Fotógrafo: Ricardo Prado
“Não existe um só homem que algum dia já não tenha pegado uma navalha em suas mãos e que ao mesmo tempo não tenha pensado em como seria fácil cortar o fio prateado da vida”Lord Byron
Ufa! Escapei dos quarenta!
Agora que cheguei aos 41, posso confessar que fazer 40 anos foi um dos momentos mais difíceis e terríveis da minha vida. Senti um desespero tão grande... Uma dor no peito, uma tristeza. É que descobri que não era imortal. E aí percebi que já não tinha mais aquele corpo vigoroso, que não tinha chegado a lugar nenhum e que todos me olhavam desapontados. Na verdade, eu é que estava desapontado com tudo. E comigo.
Mas aí o mal já estava consumado, o dia 16 de abril de 2008 passou. E as dores na coluna foram ficando mais fortes. E eu só pensava em sumir. E o pior que não era sumir no mundo não. Eu sentia vontade de sumir do mundo. Mas aí vinha a lembrança de meus filhos e, em algum cantinho, esboçava-se um sorriso dentro de mim. Ah! estes filhos maravilhosos! Mas aí vinha o pensamento: “eu sou um irresponsável! Como é que fui colocar filhos neste mundo miserável! Para viver uma existência mesquinha, limitada e sem sentido”. Cheguei mesmo a desejar não estar vivo.
Mas me agarrei com meus poetas – os santos culpados – e fui tocando em frente. Um dia depois do outro mergulhado em profunda tristeza. Até que um dia comecei a ler um livro de um japonês chamado Akutagawa, um sujeito que se suicidou aos 35 anos com uma dose de Veronal. Antes, escreveu um conto chamado A vida de um idiota. Quando o li, percebi quanto daquela maneira de ser estava dentro da minha, o quanto éramos parecidos, irmanados. Ao final do conto, o personagem – ele próprio – pedia desculpas à mulher e aos filhos por suas limitações, lamentava mesmo a infelicidade deles em o terem como pai, e por aí seguia.
Foi então que percebi que o caminho seguido por Akutagawa não era o meu. Lembrei-me de minhas origens sertanejas, lembrei-me de meus delírios de poeta. Senti vontade de dar um passo e depois outro e outro e outro. Senti necessidade de caminhar, caminhar apenas por caminhar. E as coisas começaram a vicejar de novo, os versos voltaram a brotar no meu ser.
Aí, eu saí daquela depressão, abandonei a tristeza e fui cuidar em viver. Viver cada momento. Viver por viver. Viver até a hora que der certo. Viver até morrer de tanto viver.
E, agora, cá estou com 41 anos. Cheio de vontades. Meus filhos e minha mulher dormem. Estão com saúde. Eu também com saúde. Muitos livros para ler. Um livro para publicar. Muitos projetos. Amanhã começa a Bienal do Livro. Estarei lá com meus companheiros, levando a palavra poética ao sentimento das pessoas. Agora, posso dizer: este é um momento de felicidade.
Ufa! Escapei dos quarenta!
Agora que cheguei aos 41, posso confessar que fazer 40 anos foi um dos momentos mais difíceis e terríveis da minha vida. Senti um desespero tão grande... Uma dor no peito, uma tristeza. É que descobri que não era imortal. E aí percebi que já não tinha mais aquele corpo vigoroso, que não tinha chegado a lugar nenhum e que todos me olhavam desapontados. Na verdade, eu é que estava desapontado com tudo. E comigo.
Mas aí o mal já estava consumado, o dia 16 de abril de 2008 passou. E as dores na coluna foram ficando mais fortes. E eu só pensava em sumir. E o pior que não era sumir no mundo não. Eu sentia vontade de sumir do mundo. Mas aí vinha a lembrança de meus filhos e, em algum cantinho, esboçava-se um sorriso dentro de mim. Ah! estes filhos maravilhosos! Mas aí vinha o pensamento: “eu sou um irresponsável! Como é que fui colocar filhos neste mundo miserável! Para viver uma existência mesquinha, limitada e sem sentido”. Cheguei mesmo a desejar não estar vivo.
