sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

JIVM - VERSOS CARMESINS


Fotógrafo: Ricardo Prado


VERSOS CARMESINS


Cachorros ganem dentro do desejo.
Cedo aprendi que o céu é carmesim
e que as mulheres debulham prazeres
tirando as roupas como amendoins.

Vejo tudo acontecendo daqui,
por dentro das asas da matemática.
E o que assusta, sob o negror da noite,
é o corte dos dentes de tantas máquinas.

As lembranças dos tambores da noite,
nas quebradas dos verões carmesins,
são açoites por dentro do esquecimento,
pedra incrustada no meu trancelim.

Os galos sempre souberam que o céu
tem a grafia dos nomes que invento.
Chamo “carmesim” e a nuvem compõe
um cavalo alazão no pensamento.

E a chama que queima na minha mão
e fica rente ao rosto e vai pra dentro
do corpo, bem dentro da tarde a dentro,
é moldura e voz de cada momento.

No circo da história, o destino toca,
ao nordeste da vida, bandolim.
Debaixo da algaroba do planeta
vou criando meus versos carmesins.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

7 comentários:

Elis Rebeca disse...

"E a chama que querima na minha mão e fica rente ao rosto e vai pra dentro do corpo" Parabéns pelo poema!

Ionara Gallina disse...

Uau!!!!! Que coisa mais linda isso!!!! Arrebatador, poeta! Forte tua poesia! Beijo!

Maria Antonieta Miele disse...

Sempre esta tentativa de resgate dos verdadeiros sentimentos.Tape os olhos mesmo ,para poder se concentrar.Toque seu bandolim,preserve as matas !

Antom Laia Lopez disse...

e a chama que queima na minha mâo
para criar os versos carmesins na grafia
dos nomes incrustados no interior da alma.

Claudia Costa disse...

"...que o céu tem a grafia dos nomes que invento." Beleza carmim. Abraço.

Rosangela Aliberti disse...

...mais uma de suas preciosidades criativas José Inácio "tirando as roupas como amendoins"... Evoé! poeta!

Vernaide Wanderley disse...

Meu querido, Zé, tudo que se diga sobre seus versos, daqui para frente, será redundância de tudo que já falaram. Versos bem construídos e um sertão galopando dentre dele. Galopando sem precisar de chicotes, segue à luz do sol e do pisar na terra crestada. Beijão meu querido