Caro
leitor, serão sorteados seis exemplares do cd Pedra Só, do poeta
José Inácio Vieira de Melo.
1
- Para participar do sorteio é preciso ser seguidor do blog Cavaleiro
de Fogo.
Caso
ainda não seja um seguidor, aproveite para se tornar um (na coluna logo à direita, em
SEGUIDORES).
2 - Em seguida, basta postar um comentário com um poema qualquer de José Inácio Vieira
de Melo (pode ser o da sua preferência), nesta postagem do sorteio. Colocar também seu nome completo e seu
e-mail.
COMO
SERÁ FEITO O SORTEIO:
Os
nomes dos participantes serão escritos em pequenos pedaços de papel, que serão
dobrados e depois serão colocados dentro de um caneco. O caneco será sacudido
várias vezes e depois serão retirados – um de cada vez – os seis pedaços de
papel com os nomes dos sorteados.
O
resultado será divulgado aqui no blog. Após a divulgação, os vencedores deverão
mandar seus endereços para o e-mail jivmpoeta@gmail.com
***A
promoção é válida até o dia 15 de outubro de 2013***
* Os
comentários desta postagem serão liberados à medida que forem chegando *
25 comentários:
...caiada de branco, tem janelas azuis, abertas para o azul...
adoro caiada de branco tem janelas azuis, abertss para o azul...
Gosto desse:
Adeus
Vai, meu passarim, segue teu rumo.
Vai e frequenta as esferas que te esperam.
Uma noite teu sonho atravessou minha seara
e foi uma revoada de alegria.
Agora chegou o momento de tua energia
buscar outras vibrações, outros horizontes.
Estende tuas asas pelos azuis que te aguardam.
(JIVM)
Glauce Souza Santos
glaucesouzasantos@yahoo.com.br
PEDRA SÓ XXIII
Às cinco horas da tarde,
no céu da Pedra Só,
um cavalo emerge das nuvens
e uiva para a lua.
Às cinco horas em ponto,
na fazenda Pedra Só,
a lua é o olho do dragão.
E a moça de Jorge de Lima
é enorme, enorme,
e engole a lua e vai ficando
menor, menor.
Mas continua caindo
num desembesto sem fim
até virar Alice.
E logo ali, um alce.
E logo ali,
o galo de Abraão Batista
numa briga feroz
com o boi do Patativa.
Às cinco em ponto da tarde,
no reino da Pedra Só,
Federico Garcia Lorca
montado num corcel de algodão
crava seu punhal de prata
nos olhos da escuridão.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Elisa Augusta Gouveia Gregio
Fui apresentada à sua poesia num momento de muita dor... palavras de presente de uma amiga-irmã amada e distante que conheceu a história e dividiu comigo o Adeus mais bonito que já senti, numa ilustração linda linda... azul e branco da Paz... Me tocou bem lá e lhe disse: é tão isso que chega dói!
"Adeus
Vai, meu passarim, segue teu rumo.
Vai e frequenta as esferas que te esperam.
Uma noite teu sonho atravessou minha seara
e foi uma revoada de alegria.
Agora chegou o momento de tua energia
buscar outras vibrações, outros horizontes.
Estende tuas asas pelos azuis que te aguardam.
(JIVM)"
A casa de tia Aurora é um lugar,
dentro do meu sentimento.
Tem um curral, um imbuzeiro, dois bois vermelhos e um vento cheio de azuis.
Eu lembro tanto da casa de tia Aurora.
Eu só não lembro direito da tia Aurora.
Dizem os mais velhos que ela só saia de casa de manhãzinha e que, apesar da cara de totem, ela era mesmo um mantra.
E era só ela abrir a porta que o sol se espreguiçava, os passarinhos faziam piruetas e o dia sorria.
Tia Aurora tinha esse jeito de começar!
Adriano Macedo de Oliveira.
adri.mace@hotmail.com
A CASA DOS MEUS QUARENTA ANOS
Assim é a casa dos meus quarenta anos,
assombrada e sóbria como um bacurau.
Em seus largos cômodos,
habitam uma enorme solidão
e muitas vontades de vida.
É noite e estou em meu quarto
urdindo meus infinitos à eternidade.
Eu – apenas eu – eu.
Lá fora, uma sinfonia de questionamentos:
grilos, sapos, rãs na sua intermitente litania
enlouquecem meus fantasmas.
