segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A SEDUÇÃO DA PEDRA SÓ


Por Diogo Fontenelle

Diogo Fontenelle

José Inácio Vieira de Melo rumina o viver tangido pela alma que se descobre “nordestina”, em meio à agonia de ausências que resvalam em sonhos derramados. Essa tessitura poética que captura o homem nordestino em seu pacto com a esfera do Maravilhoso, vem lançar luzes ao milagre da vida, feito espera/desesperança, desafio e paixão.

Pedra Só traz consigo, não apenas, um olhar sobre o viver nordestinado, traz consigo o próprio ser nordestino desnudo em seu dialogar com seus “eus” mais profundos. São miragens do boiadeiro solitário pelas veredas do Além que afloram nessa poética que se faz – paradoxalmente – abissal e estratosférica ao mesmo tempo, tal qual uma ave de arribação que sobe aos céus para cortejar as estrelas e desce ao fundo dos mares em busca de mistérios adormecidos.

Nesse tear de Encantamentos magnetizados por aboios e parábolas, a Poesia afirma-se ao gritar mais alto, ancorada num verbal universal aceso pelo radiografar do pensar, do sentir, do acreditar, e do sonhar do homem nordestino em sua contínua comunhão com o Mais Além.

Eis, então, o poetar - feito acalanto e hino! – desse mago alagoano/baiano que nos seduz ao mergulho pelas profundezas da alma humana em seus abismos insondáveis. Portanto, nessa perspectiva de Transfiguração do Real em Maravilhoso, que somente a Poesia ousa se aproximar com intimidade, cabe ao feliz leitor abrir seu coração para a sinfonia da Pedra Só.


Diogo Fontenelle é poeta. Autor dos livros Enquanto o céu não cair (1981), Insensório do anoitecer (1986), dentre outros.

Um comentário:

Vernaide Wanderley disse...

Excelente comentário, querido Zé. Sempre um encantamento, quando as pessoas visitam seus poemas. Beijos!