Fotógrafo: Ricardo Prado
VERSOS CARMESINS
Cachorros
ganem dentro do desejo.
Cedo
aprendi que o céu é carmesim
e
que as mulheres debulham prazeres
tirando
as roupas como amendoins.
Vejo
tudo acontecendo daqui,
por
dentro das asas da matemática.
E
o que assusta, sob o negror da noite,
é
o corte dos dentes de tantas máquinas.
As
lembranças dos tambores da noite,
nas
quebradas dos verões carmesins,
são
açoites por dentro do esquecimento,
pedra
incrustada no meu trancelim.
Os
galos sempre souberam que o céu
tem
a grafia dos nomes que invento.
Chamo
“carmesim” e a nuvem compõe
um
cavalo alazão no pensamento.
E
a chama que queima na minha mão
e
fica rente ao rosto e vai pra dentro
do
corpo, bem dentro da tarde a dentro,
é
moldura e voz de cada momento.
No
circo da história, o destino toca,
ao
nordeste da vida, bandolim.
Debaixo
da algaroba do planeta
vou
criando meus versos carmesins.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
7 comentários:
"E a chama que querima na minha mão e fica rente ao rosto e vai pra dentro do corpo" Parabéns pelo poema!
Uau!!!!! Que coisa mais linda isso!!!! Arrebatador, poeta! Forte tua poesia! Beijo!
Sempre esta tentativa de resgate dos verdadeiros sentimentos.Tape os olhos mesmo ,para poder se concentrar.Toque seu bandolim,preserve as matas !
e a chama que queima na minha mâo
para criar os versos carmesins na grafia
dos nomes incrustados no interior da alma.
"...que o céu tem a grafia dos nomes que invento." Beleza carmim. Abraço.
...mais uma de suas preciosidades criativas José Inácio "tirando as roupas como amendoins"... Evoé! poeta!
Meu querido, Zé, tudo que se diga sobre seus versos, daqui para frente, será redundância de tudo que já falaram. Versos bem construídos e um sertão galopando dentre dele. Galopando sem precisar de chicotes, segue à luz do sol e do pisar na terra crestada. Beijão meu querido
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