A minha casa, às três horas da madrugada,
tem os olhos bem abertos – esbugalhados sertões –
e os seus fantasmas, somatórios do eu,
vão se arrumando do jeito que podem.
Um, no quarto ao lado,
implora para que desatem o nó da forca.
Não suporta mais as folhas da algarobeira
chorando o seu destino.
No quarto do outro lado,
outro choraminga suas dores, suas pernas quebradas,
o sangue escorrendo para o nada
(esse espectro dói demais e a sua grande
novidade é saber que vai morrer).
No quarto derradeiro,
os morcegos dormem sossegadamente
e seu mundo não é de cabeça para baixo.
No quarto derradeiro da casa dos meus quarenta anos,
os morcegos adubam o terreno e aguardam a chegada
de mais um dia, de mais um ano.
E assim, no bater das asas do galo pedrês,
o choro do recém-nascido.
E de dia a casa dos meus quarenta anos
é cheia de janelas azuis abertas para o azul.
E uma multidão de ventos vem assobiar dentro dela,
vem renovar os ares, sacudir os quadros nas paredes,
jogar meus retratos pelo chão.
Ventos dadaístas
a remexer nos meus poemas, mudar seus versos,
rearrumar suas estrofes.
E o dia vai crescendo com uma claridade medonha,
e as telhas da minha casa abrem os olhos
e olham para o alto e se benzem e dizem amém
(cada telha da casa dos meus quarenta anos
é um olho aceso espiando dentro de suas cores).
E há momentos em que tudo que é bicho se cala
e a casa mais parece um cemitério.
A casa dos meus quarenta anos é caiada de branco
e tem janelas azuis abertas para o azul.
A casa dos meus quarenta anos – cemitério de ilusões.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Amo esse poema, me identifico e confesso, gostaria de ver pelos olhos do poeta o que ele descreve...
A poesia de José Inácio Vieira de Melo tem a força e a beleza agreste do sertão. Não vou escolher um poema preferido (teria dificuldades, pois são vários), mas trechos de alguns poemas do livro Pedra só, compondo um poema-homenagem que escrevi para o poeta há algum tempo.
Homero do sertão
Teus aboios e toadas,
cavaleiro cozido nas brasas do sertão,
são ouvidos no despontar da aurora
por caminhos de pedra e sol,
onde os mandacarus totêmicos
te presenteiam com versos proféticos
e as santas algarobeiras te contam histórias
que crescem no silêncio da pedra
e assanham o sonho das estrelas.
Nesses caminhos de poeira, cactos e solidão,
Andando com sandálias feitas de aurora,
tuas mãos trabalham no vazio,
moldando as formas do dizer
e engravidando palavras que sentem alegria.
E entre as águas da memória,
no sertão, cartilha e dicionário de teus poemas,
tu, poeta, menino que ainda sonha,
desvenda os segredos das letras.
Pastor de estrelas no céu da Pedra Só.
A casa da Tia Aurora é um lugar dentro dos meus sentimentos...
fantástico
SONATA DAS MUSAS ESCARLATES
Nos olores dos aloendros escarlates, as musas todas.
O escarlate em sua noite cria a linguagem por dentro.
Por dentro da madrugada, os gemidos escarlates
de Cássia sobre a alfombra de folhas dos cajueiros.
Os tempos extinguiram os corpos, distantes,
mas os mares e os risos ainda estão envolvidos.
Outrora, a água e a cidra, os barcos nos azulejos,
outrora, por dentro do corpo da noite recendiam os jasmins,
outrora, Quitéria era infanta e se fazia escarlate ao cantar do galo.
À noite, os vestidos de verbenas eram imortais.
No mais, tudo era gozo e rito nas liturgias do céu.
Às vezes, as borboletas fazem um culto à memória de Margarete,
e os ventos povoam as pedras dos jazigos daqueles anos azuis
que jazem aqui, dentro do peito, e nos arrabaldes que vejo.
E era Linda, com os olhos sombreados dentro da noite,
e eu todo perdido nos aromas de avelã de sua volúpia,
e sobre suas ancas escarlates estou, como o mar por dentro.
E, na noite do mar adolescente, Aliane e seus cheiros:
nas pupilas das águas, no âmago das praias, envolvidos.
