sábado, 1 de setembro de 2012

JIVM - PEDRA SÓ XII e XIII


Foto: Linda Soglia


PEDRA SÓ – XII


Sertão, cartilha e dicionário
que recupera o fôlego do ser
e laça as águas do momento
que escorregavam da memória.

Sertão, coisa de espírito mesmo:
o nome incrustado no âmago.

No Sertão, o princípio do enigma,
o galope para dentro do redemoinho,
e na garupa alforjes de couro
bordados com a chama do amor.

O Sertão encourando os primeiros saberes...


Foto: Ricardo Prado


PEDRA SÓ – XIII


Na Pedra Só, a fonte deste poema
e as delícias do pirão de farinha.

Na Pedra Só, a canção sombreada
pelas algarobeiras e pelos pés de juá,
liras verdes que testemunham
a paz dos lajedos e das serras.

As rezas nas solas dos atabaques,
chamamentos para o abrigo das serras.
Os atabaques anunciam as boas novas
e as mulheres principiam a eucaristia
distribuindo a paçoca fresca do pilão.

O Sertão depurando os primeiros sabores...


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO


Poemas do livro Pedra Só (Escrituras Editora, 2012),
nova obra poética de José Inácio Vieira de Melo

8 comentários:

Ana Maria Rosa disse...

Poeta que belo!
"Sertão: o nome incrustado no âmago!"
Tudo que se diz do Sertão cala em mim que trago, no de dentro, verdas e vastidões de vermelhas terras,onde muitas vezes nem sequer estive... Mas esse verso, sei lá, fica apeado, "encourando" as lembranças, os primeiros saberes.
Poeta, vosmicê aceita um pouco de fufuta que acabei de pisar no pilão?

Silvério Wagner disse...

Gente, esse poeta é maravilhoso! Vamos comprar o livro dele. Ele merece! Aliás, nós merecemos ter essa poesia tão emocionante. Parabéns, poeta!

Roseana Murray disse...

Parabéns pelo novo livro, lindo o poema!

Salete Melo Lustosa disse...

Tudo que é seu, poeta, vira deslumbramento!

Lilian Reinhardt disse...

Belíssimo, cheiros e sons da alma, parabéns! abraços!

Ana Claudia Marques disse...

Cada vez que leio, saltam palavras diferentes, como que um jogral que vozes se alteassesm, e dessem outro significado a mesma frase. Pode isso?

Maria Jovita Caires disse...

É lindo! José Inácio, mais uma vez obrigada, a sua poesia faz-me sempre, viajar para um mundo longínquo, o da minha infância em África! Bjs

Alexsandro Novais disse...

parabéns! sempre homenageando o sertão! muito bom, o poema.