terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

JIVM - PEDRAS AMOLADAS, FACAS ATIRADAS



PEDRAS AMOLADAS, FACAS ATIRADAS
Para João Cabral de Melo Neto


Vai, poeta
pega a xara
e amola as tuas facas
e de uma só cutelada
desata a sangria

O olhar já é pétreo:
Vai, tira o couro da poesia
– não temas a carne trêmula –
e inerva os teus versos

Vai, poeta
com tuas facas
destrincha a carne
e nela passa o sal
e estende-a ao sol
                       
Então não é dessa
carne seca que é feito
o teu ritmo?

Vai, magarefe
                       das palavras

Ah poeta
apesar de tuas lâminas
serem as mais afiadas
é a pedra do rim
                          que é
pois com tuas pedradas
descubro e descubro

Vai, poeta doido
                           de pedra.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

11 comentários:

Carlos Jorge Pedroso disse...

gostei realmente da forma como o poema se destrinchou. muito bom

Maisa Pacheco disse...

Poeta...que poema maravilhoso. Parabéns.Bjos

Neusa Regina Guerner disse...

Lindo... cortante como a lâmina afiada!

Edson Casagrande disse...

BELÍSSIMA CARNEAÇÃO POÉTICA .

Angel Mag disse...

Ficou profundamente lindo poeta. Vc retalhou a poesia e tirou do seu âmago toda sua essência. Parabéns... Grata por seu carinho... Bjsssss

Rachel Moraes disse...

Meu ritmo é feito por esses poemas que vc escreve.

Regina Kreft disse...

Vai poeta escreve sem medo, as pedras são as mais difíceis de serem amoladas! Excelente poesia, fantástica! Meus aplausos!

Shirley São Paulo disse...

uma aula de anatomia poética, inflama o punhal de prata dentro da alma, oooh magarefe poeta!

João Figuer disse...

JIVM encontra JCMN e é essa lindeza toda em estado de poesia...

Mario Lago Filho disse...

‎"VAI, TIRA O COURO DA POESIA E INERVA OS TEUS VERSOS" É DO CARALHO

Luis Fernando disse...

De fato, não é todo mundo que digere com facilidade um pedaço de carne seca.

Bela homenagem!