A ROSA DE VIRGÍLIO
Um dia deram-me de presente uma rosa.
Dos ventos suas pétalas eram filhas.
Da puta que tem a rosa mais quente lembrei-me:
aquela que diz que uma rosa é uma rosa
é uma rosa.
E quando disparei a rosa em meu juízo,
senti um sossego encarnado:
a beleza vermelha do sangue na flor.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
8 comentários:
suor poético, aroma de campo e cavalos, resvala na pétala que no peito estala, forma esbelta e curva, reflete a tez da cor ensimesmada em dinastia de milênios... há lagoas feitas de rosas e sândalo, e pulsações de corpos e carmas... Calmamente a guia dissipa-se e rasteja quilômetros por um rastro que finda-se no abismo que há no silêncio que povoa a imensidão de tua imaginação, ocupa a técnica, em decifra-lo. Resiste memória, ancestral, anciã montadora de arbustos que dispersam inspiração...
Bom dia, JIVM:
Esse discurso intertextual, marca da poesia (pós)moderna, só enriquece sua poética. Bom demais!
Como sempre fabuloso. Denso, forte, "rosso". Beijo, Zé Inácio!
Lindo! Que explosão de vermelho tão sentida!
José Inácio, não pensa publicar a sua obra em Portugal? Gostaria de ver esse dia chegar! Sou uma admiradora da sua poesia e gostaria de vê-lo nas estantes do meu país. Quando o leio tenho orgulho da língua comum falada nos dois lados do Oceano. O José faz ressaltar a beleza e riqueza da nossa língua. Acho que merece ter em Portugal o estatuto que tem no Brasil.
Um bem-haja
Lembro, como se fosse ontem, o Concriz recitando esse poema!
Seus poemas devem ser lidos em voz alta. O vento se encarrega de levar nossos filhos, é verdade poeta! A rubra rosa nas maos ou na cama daquela puta, dá ao homem, o sossego merecido. Muito lindo, Zé! De uma profundidade vulcânica. Seus desfechos, sempre nos dao um soco no estomago!
Lindo! Lindo! Lindo!
Valeu Zé Inácio!
Abraço saudoso de Ronaldo.
Que beleza de composição: Poema, ilustração e sentimento, beijos, Tê.
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