VENTO
Ainda não aprendi a inventar o vento
sei voar em silêncio
as asas me crescem
quando menos preciso
Sei ser este pássaro secreto
que rasga os ares
E olhar o chão sem desprezo
sem o medo
Sei
apenas correr como o tempo
que não pára, nem pretendeparar...
SOBRE O OUTONO E AS ÁRVORES
Não são os olhos das árvores
que vergam os galhos.
As folhas, e sua rebeldia,
deitam no chão,
o preço da pequena liberdade.
Nasce o outono,
o tom gris e a forma
invadem a casa e entram nos olhos
fazendo dormir ombros cansados.
MATUTANDO SOBRE O SERTÃO
Pois
o Sertão é isso:
uma vasta estrada que sai cá de dentro
e arruma num sem fim de veredas
um não sei quanto de caminhos
E é nada e tudo
saltando dos olhos
de dentro do dentro
Pra sumir e aparecer de novo
em todo lugar
Suspeito que o Sertão seja
eu e todo mundo junto
dentro das linhas desta mesma história...
7 comentários:
Muito que bem, tessitura fina e comovedora. Aquele abraço.
T
Belos poemas. Destaque para o último. Bem roseano. Bem JIVM. Mas com sotaque pessoal.
"
as asas me crescem
quando menos preciso
"
E quando precisamos, as asas enraizam em pernas, pregadas ao chão.
Maldito querer q a lógica não acompanha.
Bons poemas, um livro que pretendo ler. BJ
Um poeta que veio realmente para ficar.
Excelentes poemas, Inácio. Esse rapaz é um achado. É uma poesia de alma, mas também de uma estrutura bastante particular. Aguardemos ansiosos a publicação dos livros.
belos poemas, desses que atingem o silencio das coisas.
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