Ilustrações: Txhelo Castilho
EVOLUÇÃO
primeiro foi a rebeldia
depois o cansaço
por último a fuga
e agora os cacos
GADO BOM É NO MEU PRATO
para essa poesia
dos homens de barro
ordeno que chova
derreta e desfigure
todos os encatamentos baratos
de uma atmosfera farsante
o urbano impera
e há tempos digeriu a inércia
de quem saúda o passado transposto
já era, já foi, acabou
e que as mãos cerrem as páginas inúteis
que emporcalham as prateleiras quase ausentes
eu escrevo pra mim
e enterro você, que nunca me lerá
MARIA CEGUETA
É difícil explicar a alguém
Como chegar a um determinado lugar
Se a pessoa estiver pilotando
Um animal assombroso
Aspirador de pó
Cão que rói tudo
Mesmo assim
Não faça confidências aos filhos
Nem lhes peça um apoio
Que nunca serão capazes de dar
Estão na mesma barca aportada
Entupidos do ópio comum
Às frustrações acumuladas
De todas as fracassadas gerações
3 comentários:
Fogo, e mais fogo dentro dos versos.Manda Brasa !
Realmente são versos fortes, o fogo de seus versos endossam o sangue de seus olhos.
para essa poesia
dos homens de barro
ordeno que chova
derreta e desfigure
todos os encatamentos baratos
de uma atmosfera farsante
Não adianta nem tentar evitar. Esse cara vai colocar fogo em tudo mesmo.
Parabéns pela entrevista, Inácio. Um valioso achado.
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