terça-feira, 26 de outubro de 2010

A DÉCIMA SINFONIA DE CARLOS MOISÉS



Hoje, 26 de outubro de 2010, meu filho primogênito, Carlos Moisés, está completando 10 anos. Festa em meu coração!
E um dia ouvíamos a “Sinfonia Coral” (Nona Sinfonia) de Beethoven, sentados à beira de uma fogueira, lá na fazenda Pedra só e, de repente, quando os cantores líricos cantavam a “Ode à Alegria” de Schiller, Moisés trouxe do âmago do seu ser o poema “Sinfonia”. Não sabia ele que havia feito um hai-kai.
E era uma vez, Moisés, Gabriel e eu galopando dentro da tarde – meus filhos e eu entrando na boca da noite. Passamos num açude para dar água aos nossos cavalos. E havia uma árvore cheia de garças, e as estrelas começavam a brilhar no firmamento. Foi quando Moisés trouxe para nós o seu poema “Galope”. E seguimos galopando, noite adentro.
Parabéns, Carlos Moisés, meu filho. Vida longa, Saúde, Paz, Amor e Poesia. Que a claridade do Sol e da Lua alumie seu caminho.
A minha gratidão a Deus, à Linda, aos deuses, às divindades, aos santos, às musas, aos poetas pela dádiva da companhia de meus filhos.

JIVM



DOIS POEMAS DE CARLOS MOISÉS SOGLIA DE MELO


S I N F O N I A

É cheio de estrelas
o silêncio do maestro.
Dança a lua cheia.


G A L O P E

Minhas mãos feitas de garças
agarram-se à saia do Universo:
cavaleiro, galopo estrelas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

JIVM - ROSEIRA



ROSEIRA


Quanto pode durar a planta breve?
Da pétala à cabeça – a extensão:
um verão de calipígias mulheres,
rosas rubras que despertam prazeres.

Espinhos, espalhadas folhas cantam,
cantam e atravessam, de ponta a ponta,
as pedras das linhas duras do sonho.
Dentro, as mulheres, rosas escandidas.

As mulheres respondem com o orvalho
e caminham, de saltos altos, por
cima e saltam, inocentes, a morte.

E recebem obeliscos linheiros
e cantam os gemidos espondeus
e florescem nas formas da beleza.


JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

terça-feira, 12 de outubro de 2010

SANGUE NOVO - FABRÍCIO DE QUEIROZ VENÂNCIO



DESAGUAR EM VERSOS – FABRÍCIO DE QUEIROZ VENÂNCIO, 23 anos, nasceu em Salvador e é estudante da Universidade Federal da Bahia. Tem poemas publicados na antologia Diversidade e Convivência (EDUFBA 2009). Participou da Praça do Cordel e da Poesia, na Bienal do Livro da Bahia (2009), e editou e participou da primeira edição da revista Na Borda da Xícara. Mantém o blog http://www.fabriciodequeiroz.blogspot.com/ Para ele a escritura é um desaguar em versos. Vamos conhecer um pouco do manancial de Fabrício, poeta que inventou a borda da xícara e que borda versos no tecido do universo.

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO – Por que você escreve?

FABRÍCIO DE QUEIROZ VENÂNCIO – Escrever para mim é como um desaguar. E algumas coisas só consigo desaguar em forma de verso. Comecei dessa forma e com as leituras e o tempo fui aperfeiçoando o modo de escrever, quanto a rima, forma, etc. Contudo, não mudei essa minha peculiaridade de "desaguar em versos".

JIVM – Você e dois amigos, Max e Darlan, publicaram o primeiro e único número da revista Na borda da xícara. De quem foi a idéia? E por que a revista homenageia o poeta Luís Antonio Cajazeira Ramos? E por que não publicaram outras edições?