O verde do mar e o sangue das verbenas, enredados
no negror da noite. E eu ouvia Carla e me envolvia
nas trepadeiras dos seus cabelos, no seu templo de música.
E pelos céus da minha paixão desfilavam em flor e fogo
os vultos de Vilma e de Vanessa – estandartes escarlates.
Assim, Duíno Selvagem, breve como as águas do Sertão,
estendo as musas escarlates que perenizam minha saga.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Poderia escolher vários poemas teus, JIVM. Sou tua fã ardorosa.
Beijos.
Martha Gonzaga Cohen
mgonzagacohen@gmail.com
Hiii, meu Deus!!! eu tô apaixonada pela "Tia Aurora" . Delícia ... rs
Me identifiquei muito com esta obra:
PEDRA SÓ XXIII
Às cinco horas da tarde,
no céu da Pedra Só,
um cavalo emerge das nuvens
e uiva para a lua.
Às cinco horas em ponto,
na fazenda Pedra Só,
a lua é o olho do dragão.
E a moça de Jorge de Lima
é enorme, enorme,
e engole a lua e vai ficando
menor, menor.
Mas continua caindo
num desembesto sem fim
até virar Alice.
E logo ali, um alce.
E logo ali,
o galo de Abraão Batista
numa briga feroz
com o boi do Patativa.
Às cinco em ponto da tarde,
no reino da Pedra Só,
Federico Garcia Lorca
montado num corcel de algodão
crava seu punhal de prata
nos olhos da escuridão.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Josane Peer
josanepeermusico@yahoo.com.br
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=lawpWF5lCjk&hd=
Quão saboroso é o vinho que corre em tuas veias...
GÊNESE
Sabe, moça da encruzilhada,
quando te encontrei foi um assombro.
Tu trazias estampada no semblante
a indagação que me acompanha.
O mais espantoso é que também
eras a resposta que sempre busquei.
Não aquela resposta exata, matemática.
A verdade que tua chegada me trouxe
foi a das abelhas zunindo no romper da aurora
em busca do mel das flores das algarobeiras,
foi a dos cavalos galopando na boca da noite
sonhando com touceiras de capim e éguas luzidias.
Ah, moça, tu estás no centro da Rosa dos Ventos,
pra onde deres o passo é caminho o que há.
A gente olha pra cima e não vê limite:
é tudo um azulão que não acaba mais.
Mas basta dar meio-dia, o limite aparece,
e não é longe não: bem na boca do estômago.
Sabe, vou te dar um chapéu do tamanho do céu,
que é pra te proteger dos devaneios solares
e pra que todos te percebam e apontem para ti:
“olha lá a moça que sombreia o mundo”.
E todos vão te olhar e todos vão te aplaudir
e o arco-íris vai ficar preto-e-branco de inveja.
Aí, um passarinho, desses bem miudinhos
que trazem uma sanfona de cento e vinte no peito,
vai aparecer e assobiar uma cantiga doce:
e a gente, espiando bem dentro dos olhos,
começa a sentir um monte de estrelas pipocar.
É isso, quando te encontrei, nasci.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Quero muito ganhar esse cd, José Inácio, meu poeta maravilhoso. Embora já tenha um (rsrsrsrrs).
Beijinhos.
Mazé Anunciação
mazeanunciacao@gmail.com
Quero ganhar o CD e adquirir o livro. Sucesso, poeta!
XII
Sertão, cartilha e dicionário
que recupera o fôlego do ser
e laça as águas do momento
que escorregavam da memória.
Sertão, coisa de espírito mesmo:
o nome incrustado no âmago.
No Sertão, o princípio do enigma,
o galope para dentro do redemoinho,
e na garupa alforjes de couro
bordados com a chama do amor.
O Sertão encourando os primeiros saberes...]
(José Inácio Vieira de Melo)
SENTIDO
Os homens vinham e havia um caminho.
Continuavam, e o prumo os esperava,
e eles seguiam acreditando nisso:
sempre rumar — sempre sempre sempre.
Os homens nunca chegavam a algum lugar,
mas iam eternamente em busca de,
pois não queriam nem suportariam
entender a verdade do lugar nenhum.
(JIVM)
Cecília é Templo, é poesia. Honra, respeito, memória. Gostei.
TEMPLO
Para Cecília Meireles
Cecília não é nome para se colocar em filha.
