segunda-feira, 25 de abril de 2011

JIVM - ESTRANGEIRO


ESTRANGEIRO


 Quando chegaste por essas paragens
com tua bússola indicando o norte,
com teus espelhos pra fazer barganha,
não parei para te compreender.

Tu trazias molduras tão distantes
de tudo o que a terra me oferecia.
Foste forjando tua construção
para criar uma nova paisagem.

Tua verdade era devastadora.
Não fazias conta das minhas cores.
Agora, ao me olhar no espelho, não vejo
nem o vulto do meu rio liberto.

Perambulo sem ter rumo certo:
estrangeiro, de mim tão disperso.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

47 comentários:

Astrid Cabral disse...

Belo poema e bela ilustração! Eu também muito me comovo com a situação dos indígenas. Me consola saber que em Manaus a população deles só é menor que a da maior reserva indígena brasileira.
Na minha terra a aculturação se processa. Tanto os não-indios adotaram há muito tempo costumes indígenas (dorme-se muito por lá em redes e a alimentação é bem nativa) como agora os indios já sabem ler, e deixando de ser ágrafos, passaram a escrever suas proprias histórias, dando-nos a chance de conhecê-las. Você conhece a obra de Daniel Munduruku?

Adelmo Oliveira disse...

José Inácio: Eis aí um belo trabalho, de forma e de fundo. Parabéns, Adelmo

Elta Mineiro disse...

Oi JIVM,


Tenho acompanhado o seu trabalho
e surpreendo-me a cada um deles.
Parabéns!!!
Beijos!!!

Fabrício de Queiroz disse...

Algumas palavras (vulto, forja...) e conjugações lhe particularizam bastante. Gosto muito de perceber e ler desta forma.

"Poema pra anotar em caderno JI", parabéns.


Abraço

Lupeu Lacerda disse...

estrangeiro de mim, sou eu mesmo. e você, e nós todos. lindo poema meu irmão vaqueiro.

Maria J. Pereira Rodriguez disse...

un poema preciosos!!

Vicente de Freitas disse...

"estrangeiro, de mim tão disperso" , um achado, um belo verso!

Aurelino Costa disse...

Encantador e sério poema! Grande abraço. Obrigado.

Danilo Spínola disse...

Compreendí um sentido ambíguo incrível; onde você deu à luz ao poema que é, por sí só, literalmente uma maiêutica. Como sempre "o cavaleiro de fogo" diz o que foi feito e o que já foi dito ou o que ainda esperaremos à viver, só que de forma inovadora. Vamos então poeta ser estrangeiros de nós mesmos. Parabéns!

Alobened Airam disse...

belissimo!!!

Jeovah Ananias disse...

Poeta, você, cada vez mais, me emociona. Parabéns pelo belíssimo poema. Parabéns!

Eliana Marques disse...

que honra p mim estar com vc,e me presentear com esse texto lindissimo,obrigadoooo e beijooooooooooo

Reinhard Lackinger disse...

Parabéns pelo lindo e principalmente forte trabalho!

abraços

Almir Zarfeg disse...

De início, o texto me levou a Camus e, depois, a Oswald. No entanto, a intenção é mesmo antropofágica, à maneira de JIVM, que fique entendido.

Maria Luiza Russo disse...

MAJESTOSO, POETA! BJINHUS

Mazé Anunciação disse...

JIVM, a única coisa que posso fazer é agradecer por sua bela poesia. Muito obrigada mesmo, poeta. Parabéns!!! Beijinhos.

Elisa Yoshihara de Oliveira disse...

Belíssimo poema ! Assim como a foto !

Saulo Fergo disse...

sou fá desse poeta,abç...big friend...

João Rasteiro disse...

Quase todos nós, quase sempre, quase verbo, somos estrangeiros dentro de nós! Um grande abraço de Coimbra.

Genny Xavier disse...

Zé Inácio,
Teu poema nos põe de olhos na história...a história que não nos contaram direito nos livros do primário...a história da nossa americanidade e dos caminhos do Brasil-Colônia na ponte do Brasil de hoje...
Belo poema!
Beijos.
Genny

Rakel Vianna disse...

Estou encantada, belíssimo !Eu também me sinto um pouco estrangeira longe de minha cidade natal...

Soraia Santiago disse...

Um poema extremamente sensível! De uma qualidade impressionante. Parabéns poeta pelos versos...

Irene Fernandez disse...

muchas gracias es un honor atesorar estas imagenes

Ana Paula Fanon disse...

