Hoje, 21 de setembro, é o dia da árvore e o início da primavera. Sem dúvida uma bela data. Só que a minha primavera iniciou mais cedo neste ano – teve seu início em 7 de setembro, na cidade de Marechal Deodoro, na abertura da 2ª Festa Literária de Marechal Deodoro, a maravilhosa Flimar. Pois bem, tudo começou com uma palestra do poeta carioca Alexei Bueno sobre o grande homenageado da Flimar, o alagoano poeta Lêdo Ivo. Depois tive a honra de conhecer os poetas moçambicanos Calane da Silva e Ungulani Ba Ka Khosa e o escritor boliviano Edmundo Torrejon Jurado. O encanto de ouvir o mestre Nelson da Rabeca e, por fim, o canto do mamulengo querubim Alceu Valença. E que maravilha escutar Alceu cantar “Na primeira manhã”, toada sua que me acompanha e me encanta ao longo de minha vida – desde 1980, precisamente, quando eu tinha 12 anos.
E desfrutar da companhia doce do poeta Salgado Maranhão, do carinho e da ternura de Maria Luiza Russo. A satisfação de encontrar o poeta pernambucano Marcus Accioly com sua poderosa verve épica. E mais o prazer do reencontro com Antonio Torres, Affonso Romano de Sant’Anna, Maurício Melo Júnior, Homero Fonseca, Tom Torres, Edna e tantos outros. Assim como a satisfação de conhecer pessoas tão agradáveis como Lucia Bittencourt, Luís Pimentel, Luciane Trevejo, Ricardo Cravo Albin, Janaína Rico e seu esposo Samuel Rocha.
E o que dizer do privilégio de dividir o palco com o grande ator e declamador Chico de Assis. Nossa que emoção quando Chico recitou meu poema “Gênese” e me chamou para o palco. Parecia que nem estava acontecendo de fato. Mas assim sucedeu. E na noite seguinte estava eu apresentando meu recital “Cavaleiro de Fogo” para uma platéia atenta e um Alexei Bueno mais atento ainda, a aproximar-se de meus versos.
E a emoção de reencontrar Aliane Ribeiro Moraes. Essa, não há palavras que expresse. E minha mãe, Inácia Rodrigues de Santana, assistindo, entre admirada e assustada, o seu filho aboiar e dizer poemas mesclados por palavras suaves e por palavrões. E meu irmão Junior, atento e silencioso com sua mulher. Meu sobrinho De Melo, esperto que só um preá. Tudo foi uma PRIMAVERA.
Sem contar, a maravilha que foi ficar hospedado na praia do Francês, gozando dos bons tratos do pessoal da pousada Mahonmar. De manhãzinha, por volta das seis, lá ia eu para o mar: correr, correr, correr, como um cavalo a galopar, galopar, galopar e transcender a mim e as minhas explicações. ..
Mas e as árvores? Pois é. Esse início de primavera, em 7 de setembro, dia da independência do Brasil, só foi possível graças a um mago das letras, um louco de Deus: o Carlito Lima, cavaleiro errante – mistura de Quixote com Sancho Pança – que descobriu a botija e inventou a Flimar. Esse trabalhador incansável, que todo dia fazia um milagre para reunir naquela cidade paradisíaca tantos semeadores de palavras. E quantas e quantas árvores de conhecimento foram plantadas naquela comunidade? E quantas descobertas nas páginas de Ignácio de Loyla Brandão e de Lêdo Ivo e de Salgado Maranhão? Parabéns prefeito Cristiano Matheus por sua sensibilidade e por acreditar e investir na cultura. São poucos os administradores que tem a sua competência e a sua visão de mundo, qualidades que o tornam um administrador admirável.
Certamente, Graciliano Ramos e Jorge de Lima, baluartes das letras alagoanas e da literatura de língua portuguesa, estão a brilhar com mais intensidade na imensidão do firmamento. Certamente, todos os escritores e demais artistas, que participaram e realizaram este projeto singular, saíram com mais vontade de viver e de escrever mais e mais livros. Certamente, a parcela da comunidade que se fez presente pode sentir o quanto é importante o contato com o livro e também perceber que a leitura amplia os horizontes de cada pessoa e traz desdobramentos para a sua existência.
Agradeço a todos que estiveram comigo nos cinco dias de Flimar. Agradeço, sobremaneira, ao Carlito Lima e à Maria Luiza Russo que tanto se dedicaram para que eu pudesse fazer parte do time de escritores dessa festa tão agradável. E que venha a 3ª Flimar!
Abaixo, deixo algumas imagens que mostram um pouco do muito que houve de bom na Flimar.
José Inácio Vieira de Melo
Poeta alagoano da Bahia
Cristiano Matheus (prefeito de Marechal Deodoro), Ricardo Cravo Albin, Salgado Maranhão, José Inácio Vieira de Melo, Maria Luíza Russo, Lêdo Ivo, Edmundo Torrejon Jurado e Carlito Lima (idealizador e coordenador da Flimar)
José Inácio Vieira de Melo, Lêdo Ivo (grande
homenageado da 2ª Flimar) e Salgado Maranhão
homenageado da 2ª Flimar) e Salgado Maranhão
José Inácio Vieira de Melo com os poetas moçambicanos
Calane da Silva e Ungulani Ba Ka Khosa
Calane da Silva e Ungulani Ba Ka Khosa
Nelson da Rabeca e José Inácio Vieira de Melo. Ao fundo,
a intérprete de Cajueiro pequenino, esposa do grande rabequeiro
a intérprete de Cajueiro pequenino, esposa do grande rabequeiro
Alceu Valença cantando Na primeira manhã
Maurício Melo Júnior (curador da 2ª Flimar), Janaína Rico,
Carlito Lima, Salgado Maranhão e José Inácio Vieira de Melo
Carlito Lima, Salgado Maranhão e José Inácio Vieira de Melo
JIVM recitando seu poema Sete irmãs. Com Chico de Assis ao lado
Palestra de JIVM: A poesia contemporânea do Nordeste
JIVM com professores da cidade de Palmeira dos Índios, após a palestra
José Inácio Vieira de Melo recitando
A terra é naturá, poema de Patativa do Assaré
A terra é naturá, poema de Patativa do Assaré
O ator Chico de Assis e o poeta José Inácio Vieira de Melo
Recital de JIVM: Cavaleiro de Fogo
Alexei Bueno e José Inácio Vieira de Melo
Nazaré (esposa de Chico de Assis), Vânia (esposa de Carlito Lima),
Inácia (minha mãe), JIVM e Carlito Lima
Inácia (minha mãe), JIVM e Carlito Lima
Inácia Rodrigues de Santana, JIVM e Aliane Ribeiro de Moraes
5 comentários:
Parabéns, meu poeta querido. Sua primavera antecipada parece ter sido muito especial. Pretendo me organizar para ir à Flimar do próximo ano, para apreciar toda a beleza do lugar e para, finalmente, conhecer você pessoalmente, ouvir suas palestras e seus recitais. Desejo muito sucesso para você. Beijinhos.
Bacana, Zé Inácio, um ótimo registro da nossa agradável convivência em Deodoro. Grande abraço, Salgado Maranhão.
Marvilha de crônica.
Obrigado pela citação.
- Nazaré te manda um abração!
Parabéns ao amigo, poeta, incentivador! Você é merecedor dessa homenagem!
Parabéns, "Poeta alagoano da Bahia". Ótimos momentos e grandes participações que marcam a FLIMAR.Você é presença fundamental. Bjinhus!
Postar um comentário