Cecília é única. Uma deusa que conheço.
Ela habita nas esferas do delírio.
Seus versos são de veludo e acariciam os meus sentidos.
O olor que exala de suas estrofes é um bálsamo para o meu ser.
Cecília é um templo de muitas faces.
As canções que estão na sua poética são luminosas.
Cecília é um templo dentro do poeta que sou.
CECÍLIA MEIRELESILLE
Cecília ei ole tyttärelle annettava nimi.
Cecília on ainutlaatuinen. Tuntemani jumalatar.
Hän asuu houreen sfääreissä.
Hänen säkeensä ovat sametista ja kumpuavat tunteistani.
Hänen säkeistään huokuva tuoksu on balsamia minulle.
Cecília on monikasvoinen temppeli.
Hänen poetiikkansa laulut ovat valaisevia.
Cecília on temppeli sen runoilijan sisällä, joka olen.
EPIGRAMA PARA CECÍLIA
Uma folha, no interior, quer ser móvel.
Por isso espera pelo golpe do vento.
Decepadas as amarras, leve voa:
pássaro dentro do sonho – o sonho dentro.
EPIGRAMMI CECÍLIALLE
Lehti, sisällä, haluaa liikahtaa.
Siksi se odottaa tuulen iskua.
Köydet rikkoneena se lentää kevyesti:
lintu unelmassa - unelma sisällä.
Bênção é a minha preferida...
Meu caro colega e poeta, arrepio ao ler vossa poesia... longe de ser juiz ou réu mas realista. Passado muito presente.
Pai, saudades e sua bênção.
Amando Borges Junior
amandoborges@hotmail.com
Jequié - BA
escolha a casa dos meus quarenta anos por motivos PESSOALÍSSIMOS parece que o poeta me CONHECIA E ME LIA:
JOGAR MEUS RETRATOS PELO CHÃO
VENTOS DADAÍSTAS A REMEXER MEUS POEMAS MUDAR SEUS VERSOS REARRUMAR SUAS ESTROFES ...
A CASA DOS MEUS QUARENTAS ANOS É CAIADA DE BRANCO E TEM JANELAS AZUIS ABERTAS PARA O AZUL
Gosto muito desse, me parece bem familiar...
Os Meninos
Ainda bem que têm esses meninos sorrindo,
andando de bicicleta e reinventando a mitologia.
Ainda bem que têm esses meninos e suas bicicletas
rodando, rodando, girando correndo nos cavalos do dia a dia.
Ainda bem que têm esses dois meninos com sua inocência que me assedia.
Ainda bem que têm os meninos
com tantos nomes, tantos sonhos, tanta magia.
CANTIGA PER LEONARDO
Leonardo,
il sorriso della tua musa mi indaga
come una daga que colpisce la cicatrice.
Ho cercato di decifrare quella donna
nelle figlie delle figlie delle tue figlie,
italie che diventarono brasili
e dettero un volto al nuovo mondo.
E in loro tutte,
da ogni angolo,
in ogni abbozzo di sorriso,
nellesplosione della risata
o nei gemiti del piacere,
era onnipresente
l’enigma di Monna Lisa.
E con i loro stendardi ho cucito
la coperta che mi avvolge,
che mi commuove e mi strappa
e sfilano tutte
sulla passerella di questa poesia
inaugurando le forme del bello:
Soglia, Bompard, Buffone,
Mariniello, Degino, Michelli,
Morbeck, Ranieri, Pizanni,
ecco gli stemmi indicati
dal mio pugnale di Alagoas.
Leonardo, uomo vitruviano,
son rinato sugli accordi della tua lira d’argento,
mi nutrii alle mammelle della lupa
per poter respirare la Via Lattea:
Romolo e Remo sono figli miei
che galoppano insieme a me e aspettano
altre grazie, altri nomi
che suonano sempre il primordiale
Romolo e Remo – miei ancestrali.
Leonardo, genio della razza,
in quale costellazione sei?
Dove brilla la tua lampada meravigliosa?
Mostra le cinque punte della tua stella!
Inventa subito, col tuo ingegno,
un pavão mysteriozo,
una macchina che mi porti via
verso il regno degli incanti:
una Sicilia dove la regina
sia Cecília Meireles,
discendente di Monna Lisa,
che cammina sulle acque
dello Stretto di Messina
offrendo la grazia maggiore
della poesia.