Zé, Tu és um grande poeta!!!!

Henrique Bon disse...

Belo e pungente poema!

Dora Cortez disse...

Poeta , Que Belo !
bjs
dora

Manuela Barreto disse...

Excelente poema e simetria de foto!

Graça Teixeira disse...

Este poema faz parte de alguma exposíção?
Parabéns pelo texto e pela imagem, lindos.
Graça

Mércia Veiga Vicente Barbosa disse...

Acho lindo..." (... ) perambulo sem ter rumo certo: / estrangeiro, de mim tão disperso." É sempre um prazer. Beijos

Juliete Oliveira disse...

latinoamerica, latindo a solidão...

Leonardo Morais disse...

Belíssimo poema, José Inácio! No fundo, todos somos um pouco estrangeiros em nós mesmos... Abraços!

Maria Luiza J Lawinsky disse...

muito linda mesmo

Simone Cavalcante disse...

Olá, Inácio,

Que poema lindo para começar a semana e não esquecer do que fomos e do que queremos ser neste nosso "Brasis".

Saudações literárias,

Simone Cavalcante

Sérgio Bernardo disse...

Olá, José Inácio

Excelente o poema, que, além da força poética, traz à tona a discussão do papel, hoje, dos nossos povos autóctones. Beleza!

Você me autoriza a incluí-lo no círculo de leitura compartilhada que coordenarei amanhã no Sesc Nova Friburgo? O evento se chama "Datas de Abril - Versos da identidade brasileira". Seu poema tem tudo a ver.

Obrigado pelo retorno e um grande abraço,
Sérgio

Unknown disse...

Sérgio Bernardo, pode usar o poema. Uma vez publicado, o poema ganha asas. E que bom quando chega no sentimento das pessoas. Um bom dia para você. Abraços.

JIVM

Anônimo disse...

Em poucas linhas escreveste neste poema um pouco da minha biografia.Escrevendo o último volume de uma trilogia sobre cem anos de resistência timorense estou num lugar onde a cada segundo me distancio de mim.Viverei o que estou vivendo entre frases e convulsões de gentes ?Estou vivendo ou esquecendo?Enigma.Joana Ruas

Ana Rita Maciel Ribeiro disse...

MUITO OBRIGADO PELA POESIA PURA, ENVOLTA EM REALIDADES.

Ana Rita Maciel Ribeiro
Arquiteta e Urbanista CREA3544/D
Fone: (65) 8111-8774

Silvia Ferreira Lima disse...

É uma verdade avassaladora. E tudo o que podemos fazer é cultivarmos o espírito indígena que ainda existe em nós!

tavinho paes disse...

que poema bom, mano!
tavinho paes

Rosa Rodrigguez disse...

é isso poeta os donos da terra foram dizimados,e que resta ,é considerado entrangeiro,é inversão de valores desse país que nascemos,e que vivemos,e lutamos com todas as nossas garras,e todas as nossas visceras,mas somos sufocados por eese bando de Zé ninguem que hoje nos governa...

Jorge Tufic disse...

Poeta, um belo soneto.
Fraterno abraço.

Sayonara Salvioli disse...

Invasão... e evasão interna!... Belíssimos versos!!!

Érica Azevedo disse...

José Inácio, teus versos sintetizam não somente a situação indígina, mas também o sentimento de deslocamento que todo ser humano já sentiu, ou sentirá.
Ah, o verso "estrangeiro, de mim tão disperso" tocou-me profundamente.

Izabel Dias Neves disse...

José Inácio,
Seu poema - Estrangeiro - merece ser publicado na grande imprensa. Parabéns! Senti-me na pele da parte de índio que habita em mim.
Belinha

Leila disse...

Parabéns poeta!Admiro seu trabalho e sei que esta inpiração é infinita.
Abraços
Leila

Florisvaldo Mattos disse...

Um lirismo celebrador de origens, assentado em clave de humanismo restaurador da diginidade e grandeza do povo índio brasileiro, os nativos cuja fragilidade se expôs à sanha voraz do colonizador, que Zé Inácio soube tratar poeticamente com estatura de arte e decência humanista.

Elenice Veloso disse...

Que coisa mais linda e real.... posso trabalhar nas aulas de história e toda vaidosa ainda dizer: esta maravilha é do meu amigo José Inácio Vieira Melo...obrigada por deixar o meu mural tão mais humanizado e repleto de poesia! Bjo.