PEDRAS AMOLADAS, FACAS ATIRADAS
Para João Cabral de Melo Neto
Vai, poeta
pega a xara
e amola as tuas facas
e de uma só cutelada
desata a sangria
O olhar já é pétreo:
Vai, tira o couro da poesia
– não temas a carne trêmula –
e inerva os teus versos
Vai, poeta
com tuas facas
destrincha a carne
e nela passa o sal
e estende-a ao sol
Então não é dessa
carne seca que é feito
o teu ritmo?
Vai, magarefe
das palavras
Ah poeta
apesar de tuas lâminas
serem as mais afiadas
é a pedra do rim
que é
pois com tuas pedradas
descubro e descubro
Vai, poeta doido
de pedra.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
11 comentários:
gostei realmente da forma como o poema se destrinchou. muito bom
Poeta...que poema maravilhoso. Parabéns.Bjos
Lindo... cortante como a lâmina afiada!
BELÍSSIMA CARNEAÇÃO POÉTICA .
Ficou profundamente lindo poeta. Vc retalhou a poesia e tirou do seu âmago toda sua essência. Parabéns... Grata por seu carinho... Bjsssss
Meu ritmo é feito por esses poemas que vc escreve.
Vai poeta escreve sem medo, as pedras são as mais difíceis de serem amoladas! Excelente poesia, fantástica! Meus aplausos!
uma aula de anatomia poética, inflama o punhal de prata dentro da alma, oooh magarefe poeta!
JIVM encontra JCMN e é essa lindeza toda em estado de poesia...
"VAI, TIRA O COURO DA POESIA E INERVA OS TEUS VERSOS" É DO CARALHO
De fato, não é todo mundo que digere com facilidade um pedaço de carne seca.
Bela homenagem!
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