segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

JIVM - MANDALAS


MANDALAS

Ilustrações: Wilo Ayllón

I

Seguraste o Sol nas costas.
Agora, reconheces nas cicatrizes
os nomes que queimaram teu corpo,
marcas que anunciam os sofrimentos
que fizeram de ti este ser estranho
que fez uma espera para tocaiar

o silêncio.



II

Na tua vigília,
deste passagem às palavras
e construístes um totem
aos deuses do espanto.

Da tua língua, nasceu
a mandala dos versos,
rebanho que se reúne
nas brasas do Amor.



III

Meus camelos trazem oceanos no bojo
e são mais desertos que o Saara.

Meus camelos bebem as águas do Tejo
e me levam para os seios de Sara.

Meus camelos levam os três reis magos
e caminham sem pressa rumo ao Norte.

Meus camelos ruminam na paciência
e caminham sem pressa para a morte.



IV

O sonho dorme nos espelhos
e acorda dentro do sono
para celebrar os encantos
e os tumultos do chacal.

Os olhos dos bichos estão
apregados nos espelhos
e por todos os lados
chove o voo dos morcegos.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Mandalas de Wilo Ayllón

5 comentários:

Maria Regina Canhos disse...

Muito lindo José Inácio Vieira de Melo!!! Vôos rasantes pela alma do poeta!!!

Aqueiva disse...

Bela conjugação de palavra poética e imagens. A Arte agradece! Um abraço.

blog da traço pcv disse...

Você é completo cara! espero te ver vem breve quem sabe na bienal SUCESSO! NAMASTÊ!

Anônimo disse...

Lindo poema, parabéns! Beijos, Carla Giffoni

Eduardo Rennó disse...

Belíssimo poema!
Tão belo como a arte e a espiritualidade das mandalas que o compõem!