FUGA
As crianças galopam goiabeiras,
sentem o gosto da paisagem de êxtase.
As crianças são deuses, mas não trazem
o germe do sofrimento, só brilham.
Quando o homem chega dentro da criança,
o infinito cai e a casa começa
a ter entranhas, a criar paredes.
Quem mais sofre com isso são as pedras:
sem sangue, sem respiração, sem ritmo,
seus escombros preenchem toda terra;
seus sonhos – fuzilados no horizonte.
Eu ainda saio dessa ciranda,
entro no primeiro buraco negro
e vou me inventar em outra galáxia.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
22 comentários:
Poeta, belíssimo poema, como sempre.
Parabéns do velho amigo, jt
Olá José Inácio,
Amei o poema! Do seu ritmo, profundidade e da imagem também.
Posso publicá-lo em blogs e na rede do IMEL?
A vida é uma ciranda mesmo...
Bjs,
--
Brenda Marques Pena
Presidente do Instituto Imersão Latina (IMEL)
Lindo poema,Inacío! Muito obrigado! "Os homens nascem originais e morrem cópias" (Yung). Resta-nos lutar contra essa tendência,sem esmorecer um dia sequer...Cercados de belos reflexivos poemas,a gente consegue!
por vezes já me sinto noutra galáxia...muito obrigada. Bji♥
Sua poesia José Inácio é intuitiva, mágica e por isso nos identificamos tanto com ela. Quantas vezes eu quis " sair dessa ciranda, entrar no primeiro buraco negro e me reinventar em outra galáxia"...muitas vezes. Obrigada meu querido poeta. Abraços!
Belíssimo poema!
Tocante, profundo, sensível... mágico!
Lane Quinto
sempre um belo e significativo poema! grande poeta!
QUE COISA LINDA, JOSÉ INÁCIO ! ! !
QUE DEUS CONSERVE SUA ÍNDOLE E ESSE ELÃ QUE MOVE OS DEMIURGOS A FAZEREM DESSE PLANETA ALGO MELHOR.
BJCS, UM LINDO DIA E ÓTIMA SEMANA,
LÉA LIMA
A criança que existe em mim,fica feliz e agradece....
Que forte, Parabéns amigo, adoro teus poemas!
Que buniteza de texto. Estou pasmo poeta.
Adorooo... muitas vezes sonhei com isto, digo, cair num buraco negro e profundo e descobrir um novo mundo... como a Alice no País das Maravilhas!!! Lindo poema...
Sejamos então crianças! Escutemos apenas nossos pensamentos inocentes. Ignoremos então essa bruta realidade que nos cerca. Muitas vezes é preciso se esconder para não sofrer com a verdade. Mas a criança não tem culpa, ela cresce! E a cada dia cresce consigo o sofrimento.
Como se diz no meu País: "Crianças flores que nunca murcham". Grande poema como sempre José Inácio Vieira de Melo.
caramba!! que êxtase verbal!!!!! precioso olhar sobre a monotonia humana. salve!!!!
Martha Gonzaga Cohen A cada vez que leio um poema teu, José Inácio, eu me reinvento. Parabéns por este soneto singular. Beijos.
Opa! O radar detectou!
Poesia boa num raio de 5 MB
de distância!!
P.S.: Adorei o estilo.
Depois continuo com a sondagem
quando o homem conserva o menino de dentro, não há infiltração nas paredes.
Que lindo: imagens poéticas incríveis!
Poema maravilhoso! Que bela tradução da beleza e do encanto simples de viver.
Parabéns Inácio
André Guerra
Eu fui (sou) criança assim, Zé! Até botei fogo na propriedade do meu avô! Comi goiaba bichada! E fiz enfieira de jenipapo, um após o outro, à maneira de piabas! kkk Abraços!
Gostei da inversão da idéia da criança dentro do homem por homem dentro da criança... Mas são os últimos versos "Eu ainda saio dessa ciranda/entro no primeiro buraco negro/e vou me inventar em outra galáxia" que me tiram do chão, do lugar comum, e, por alguns instantes, sou capturada pela luz e pela escuridão... ao mesmo tempo que ecoa em minha memória os versos da fuga de Bandeira "Vou-me embora para Passárgada..."
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