Foto: Ricardo Prado
C A L I G R A F I A S
I
Na
poeira de um tempo impreciso,
as
histórias do silêncio,
ninhadas
de signos sem tradução.
Silêncio
na carne.
Silêncio
que sente a areia passar.
Tempo
para a solidão do poema.
Cultivamos
os nomes.
Criamos
semblante para cada nome.
Para
mostrar nossos nós – a palavra.
Com
os olhos marejados
a
vertigem cresce:
suas
roupas são de luz e de som.
O
pasmo nos sobressalta
e
gozamos de tudo.
II
A
poesia de um tempo sem siso
e
sua estranha ninhada de histórias
das
entranhas do silêncio.
Nosso
heroísmo é trágico
e
as parcas são infinitas.
Temos
apenas a ilusão das coisas
e
o caminho é irreversível.
Retornar
– apenas para o Nome,
para
o ser que não tem nome.
JOSÉ
INÁCIO VIEIRA DE MELO
OBS: poema do livro Pedra Só, a ser publicado pela Escrituras Editora, em setembro de 2012
26 comentários:
Belíssimo poema, José Inácio.
Querido vou poder comprar em Portugal? Espero que sim. Fabuloso como sempre! Abraço.
"Retornar - apenas o Nome, para o ser que não tem nome.", ótima colocação do verso. Assim como na vida, especial desfecho no poema.Gostei muito. Sucesso eu lhe desejo.
"temos apenas a ilusão das coisas".. boa noite, beijinho.
De que outro modo se pode escrever a inconstância e inconsistência de um tempo já além do pós-moderno? Gostei muito mesmo! Parabéns!
"Retornar - apenas para o Nome, para o ser que não tem nome." (nossos nós)
A última estrofe é loucura demaisss, esse nem os deuses regados a vinho fariam, uma tradução tão perfeita de sentimento.
Tempo de silêncios e de solidão do poema. Gostei muito, José Inácio. Abraços.
Ai, que lindo!! Parabéns pelo belo poema, José Inácio! Imagino a beleza do livro!
É bem verdade: "Cultivamos os nomes./ Criamos semblante para cada nome.". E o seu nome - encravado dentro da poesia - tem cativado o sentimento de muitas pessoas. Eu sou uma dessas pessoas. Muito obrigada, meu poeta predileto, meu muso (rsrsrs). Beijos!
Bravo! Você sempre se supera, meu poeta querido! "Cultivamos os nomes,/Criamos semblante para cada nome./Para mostrar nossos nós - a palavra". Um abração!
"Retornar - apenas para o nome para ser o que não tem nome"... Genial isto... Parabéns, nobre poeta...
Muito bonito!!!! Sempre me causando 'arrepios' a sua verve!!! Bravo!
Ilusões, processos irreversíveis e o nome que afinal não é nada ou é mas o ser deixa de o ser sem ele :S
É assim a vida de um poeta,ao mesmo tempo que fantasia ele é realista ao extremo,vejo assim sua poesia.Na verdade acredito que tudo tem um nome nobre poeta José.Sucesso.
o silêncio do tempo...a solidão na carne...Profundo e lindo seu poema Degustarei aos poucos, palavra por palavra...
JIVM, sua caligrafia escreve a melhor poesia. Sua poesia se inscreve em mim com uma intensidade que não tem nome, mas o seu nome, sem dúvida já está gravado entre os grandes da poesia de língua portuguesa. Lindos demais, você e seu poema. Parabéns!!! Muitos beijinhos.
Parabéns, acabou de provar que nem mesmo o silêncio e o tempo são capazes de apagar nossas lembranças.
as histórias do silêncio... perfeito amigo vc é um genio da nova ordem literária! muito grato pela sua amizade meu caro.
você, José Inácio, é um poema. Aprecio a firmeza de seu cristal. Parabéns, bj
Seus poemas são deleites sonoros.
Tuas caligrafias abrigam as mais belas ninhadas, José Inácio. Saudações!
Zé, este poema foi feito para, e também POR, todas as pessoas que veneram seus próprios silêncios, maturando-os na sua necessidade de respeito e mudez. Parabéns, Irmão, e continuemos encontrando nos nossos respectivos silêncios a nossa unção de vida.
Belo poema, José Inácio Vieira Melo. Os versos, "Temos apenas a ilusão das coisas / e o caminho é irreversível", mostram quão ínfimos e impotentes somos.
Poeta e amigo José Inácio Vieira de Melo, seu poema é muito bom, como aliás todos os que você tem postado. Muito bom mesmo. Abraços,
Sânzio de Azevedo.
Gostei do poema e declarei isso no Face.
ABS
Myriam
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