Mas me agarrei com meus poetas – os santos culpados – e fui tocando em frente. Um dia depois do outro mergulhado em profunda tristeza. Até que um dia comecei a ler um livro de um japonês chamado Akutagawa, um sujeito que se suicidou aos 35 anos com uma dose de Veronal. Antes, escreveu um conto chamado A vida de um idiota. Quando o li, percebi quanto daquela maneira de ser estava dentro da minha, o quanto éramos parecidos, irmanados. Ao final do conto, o personagem – ele próprio – pedia desculpas à mulher e aos filhos por suas limitações, lamentava mesmo a infelicidade deles em o terem como pai, e por aí seguia.
Foi então que percebi que o caminho seguido por Akutagawa não era o meu. Lembrei-me de minhas origens sertanejas, lembrei-me de meus delírios de poeta. Senti vontade de dar um passo e depois outro e outro e outro. Senti necessidade de caminhar, caminhar apenas por caminhar. E as coisas começaram a vicejar de novo, os versos voltaram a brotar no meu ser.
Aí, eu saí daquela depressão, abandonei a tristeza e fui cuidar em viver. Viver cada momento. Viver por viver. Viver até a hora que der certo. Viver até morrer de tanto viver.
E, agora, cá estou com 41 anos. Cheio de vontades. Meus filhos e minha mulher dormem. Estão com saúde. Eu também com saúde. Muitos livros para ler. Um livro para publicar. Muitos projetos. Amanhã começa a Bienal do Livro. Estarei lá com meus companheiros, levando a palavra poética ao sentimento das pessoas. Agora, posso dizer: este é um momento de felicidade.
JIVM
Quero celebrar este momento com poesia – música que toca em minha alma:
Um Poeta é um rouxinol
que se senta na escuridão
e canta para se confortar
da própria solidão com belos sons;
seus ouvintes são como homens arrebatados
pela melodia de um músico invisível,
que se sentem comovidos e em paz,
ainda que não saibam como nem porquê.
PERCY BYSSHE SHELLEY
Um Poeta é um rouxinol
que se senta na escuridão
e canta para se confortar
da própria solidão com belos sons;
seus ouvintes são como homens arrebatados
pela melodia de um músico invisível,
que se sentem comovidos e em paz,
ainda que não saibam como nem porquê.
PERCY BYSSHE SHELLEY
8 comentários:
Parabéns ao nosso nobre cavaleiro!!!
Muita felicidade nessa vida que ainda tem muito o que viver!!
Um grande abraço, JIVM!!
Saudades de você!
Caro cavaleiro, esta tua angustia já passada agora e lenha para aquecer o verso.Nos veremos na Bienal e desde já te digo.
Não podemos romper o fio
azul.
Cantar nossas canções queremos,
queremos cantar nas noites
sertanejas.
Cantar no claro da tarde
no romper da aurora.
E caminhar
sem tino
um passo depois do outro
do outro do outro
sempre...
Pois o único azul que nos deixa
o do céu.
Volta sempre que o dia
amanhece...
Sempre que abrimos
os olhos...
Poeta José Inácio Vieira de Melo, desejo que a sua fortaleza esteja sempre guarnecida. Saiba, precisamos muito da sua força e da sua poesia. Você é o nosso Cavaleiro de Fogo, mas não é qualquer fogo de palha. É chama ardente e sempre renovada da Poesia. Parabéns pelos 41 anos. Muitos outros virão. Um grande abraço.
Grande Zé, aproximam-se os 50, que beleza. Parabéns, amigo. A gente se vê na Bienal, na praça e nos corredores, corre corre corre dor.
Abr. (carlos)
Zé, parabéns, tudo de bom: força, saúde, amor e, sobretudo, poesia. Bjs, Mônica
Fantástico! Estou plena de alegria em saber dessa renovação ou inovação, ou as duas coisas juntas, sei lá! O importante é que você está feliz! Afinal você é poesia. Estou me preparando para os 40, assumindo o que sou e fazendo o que gosto. E isso é muito bom. Você que o diga! Se eu pudesse estaria prestigiando esse espetáculo que é o cordel. Que inveja! Desejo muita Luz. Um abraço.
José Inácio, sou terapeuta holística, dos Florais de Bach, reikiana. Se precisar, conte sempre comigo. Mesmo a distância posso te enviar vibrações de amor.
De coração pra coração,
Jura.
pensei eu só eu tivesse amarelado nos quarenta. Mas força poeta, o melhor de mim aparece agora, quanto estou perto dos cinqüenta. o velho Hokusai dizia que melhara seu desenho a media que envelhecia, que sejam assim com nossos versos.
Abraços,
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