AMARÁS
Meu coração outonou, meu destino soprou: amarás, amarás, amarás.
Até o último ato; até o último pranto.
É que eu nasci para amar.
E tenho como destino o triste, como sina, me entregar demais, me entregar total. Eu nasci para amar, e cada pedacinho de mim é amor; cada poro, cada pêlo.
Eu nasci pra ver o amor no espelho, amor diário, amor nas quinas e esquinas dos meus olhos, num suspiro sincero de alma.
Desde então, vou vivendo e vendo o desgastar das cordas do meu coração, amando mais, e sempre, e pronto, e só, e fim.
E no meu peito vibra tenso o aviso, a sorte: amarás, amarás, amarás.
EPOPEIA DRAMÁTICA DE UMA DONZELA BURLESCA
Minha vida sendo um romance
Seria daqueles bem mamão-com-açúcar
Daqueles que vendem em banca, sabe?
Eu a mocinha indecisa
Ele o rapaz ansiado
A gente passaria a maior parte separado
Eu vivendo com outros, ele distraindo outras
Se batendo e se desencontrando
Ou pior:
A gente poderia se amar, e não conseguir ficar juntos
Sabe-se lá por quê!
Eu seria bem sofrida, minha vida sendo um romance
E veria complicação em tudo
Seria tudo muito complicado
- Oh, meu amado! Eu te amo, mas não podemos ficar juntos!
Frescura, frescura, frescura...
Sabe do que mais?
Minha vida sendo um romance
Eu pularia logo pras últimas páginas
Pra me ver ficando pra sempre com você
Sem complicações
Sem desencontros
Sem controvérsias
Mas pensando bem, que graça teria?
Objetividade é pós-moderno demais
Eu sou romântica
- Até demais, até demais...
QUIMERA
Minha vida é procurar incansavelmente por uma metade.
Cada rosto que eu vejo, cada olhar que eu fito, o faço na vã esperança de reconhecer aquele que um dia chamarei de meu.
Um par.
Mas espero em vão... espero, e esperar tornou-se minha metade temporária.
É triste perceber isso, perceber que perco meu tempo ansiando por algo que não sei ao certo o que é. Ou se existe.
Mas é essa ânsia que me sustenta, que me afaga, que me consola. A ânsia de chamá-lo de meu bem, a ânsia de reconhecer nele a parte que faltava em mim.
Enquanto espero, e ah, como eu espero, vou contando os passos, os dias e as horas. Vou contando as nuvens eternas que me observam no azul do céu.
Invento amores platônicos, escrevo rimas insensatas, canto melodias inexistentes.
E guardo as histórias que lerei pra ele um dia, e ele rirá delas, ele rirá de mim enquanto diz que eu pareço um esquilo.
Eu serei o esquilo dele e ele meu menino-sol. E nós caminharemos nas calçadas de mãos dadas, enquanto chove fininho, ele recitando Neruda e eu bebendo coca-cola.
E seremos assim, dois-em-um, pra sempre. Minha vida sendo colorida pelos seus lápis, cada dia de uma cor.
"Serei...serás...seremos"
E meus poemas terão, enfim, sentido.
E minha vida terá, enfim, sentido.
8 comentários:
Vanny,
Você é a mais recente, a mais jovem e a que trouxe uma coisa diferente para o projeto. Gostei desse jeito poético de contar história, ou desse jeito prosaico de fazer poesia (sei lá...).
Seja bem vinda.
"Vou contando as nuvens eternas que me observam no azul do céu." Lindo isso.
Seja bem vinda, Vanny.
¡Hasta luego!
Vanny
Sejabem vinda!!
Amarás é Lindo Lindo Lindo!
"Meu único erro foi ter deixado de tomar minhas doses homeopáticas de você"
Comovido assim que 'cheguei' em seu blog.
Seja bem vinda.
abraço
Poesia fresca, do nosso tempo.
Fantástico.
Vanny,
Seja Bem-vinda ao Sangue Novo!
Seus versos são um gás a mais no grupo.
"Eu nasci pra ver o amor no espelho, amor diário, amor nas quinas e esquinas dos meus olhos"...
Poesia fresca, como diz Janara, e atrativa tbm.
Abraço,
Tua poesia emana música, minha cara!
Vanny, gostei do modo como o prosaico e o poético flertam em seus poemas.
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