Foto: Linda Soglia
PEDRA
SÓ – XII
Sertão,
cartilha e dicionário
que
recupera o fôlego do ser
e
laça as águas do momento
que
escorregavam da memória.
Sertão,
coisa de espírito mesmo:
o
nome incrustado no âmago.
No
Sertão, o princípio do enigma,
o
galope para dentro do redemoinho,
e
na garupa alforjes de couro
bordados
com a chama do amor.
O
Sertão encourando os primeiros saberes...
Foto: Ricardo Prado
PEDRA
SÓ – XIII
Na
Pedra Só, a fonte deste poema
e
as delícias do pirão de farinha.
Na
Pedra Só, a canção sombreada
pelas
algarobeiras e pelos pés de juá,
liras
verdes que testemunham
a
paz dos lajedos e das serras.
As
rezas nas solas dos atabaques,
chamamentos
para o abrigo das serras.
Os
atabaques anunciam as boas novas
e
as mulheres principiam a eucaristia
distribuindo
a paçoca fresca do pilão.
O
Sertão depurando os primeiros sabores...
JOSÉ
INÁCIO VIEIRA DE MELO
Poemas
do livro Pedra Só (Escrituras Editora, 2012),
nova obra poética de José Inácio
Vieira de Melo
8 comentários:
Poeta que belo!
"Sertão: o nome incrustado no âmago!"
Tudo que se diz do Sertão cala em mim que trago, no de dentro, verdas e vastidões de vermelhas terras,onde muitas vezes nem sequer estive... Mas esse verso, sei lá, fica apeado, "encourando" as lembranças, os primeiros saberes.
Poeta, vosmicê aceita um pouco de fufuta que acabei de pisar no pilão?
Gente, esse poeta é maravilhoso! Vamos comprar o livro dele. Ele merece! Aliás, nós merecemos ter essa poesia tão emocionante. Parabéns, poeta!
Parabéns pelo novo livro, lindo o poema!
Tudo que é seu, poeta, vira deslumbramento!
Belíssimo, cheiros e sons da alma, parabéns! abraços!
Cada vez que leio, saltam palavras diferentes, como que um jogral que vozes se alteassesm, e dessem outro significado a mesma frase. Pode isso?
É lindo! José Inácio, mais uma vez obrigada, a sua poesia faz-me sempre, viajar para um mundo longínquo, o da minha infância em África! Bjs
parabéns! sempre homenageando o sertão! muito bom, o poema.
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