São vários quadros que se somam para compor esta paisagem centenária. Luiz Augusto Feitoza Ferraz soube, como ninguém, redimensionar o olhar para trazer a lume os encantos do seu torrão, desde a sua mais remota infância – quando tudo ainda é novo e mágico – até as perquirições do homem da metrópole em que se tornou.
Assim, Luiz Augusto apresenta sensações de saudades de um tempo que já não mais existe, mas que é acionado nos recônditos da memória, para vir compor o presente e delinear o futuro, como se pode sentir nos eneassílabos do poema “Acalanto”: “no galope do vento manter/ os mistérios de um doce ninar,/ a ouvir um chocalho de paz/ sob nuvens de emas e ovelhas,/ envolto em paredes rendadas,/ incrustadas de risos e estradas”.
Das flores de fogo dos ferros dos patriarcas de Floresta do Navio é que nasce a caligrafia da sua escritura poética. Sem contar que todo esse imaginário está emoldurado pelas lentes sensíveis e argutas do fotógrafo Diogo Carvalho Leal, que mostra detalhes da arquitetura de Floresta do Navio (“hipnose de um instante/ tão pequeno a eternizar-se”), numa verdadeira colcha de retalhos da paisagem geral, como se estivesse desnudando a alma de seus habitantes, o que proporciona a revelação de sua sutileza e bom gosto.
Enfim, Bonito pra chover é, também, bonito de se ver. Faz gosto dedicar a atenção para esta suíte poética, onde duas artes – Poesia e Fotografia – se combinam, numa espécie de amálgama, e através de suas linguagens específicas celebram a história de um povo e a beleza do seu lugar.
Parabéns aos florestanos e à Floresta do Navio. Sua saga secular está devidamente registrada através dos versos de Luiz Augusto Feitoza Ferraz e das fotografias de Diogo Carvalho Leal: uma verdadeira chuva de beleza na paisagem! Agora, é saborear a sombra e o sabor agridoce dos frutos dos tamarindos florestanos, e esperar “até vir novo dezembro/ e outra história contar/ no sussurro dos três pífanos/ espalhados por zabumbas”.
Apresentação do livro de poemas e fotografias Bonito pra chover (Gráfica Santa Helena, 2007)
2 comentários:
Quem tem um mínimo de vida literária na Bahia, sabe quem é José Inácio Vieira de Melo. Trata-se de um homem que se alimenta de poesia, respira-a. Sempre me impressionou a sua infinita capacidade de aliar uma produção literária da mais vasta qualidade com a de “líder cultural” sem rival. Ele transcende o crítico literário, pois o seu lume se dirige para clarear e exaltar valores, com primorosas se...leções. Simplesmente exclui o que não vale a pena, não gasta o seu tempo com críticas negativas.
Eu até acho que esse tipo de crítica é muito importante e necessária, mas não posso deixar de ressaltar esse viés de JIVM. Em um mundo tão competitivo, é um alento constatar essa faceta, esse afã em destacar trabalhos de outros.
Pois bem: a minha manhã de hoje se fez muito mais luminosa, quando me deparei como um destaque em seu blog “Cavaleiro de Fogo”. A ilustração da capa de meu livro “Bonito pra Chover” está lá, com seu design simples, lado a lado com a mais do que honrosa apreciação de José Inácio Vieira de Melo, que, aliás, consta do próprio livro. Para mim é muito mais do que uma honra. Lembro perfeitamente que ele leu os textos desse livro em uma noite e produziu de imediato essa análise reveladora da maior sensibilidade, dando-me uma espécie de segurança que me foi da maior valia.
Guto, para mim é um "cavaleiro de Jorge",quase um bahiano, oxente!!!um "mano" como diz Rita Lee, uma pessoa comum, mas incomum por ser difícil de encontrar pessoas como ele.chove chuva, chove sem parar...hoje eu vou fazer uma prece...pra Deus te abençoar...
lad.
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