terça-feira, 22 de novembro de 2011

JIVM - DEUSES

Ilustração: Daniel Biléu


DEUSES


Agora a minha namorada toca violão
na calçada dos meus quinze anos,
no tempo em que eu era um deus de cabelos encaracolados,
no tempo que eu carregava a espada da embriaguez
e comungava o cálice da imortalidade
com anjos alucinados – uns sandros, uns samuéis –
e comia o pão dos delírios e jogava futebol
cabeceando o planeta rumo à rede do infinito.

Eu já bebi o mel das estrelas, abelhas acesas no palco do sertão,
eu já subi a montanha milhares de vezes chutando essa bola de pedra,
eu sei que é assim, que é sempre assim, mas quando encontro teu olhar
as luzes se acendem e tudo isso passa a significar algo.

E como é bom esse momento que significa e amplia meus sentidos.
Ah, minha namorada, lança teu olhar sobre meus abismos!


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

20 comentários:

Lígia Maria Torres disse...

Tua poesia é daquelas, de cabeceira. Inclusive na minha.

Maisa Pacheco disse...

Belíssimo José Inácio, confesso que essa poesia me fez voltar aos meus tempos de adolescência. Saudade. Bjos e obrigada.

José Neumanne Pinto disse...

Que inveja, que beleza pura, poeta

Léa Lima disse...

Muito lindo, como só José Inácio escreve,
entre singulares poemas.

Reluz, iluminando órbitas do infinito.

Parabéns !

Léa Lima

Denise Autran disse...

Adoro teus escritos, obrigada, sempre...

Kátia Bernardes disse...

Magnífico, terno, doce, tão sensível que consigo ouvir o som do violão....Uma verdadeira viagem! Parabéns!!!!

Salgado Maranhão disse...

Poeta, você é esperto pra caramba, este poema está lindo, você tem o borogodó, isso não é para quem quer, é para quem Deus dá. Abração, Salgado Maranhão.

www.mulheresdelirantes.blogspot.com disse...

Uma beleza de poema, poesia inteira.

Gláucia Lemos disse...

Muito inspirado, Zé, faz tempo que não gosto de um poema quanto gostei deste. Li várias vezes, tem uma espontaneidade, um ritmo tão agradável, e um lirismo enxuto. e finaliza com uma exclamação q aposto que saiu do coração. Grande beijo, Zé, uma beleza mesmo. Gláucia.

Marilia Martins disse...

Impacto total! Amor e loucura, delírio e razão num só caminho...

André Guerra disse...

Poesia livre como um cavalo ao vento...

Sandra Santos disse...

gostei muito do livro, estou só esperando uma janelinha de tempo, nessa minha vida atribulada, para falar sobre ele...

Lígia Calina disse...

De uma beleza profunda, que nos leva à pueril singeleza de sentimentos ingênuos que deixamos na estrada de nossasvidas. Obrigada Poeta querido, que com sábia alegria clareia a linha de nossas vidas. Que Deus no seu carrossel da alegria, te coloque sempre pra cima, onde as estrelas te iluminam. Beijos!!!!

Edson Bueno de Camargo disse...

Camarada,

Gosto muito de tua poesia e de teu trabalho pela poesia. Estas combinações das artes visuais com o verbo são o complemento perfeito.

Grande abraço

Edson Bueno de Camargo

Paula Laranjeira disse...

Como sempre, seus poemas são de uma força descomunal que nos toca e desagua no sublime.

bjs

Euclides Menezes disse...

Arrasou Inácio ! Muito Legal ! Lindas palavras bem colocadas ! Belas recordações ! E parabéns ao Biléu pela ilustração ! Tudo há ver !

Aíla Sampaio disse...

Belíssimo, José Inácio Vieira Melo... essa revisita 'AO QUE SE FOI' é apenas a forma de partilhar abismos sobre os quais só nosso olhar pose se lançar. AINDA BEM QUE TEMOS A POESIA...

Gonzaga Medeiros disse...

Maravilhosa lua te inspirou. Muito bonito o poema. Romântico, denso, forte, alegre, uma pérola! Uma lembrança boa de um tempo bom que ainda é.

Luis Fernando disse...

muito bom, poeta!
boa descoberta você!

Gonçalo M. Tavares disse...

Caríssimo José Inácio Vieira de Melo

foi um prazer conhecê-lo!
li a sua poesia e me agradou muito - seca e densa, como deve ser!

espero que nos encontremos em lisboa ou em salvador da bahia para o ano - ou por aí

um grande abraço
do

gonçalo