quarta-feira, 4 de julho de 2012

VERÔNICA DE VATE - JÚLIO LUCAS


Júlio Lucas é baiano, filho de pernambucanos, Júlio Lucas, nascido em Paulo Afonso, também costuma se definir soteropolitano por conta do destino, jequieense pela hospitalidade e cosmopolita por ideologia. Tem dois filhos, Caíque e Caio. Escreve desde menino: das letras de rock dos anos 80 para as bandas Sinal Vermelho, Regicídio e Olhos de Poeta (Salvador) às composições do Bando Batida Seca (Paulo Afonso), na década de 90. Mais recentemente participou de parcerias com o cantor e violonista Manno di sousa (radicado em Vitória da Conquista).
Idealista e idealizador de fanzines xerocados em Salvador a jornais no sudoeste baiano, ao mudar-se para Jequié, assumiu a direção do Jornal Actual (2000), a convite do jornalista Wilson Novaes Jr. Em seguida criou o Correio do Interior, primeiro da região em tamanho standard, capa colorida, caderno de cultura e versão online. Também colaborou com os impressos Café com Leite, Novos Tempos e Revista Cidades em Foco. Teve haicais quadrinizados pelo cartunista Edu Santana na revista Come-Comix. Atualmente possui o blog cultural Miscelânea, por Júlio Lucas e é coordenador editorial da revista Muito Mais.
Na TV, foi roteirista e produtor do programa Muito Prazer, Álvaro Guimarães (CNT-Aratu). Desde então dirigiu clipes, documentários e vários vídeos institucionais para prefeituras. Na agência Rush Produções e Publicidades, com Rogério Xavier e Sérgio Guerra, criou diversas campanhas para rádio, TV, impressos e principalmente para veiculação em outdoor, em Paulo Afonso. Na publicidade, trabalhou ainda na agência Moura Marketing e Propaganda.
Radicado em Jequié há mais de uma década, onde é servidor público, exerceu o cargo de diretor de Comunicação Social do Município (2009/2010). Multimídia autodidata, apresenta nas noites de sábado o Tribos do Rock, na 105 FM. Elaborou capas para coletâneas da Academia de Letras de Jequié, a saber, III e IV Concursos Literários da ALJ: Prêmio Eusínio Soares de Literatura Brasileira (da qual faz parte como poeta convidado) e Prêmio Waly Salomão. Também foi capista de Jequié - Síntese Histórica e Informativa (2011), de autoria do lexicógrafo Dermival Rios. Obra em que assina as orelhas.  Ainda em Jequié coordenou e apresentou o projeto Feira da Poesia para a Secretaria de Educação e Cultura e foi jurado do I Concurso de Poesia da Casa da Cultura Pacífico Ribeiro - Prêmio Ruy Espinheira Filho.
Além da Poesia, trabalho artístico ao qual mais se dedica, possui contos, romances e uma peça teatral a serem publicados. Atendendo ao convite de José Inácio Vieira de Melo, curador e coordenador da Praça de Cordel e Poesia, participou das duas últimas bienais do Livro da Bahia (2009/2011). Não obstante, nesta última edição, lançou Novamente Poesia, seu esperado livro de estreia. É membro da Academia de Letras de Jequié.

Júlio Lucas e Iolanda Costa participarão do projeto Palavra de Poeta, na cidade de Planaltino, no Vale do Jiquiriçá. O evento acontecerá no dia 6 de julho, às 19 h 30 min, no Clube Social Planaltinense, com entrada gratuita. Os dois poetas serão homenageados pelo Grupo Renascer, da cidade de Planaltino, e pelo Grupo Concriz, da cidade de Maracás, que recitarão seus poemas. Após os recitais, Júlio e Iolanda serão entrevistados pelo apresentador e curador do projeto, o poeta José Inácio Vieira de Melo e responderão também as perguntas do plateia.

No dia seguinte, 7 de julho, os dois poetas participarão do projeto Uma Prosa Sobre Versos, na cidade de Maracás, no Auditório Municipal de Maracás, onde serão homenageados, mais uma vez, pelos grupos Concriz e Renascer. O projeto Uma Prosa Sobre Versos, conta com coordenação de Edmar Vieira, diretor de cultura do município de Maracás. O projeto Palavra de Poeta é coordenado por Edivaldo Costa, diretor de cultura da cidade de Planaltino.


MUITO PRAZER


Este herói de faroeste caboclo
A galope menino
Em cavalo-de-pau
Pelos Galpões do Balneário
(Minha ilha original)
Com uma pistola na cintura
Que pesa mais que
Esta caneta em coldre do Novo Cangaço Cult
Sou eu

Também estanque no instante inter(minável)
Estou lá:
Sem voz, sem grito
Sem braços e ouvidos
Sem portos vivos
Estatelado
Com este gosto azedo
Do estalar de galho seco
Deste umbu(zeiro)
Entre os dedos

Sou aquele
Paraíso militado
Paraíso limitado
Comportas e janelas abertas
Pro rio revolto do meu quintal
Por todo lado muros de pedras
Na porta, Guarita Principal
Entrada e saída
Chegada e partida:
Da vida, pra lida
Da lida pra ida
Dali pro aquém
Pra cá, antes do além

E lá fui eu
Pela estrada afora
Pelo mundo a dentro
Pela vida a forra

Na tabuada
No tablado
No tabloide
Na vida e no vídeo
No proscênio pro lado errado

No batente
No olho por olho
No dente por dente

Neste ensaio diário
De tanta gente que eu seria
Se não fosse eu

Sou aquele, sou Waly
aqui, Gullar
Pairo com as páginas desbotadas ao vento
Navego com as garrafas decoradas
Náufragas aos teus olhos sorridentes
De mar e sol

Respiro, logo insisto
Ainda que Arlequim sem guizo
Não me reconheça nesta opacidade
Do outro de mim

Mantenho-me eu mesmo
Mesmo que sem musa
Seja esboço do que já fui noutra estação
Que peregrino sem fim
Padeça em gozo a esmo
Neste paraíso sem pouso
De ninfas e lobas amigas e amantes

Que eu já não seja o que fui
Que esqueça o que serei
Que lembre ser o que não sei

Ainda que acorde morto-vivo
Com a pele em carne viva
Nas mãos enrugadas dos amanheceres
Dos vendavais de segredos
Dos maremotos de sorrisos e lágrimas
Do ranger de dentes contrafeito
Segregado em versos
Renasço todo dia ao sussurrar
Dos anjos das tragédias
Anunciadas

E inocente-bandido
Com a porta de casa entreaberta
Ofegante em pedaços
Pulo a janela de sempre
E fogueiras de estilhaços
Pra conhecer novos estranhos no ninho
Da estrada da minha cara

Muito prazer:
Sou todos estes faróis e banidos que vos falam.


JÚLIO LUCAS

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