L’altro nome di Mosè
è Michelangelo,
ma fu il tuo pennello, Leonardo,
che aprì il Mare Mediterraneo
e con esso scrivesti
le forme di una dea
che nel suo viso
porta tutti i nomi.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Traduzione: Maria da Graça Gomes de Pina
In: 'Pedra Só'
Margleice Lima Pimenta
margleice.pimenta@gmail.com
Oi JIVM!! Amo seus poemas.
Gostei muito desse:
Canto de peito ao vento,
um boi de campina anda comigo.
Outra vez as águas antigas,
ravinas na memória do tabuleiro.
É um boi das algarobeiras
que muge a solidão.
Suas manchas, ruminadas na paciência,
reúnem a terra.
O chão secando, serranias, caatingas.
O boi nas malhadas dos céus.
O sabor hereditário estendido em varas,
couros leves secando ao sol.
Sobre o couro do país,
no terraço da província que me é sagrada,
o poeta
o fogo
o cavalo
e os marmeleiros onde se estendem
leopardos sertânicos.
Ao céu do país, no couro esticado,
o nome primeiro, à luz do sol,
à sombra das algarobeiras:
PEDRA SÓ
chã que se abre
ao cavaleiro deslumbrado.
É difícil escolher um poema de José Inácio, que é um poeta extraordinário e tem muitos poemas lindos. Mas já que tem que escolher um, vou colocar um dos erótico que mais gosto:
CÂNTICO DOS CÂNTICOS
Que as tuas nádegas aventureiras estejam abertas
para o poema em linha reta que te ofereço,
que a minha escrita torta e avessa
chegue linheira na olaria de tua carne
e ardas e ardo neste morno forno
das tuas nádegas tão abundantes.
Das tuas nádegas tão montanhosas
o horizonte é mais macio e a minha linguagem
saboreia o mel do fel que trazes
e de teus olhos gemem os arco-íris
e teu corpo todo é um esplendor, uma assombração
e quanta delícia anunciam teus arrepios
e tuas nádegas aventureiras tão venturosas
são uma tempestade de emoções.
Que idioma mágico que tu inventas
quando me aventuro por tuas nádegas
e me perco profundamente e profundamente
me encontro na plenitude cega que tudo enxerga
e profundamente me encanto cantando uníssono
neste nosso idioma o novo cântico dos cânticos.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
(De: ROSEIRAL - 2010)
CANTAR DE LOS CANTARES
Que tus nalgas aventureras estén abiertas
para el poema en línea recta que te ofrezco,
que mi escritura torcida y enrevesada
llegue derecho a la alfarería de tu carne
y ardas y arda en este templado horno
de tus nalgas tan abundantes.
De tus nalgas tan montañosas
el horizonte es mas suave y mi lenguaje
saborea la miel de la hiel que traes
y de tus ojos gimen los arco iris
y tu cuerpo todo es un esplendor, un asombro
y cuánta delicia anuncian tus escalofríos
y tus nalgas aventureras tan venturosas
son una tempestad de emociones.
Qué idioma mágico que inventas
cuando me aventuro por tus nalgas
y me pierdo profundamente y profundamente
me encuentro en la plenitud ciega que todo presiente
y profundamente me encanto cantando al unísono
en este idioma nuestro, el nuevo cantar de los cantares.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Traducción: Alberto Acosta
Jeovah Ananias
jeovahananias@gmail.com
Gosto dos poemas do grande Inácio, mais este me é muito especial:
Bênção
Para Aloísio Vieira de Melo
Meu pai,
beijo suas mãos,
não como um homem
pretende beijar as de Deus,
mas como uma árvore
beija suas raízes.
Fuga
As crianças galopam goiabeiras,
sentem o gosto da paisagem de êxtase.
As crianças são deuses, mas não trazem
o germe do sofrimento, só brilham.
Quando o homem chega dentro da criança,
o infinito cai e a casa começa
a ter entranhas, a criar paredes.
Quem mais sofre com isso são as pedras:
sem sangue, sem respiração, sem ritmo,
seus escombros preenchem toda terra;
seus sonhos - fuzilados no horizonte.
Eu ainda saio dessa ciranda,
entro no primeiro buraco negro
e vou me inventar em outra galáxia.
JIVM
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