Por
Diogo Fontenelle
Diogo Fontenelle |
José Inácio Vieira de Melo rumina o viver tangido pela alma
que se descobre “nordestina”, em meio à agonia de ausências que resvalam em
sonhos derramados. Essa tessitura poética que captura o homem nordestino em seu
pacto com a esfera do Maravilhoso, vem lançar luzes ao milagre da vida,
feito espera/desesperança, desafio e paixão.
Pedra Só traz consigo, não apenas, um olhar sobre o viver
nordestinado, traz consigo o próprio ser nordestino desnudo em seu dialogar com
seus “eus” mais profundos. São miragens do boiadeiro solitário pelas veredas do
Além que afloram nessa poética que se faz – paradoxalmente – abissal e
estratosférica ao mesmo tempo, tal qual uma ave de arribação que sobe aos céus
para cortejar as estrelas e desce ao fundo dos mares em busca de mistérios
adormecidos.
Nesse tear de Encantamentos magnetizados por aboios e
parábolas, a Poesia afirma-se ao gritar mais alto, ancorada num verbal
universal aceso pelo radiografar do pensar, do sentir, do acreditar, e do
sonhar do homem nordestino em sua contínua comunhão com o Mais Além.
Eis, então, o poetar - feito acalanto e hino! – desse mago
alagoano/baiano que nos seduz ao mergulho pelas profundezas da alma humana em
seus abismos insondáveis. Portanto, nessa perspectiva de Transfiguração do Real
em Maravilhoso, que somente a Poesia ousa se aproximar com intimidade, cabe ao
feliz leitor abrir seu coração para a sinfonia da Pedra Só.
Diogo Fontenelle é poeta. Autor dos livros Enquanto o céu não cair (1981),
Insensório do anoitecer (1986), dentre outros.
Um comentário:
Excelente comentário, querido Zé. Sempre um encantamento, quando as pessoas visitam seus poemas. Beijos!
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