Por Silas Correa Leite
“Deus é o silêncio do universo,
e o ser humano o grito que
dá sentido a esse silêncio... ”
José Saramago
Uma antologia que pode dizer o nome. Que se orgulha de dizer a que veio: “Edições Galo Branco”. Num estupendo historial que a qualifica e a referenda, começou nos Anos 50, pelo idealizador José Simeão, a partir dos Cadernos de Cultura do MEC, o primeiro livro já de cara norteando o estilo futural a partir de então: Manuel Bandeira. Segundo alguns, o melhor poeta do Brasil. E depois, para somar a qualidade pretendida da trajetória endossada, Augusto Frederico Schmidt, e a seguir, Carlos Drummond de Andrade, Lêdo Ivo e Emilio Moura. Com um rol desses, uma série de coletâneas que já nasceu premiada. Um marco editorial. Com esse handicap inicial, portanto, de nomes importantes do meio literário da época, de primeira grandeza, quando mais para a frente a idéia magistral foi retomada sob a nova direção editorial de Waldir Ribeiro do Val, Prêmio Carlos Ribeiro da UBE-RJ, 2009, e daí seguiu seu brilho, passando por poetas de alto gabarito e de grande estilo, só para citar alguns, do primeiro ao atual, Anderson Braga Horta, Gilberto Mendonça Teles, Carlos Nejar, Antonio Olinto, Antonio Carlos Secchin, Anibal Beça, Aricy Curvello, Tanussi Cardoso, Helio Povoa, só para citar e evocar aqueles que estão entre os melhores, já que todos são e conferem essência ao conjunto.
Recebi agora a nova obra da coleção, o trabalho do Poeta José Inácio Vieira de Melo, composto no livro volume 62, e o livro, claro, novamente todo um belo projeto de conteúdo e de capa, orelha, comentários e tudo mais. Porque Waldir Ribeiro do Val tem mão de ouro, toque de Midas. Escolhe bem e com competência visionária. Tudo o que projeta enobrece o artista criador que se sente honrado. E José Inácio no caso desta última edição, tem elogios de Marco Lucchesi, André Seffrin, Affonso Romano de Sant’Anna; toda uma bela fortuna crítica que vai de Adelto Gonçalves e Aleilton Fonseca, passando por Izacyl Guimarães Ferreira, Moacyr Scliar, Nelly Novaes Coelho e Olga Savary entre outros renomados críticos, jornalistas, resenhistas, escritores, criadores e poetas também. Edição caprichada, histórico de editor, currículo do poeta, e a soma toda dá nisso: uma ótima antologia que pode dizer o nome: Galo Branco. Eis a obra.
E, claro, se consagra ainda mais com o José Inácio Vieira de Melo, que, como um dos melhores poetas contemporâneos, ao lado de Solivan Brugnara e mesmo Marcelo Ariel, entre outros de porte desses brasis gerais, é um poeta que ao criar tenta no seu chamado “fazer poético” uma espécie de respiração no caos existencial, re-ordenando-o no lustral-literário; e também a quem já tive a oportunidade de fazer resenha em obra anterior de qualidade, tal a virtude, talento e dom; tantos poemas, tantos livros, uma verdadeira e consciente visão moderna desse mundo louco, comendo pelas beiradas, feito um trovattore pós-moderno em terra de muito ouro e pouco pão, feito um Rimbaud das caatingas, um cavaleiro de erranças, abandonos e desespelhos, dando testemunho das agruras de seu tempo tenebroso, principalmente o homem perdido, atribulado, mais as sofrências que as infovias efêmeras não resolvem, mas que, claro, rendem poemas como os dele, aqui bancados como coroação de uma carreira muito jovem e muito brilhante, pela também brilhante Edições Galo Branco do consciente editor atual Waldir Ribeiro do Val, um expert no ramo e já reconhecido como um promotor cultural de quilate, um paladino da Poesia.
Faz escuro mas eu canto? O importante é que a emoção sobreviva? Tudo isso e muito mais. Um poeta que saiu numa antologia como essa, pode realmente cantar de galo: poesia pela própria natureza.
Silas Correa Leite é Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Poeta e Ficcionista. Publicou os livros Porta-Lapsos (poemas) e Campo de Trigo com Corvos (Contos).
Um comentário:
Sucesso para ti!!!
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