sábado, 10 de maio de 2008

VERÔNICA DE VATE: ANTONIO NAUD JÚNIOR

ANTONIO NAUD JÚNIOR é escritor e jornalista, nascido no Sul da Bahia, Brasil. Tem oito livros publicados, sendo o primeiro deles “O Aprendiz do Amor” (1993). É um ficcionista intimista e metafísico para quem a literatura é um forma de música da alma e de grandes interrogações existenciais. Na sua obra aparece quase sempre o desejo de construir uma filosofia da humanidade partindo das suas experiências pessoais. A reflexão sobre as contradições do mundo moderno e sobre as suas próprias inquietudes e conflitos interiores são uma constante na sua narrativa.
Como jornalista entrevistou mais de uma centena de celebridades literárias e cinematográficas, entre elas três prêmios Nobel (Camilo José Cela, Gunter Grass e José Saramago) e várias premiadas com o Oscar (Woody Allen, Pedro Almodóvar, Nicole Kidman, Bernardo Bertolucci, etc.). Entrevistas publicadas em jornais e revistas brasileiros e, parte delas, no livro “ArtePalavra – Conversas no Velho Mundo” (2003). Além de entrevistas, tem publicado vários artigos sobre literatura, teatro e cinema, em revistas como Continente Multicultural e Cult, dentre outras.
É autor também de “Retratos em preto & branco – Contos góticos de Madrid” (1996), “Ficar aqui sem ser ouvido por ninguém” (1998), "Se um viajante numa Espanha de Lorca" (2005) e "Suave é o coração enamorado" (2006). Viveu em Espanha, Inglaterra, França, Escócia e Portugal. Atualmente está morando em Itabuna, Bahia.


na véspera da chegada,
é confuso o que sinto.
morre a tarde azul
e não sei se morro
ao recomeçar.
que angústia sentida,
aqui neste trem,
com a possibilidade
de nunca mais voltar.
toda a saudade agora
se amplia e ao crescer
confunde-se e confunde-me
com a inevitável luz da manhã.
embora vá aonde vá
sou esse cigano maduro
não se encontrando em nenhum lugar.
sentir-se jovem não é ser jovem,
é só a ilusão de amanhecer.
e amanheço,
mas ao colocar o pé na estrada,
subitamente,
com que susto vejo a noite sem fim.
por vezes, os meus olhos, cintilantes,
enxergam a flor da juventude.
ah, não me espere, seja quem for,
não sei onde vou
não sei se vou voltar
caminho, sem rumo,
nesta misteriosa estrada,
para dentro de mim.

ANTONIO NAUD JÚNIOR

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