quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

JIVM - RURAL



R U R A L
Para Ivaldo Vieira de Melo

No teu cavalo peito nu cabelo ao vento
Alceu Valença


Eu vou pra roça, ajudar o dia a amanhecer,
chamar os bezerros pelos nomes de suas mães
e ver a vacaria apojar
e sentir a chuva de leite em meus olhos.

Eu vou pra roça, lá Manoel é Mané
e a única máscara são os calos de suas mãos:
– mãos encardidas de leite.

Eu vou pra roça, começar o dia com um sorriso.
Meu cavalo e eu – Centauro do Sertão –
sairemos campo afora
apascentando a boiada, o milharal, o açude.

E os cajus haverão de destravar as fronteiras
e ouvirei o canto das patativas se estender até Assaré
e me entenderei com as beldroegas
e compreenderei a labuta das formigas.

Das quedas, trarei a lição do levantar
e seguirei pela vida ao lado de meu irmão.
Eu vou pra roça, lá o documento é a palavra.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO


Poema do livro A terceira romaria, que vai ter a segunda edição lançada pela editora Anome Livros, no projeto Portuguesia, no dia 20 de fevereiro, às 19 horas, no Instituto Cervantes, em Belo Horizonte – MG, com a presença do autor.

15 comentários:

Blogs WM disse...

Ótimo, poeta! Resistimos assim: aos poucos e com muitas lembranças. Eis a maneira de não morrermos tão sós. Ou de vivermos um pouquinho juntos e longe do desterro que a velocidade do mundo nos trás - a contragosto (nosso). Abraços!

Aneth Santos disse...

Adoro seus poemas e seus videos,gosto do seu estilo completo,bjo grande.Q os anjos da poesia te olhem com olhos de ternura.

carlos lemes disse...

Meu kirido, o poema é de rara beleza e me tocou muito acho q por causa das minhas origens camponesas. Grande abraço.

Jan Costa disse...

O "Rural" nos remete as coisas do simples, ao homem do campo, à natureza divina.
Continue neste caminho bonito.

Forte abraço e muita Luz.

Claudio Sesín disse...

Estimado Poeta: Muy bueno sus poemas, como siempre. Un gran abrazo, los mejores deseos, y hasta pronto.
Claudio Sesín

Carlos Ribeiro disse...

Gosto muito deste poema, Inácio. É, na minha opinião, um dos melhores da sua lavra.
Lavra, lavra, lavrador...
abs, Carlos

Cristiana Chamberlain disse...

Inácio Apesar de não enviar comentários constantemente amo suas poesias espero ter a oportunidade de participar algum dia de algum dos seus eventos

bju grande no coração profundo desse poeta espetacular

Mazé Anunciação disse...

Amo este poema. É de uma siplicidade e de uma verdade contagiantes. Parabéns, grande poeta. E boa sorte no lançamento da segunda edição da sua Romaria poética. Beijinhos.

Margot Valente disse...

Ola, ze!
Parabens, menino! Linda... linda.... lindona! Maravilhosa poesia! E
poema, e musica, e palavra em movimento, tal a plasticidade do texto. me
fez voltar ao passado, a fazenda da minha avo em cachoeira, beber leite
cru no curral, na beira da vaca, ouvir o canto dos passaros, galopar em
cavalo marron de crina dourada... e o cheiro da terra molhada pelo
orvalho... Voce e demais, menino! quero comprar seu livro. nao esqueça
de me avisar onde acho aqui. bjs para voce nesta cabecinha abençoada por
deus, bjs em sua mulher, muito querida e nos garotos, o poeta e o
outro... poeta também? bjs mais, margot

Veronica Ferreira Pinto disse...

Certamente você já não lembra de mim pois nos encontramos uma vez só, em São Miguel dos Campos/AL.
Mas, independente do tempo, do espaço ou da lembrança dos traços do meu corpo miúdo, ruivo e sardento, ficou a possibilidade de receber sempre de você uma sensação que raramente a poesia provoca em mim. Embora discorde de boa parte dos que fazem poesia, ao dizer que a mesma não precisa ser entendida, mas sentida, como amante da filosofia adoro poder encontrá-la nos seus escritos. Não são todos, mas alguns despertam uma vibração prazerosa. Gostaria de ter domínio da língua portuguesa para poder viajar ainda mais nas suas letras, nos seus pensamentos. Gosto de quem pousa no papel as suas reflexões/emoções e despertar esse movimento na gente.
Muito obrigada pelo prazer do seu trabalho.
Atenciosamente.

Veronica F. Pinto

Sérgio Bernardo disse...

Grande poema, José Inácio.
Parabéns pelo relançamento.
Abraço,
Sérgio

Tonho França disse...

José Inácio,
maravilha de poema, muito bom de ler, carga forte de emoção
gostaria de adquirir A TERCEIRA ROMARIA, autografado, claro.
Passa pra mim o preço e o nr da conta pra depósito por favor.
obrigado
paz e luz poeta
abraços

Tonho França

Mércia Veiga Vicente disse...

Olá José Inácio. Eu ainda não conhecia o seu poema Rural, mas agora é como se estivesse na sua terra ao lado do seu Centauro do Sertão. Quero um exemplar do seu livro A Terceira Romaria. Desculpe-me pela demora em responder. Há vários dias que não consigo chegar aqui... Beijos e tudo do bom e do melhor pra você, querido poeta.Um dia lindo!

Ésio Macedo Ribeiro disse...

José Inácio,
Muito belo este seu "Rural", valeu como uma hóstia - eu que não tenho religião - para mim que moro entre a roça do Goiás e o concreto de Sampa. Parabéns, poeta!
Abraços,
Ésio

Eliana Mara Chiossi disse...

Vida longa para as tuas romarias.
E ainda estaremos juntos, na árvore de outras publicações.
Toda felicidade!

Abraços,

Eliana Mara Chiossi