Por Roseana Murray
Roseana Murray |
A
sua poesia é bela. José escreve desde a fazenda Pedra Só na Bahia,
escreve desde a seca. Mas a sua poesia é torrencial e nos arrasta, é, dentro
da seca, cheia de água, cheia de imagens lindíssimas e emoção. José
escreve desde um lugar : o começo do mundo, o começo do tempo. José escreve a
saga do homem: os sonhos. Separo alguns fragmentos:
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"É da natureza do poeta
sonhar
a essência do vento
e
soprar na harpa os outros nomes
da
pedra e da água."
pg 97
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"A arte da pedra é ser o silêncio que cresce"
pg 29
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Na Pedra Só,
as
formigas tecem as escrituras
no
abismo da noite tão enorme
e o
espantalho veste a seda do orvalho
para
receber de braços abertos,
o
sabor das auroras, o sagrado.
pg 25
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Eu chego no silêncio que acende
as
quatro ferraduras do tempo
e
encontro a inesgotável jazida,
catedral
do rubi que me habita.
pg 73
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E a sua poesia, água, seca, pedra, rubi, vento, silêncio, ficou latejando no
resto da noite que ainda havia e quando vi, a manhã havia chegado.
Publicado no Blog da Roseana (www.blogdaroseana.blogspot.com.br), em 15 de setembro de 2012
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