MANDALAS
Ilustrações: Wilo Ayllón
I
Seguraste
o Sol nas costas.
Agora,
reconheces nas cicatrizes
os
nomes que queimaram teu corpo,
marcas
que anunciam os sofrimentos
que
fizeram de ti este ser estranho
que
fez uma espera para tocaiar
o
silêncio.
II
Na
tua vigília,
deste
passagem às palavras
e
construístes um totem
aos
deuses do espanto.
Da
tua língua, nasceu
a
mandala dos versos,
rebanho
que se reúne
nas
brasas do Amor.
III
Meus
camelos trazem oceanos no bojo
e
são mais desertos que o Saara.
Meus
camelos bebem as águas do Tejo
e
me levam para os seios de Sara.
Meus
camelos levam os três reis magos
e
caminham sem pressa rumo ao Norte.
Meus
camelos ruminam na paciência
e
caminham sem pressa para a morte.
IV
O
sonho dorme nos espelhos
e
acorda dentro do sono
para
celebrar os encantos
e
os tumultos do chacal.
Os
olhos dos bichos estão
apregados
nos espelhos
e
por todos os lados
chove
o voo dos morcegos.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Mandalas de Wilo Ayllón
5 comentários:
Muito lindo José Inácio Vieira de Melo!!! Vôos rasantes pela alma do poeta!!!
Bela conjugação de palavra poética e imagens. A Arte agradece! Um abraço.
Você é completo cara! espero te ver vem breve quem sabe na bienal SUCESSO! NAMASTÊ!
Lindo poema, parabéns! Beijos, Carla Giffoni
Belíssimo poema!
Tão belo como a arte e a espiritualidade das mandalas que o compõem!
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