não podia mexer-se, não podia falar.
Os outros o deixaram lá, gaveta revirada, e foram cuidar de suas vidas. Disso ele se lembra bem.
CARLOS BARBOSA
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