FQVNa Borda da Xícara surgiu de uma reunião semanal fracassada que eu e mais três amigos, Max, Lucas (este compõe a primeira edição da revista) e Vítor, tínhamos para discutir nossas leituras, uma espécie de café literário/filosófico. Em mais uma falta semanal dos dois últimos, Max propôs a construção de uma revista e eu simplesmente topei. No mesmo dia esquematizamos o formato, dividimos atividades, resgatei um nome que Max sugeriu para um blog a alguém e posteriormente convidamos Darlan para ajudar.
O livro Como Se (do Cajazeira) foi encontrado num sebo pelo Vítor, que nos levou e imediatamente nos apaixonamos. Depois de um tempo, já com a revista em editoração, conseguimos o número dele e ele foi muito atencioso em nos encontrar (na época ele só conheceu o Max) e dar conselhos... Depois se afastou e justificou que não queria que a revista ficasse com a "cara dele", mas com a nossa. Cajazeira foi nossa grande descoberta na Bahia, nos abriu as portas para que conhecêssemos o que de bom se faz de poesia por aqui, é um excelente poeta e sua atenção e ações foram fundamentais na elaboração da revista. Eu e o Max somos fãs dele.
Não continuou, por enquanto, por questão financeira. Nós não queríamos, na época, encher a revista com propaganda de patrocinadores, o que nos afastou da idéia da busca de patrocínio privado. Resolvemos bancar e contar com os escritores para isso. Pagamos boa parte do custo da primeira edição indo a eventos vender a revista, o que dá um trabalho enorme. Nenhum de nós três vive pela literatura e decidimos não ter esse trabalho novamente e tentar custear a revista via edital de cultura. Passamos da primeira fase em um destes, mas não deu. Vamos continuar tentando via edital.

JIVM – Você lê muito? Qual foi o primeiro livro que leu? O que está lendo agora? Quais são os seus escritores referenciais?

FQV – Leio muito sim e não lembro o primeiro livro que li, acho que foi algum fininho que encontrei pela biblioteca da escola onde fiz meu ensino fundamental, em Cajazeiras.
Lembro do primeiro que me marcou, que foi As Brumas de Avalon, de Marion Z. Bradley. Atualmente estou lendo um livro técnico e, enfim, Dom Quixote.
Acredito que vou apreendendo um pouco do que vou lendo. Inicialmente lia poetas de língua inglesa como T.S. Eliot e Willian Blake. Eliot influenciou muito na forma em que escrevo. Depois fui descobrindo os clássicos e agora estou no Brasil e na Bahia, com Ruy Espinheira, Ivan Junqueira, Cajazeira Ramos, etc.

JIVM – Como você analisa a cena poética de Salvador? Os eventos e projetos são muitos e há espaço para todos? Ou a coisa é escassa? Os poetas são unidos ou se degladeiam? E você nesse meio, como age?

FQV – Pra mim é difícil dar uma resposta confiável a essa pergunta, já que aos espaços, quando frequento-os, chego, assisto, digo alguns "ois" e vou embora. Não por falta de crédito, ou qualquer coisa assim, mas por timidez mesmo. Não me lembro de 'degladeamento' em meio impresso ou digital. Sei de algumas rixas vindas de rumores, mas nada escancarado.
Eventos existem. Agora, quando vou, comumente me deparo com as mesmas pessoas (não que não goste delas) e, quando há novas, são normalmente da Academia. Carecemos de um Projeto para de fato tentar começar a universalizar a poesia... Tem tanta gente "jogando versos" por aí. Deve-se ter precaução para que não se forme um meio caduco que fica escrevendo para si mesmo. Poesia é arte e portanto uma das formas de procurar entender a si e ao mundo.

JIVM – E agora? Uma nova revista? A publicação do primeiro livro? E o que mais?

FQV – Aguardando editais para Na Borda da Xícara, acho que a revista merece. Quanto a livro não me sinto a vontade com os meus poemas para colocá-los em um livro, não ainda. Existe uma proposta de uma editora para eu e o Max escrevermos um livro juntos, já que temos alguns poemas "a quatro braços", mas estamos vendo isso ainda. É algo, no mínimo, ousado de se fazer.
Mas, pelo lado de cá, ousadia não falta.

TRÊS POEMAS DE FABRÍCIO DE QUEIROZ VENÂNCIO


















PAREDES


"O que são as lembranças senão o idioma dos sentimentos?"
Júlio Cortázar


Pia no canto do quarto um rádio empoeirado,
a maresia, convidada pela janela aberta,
passeia livre pelos objetos usados.

A parede, sebosa e caduca, não se recorda do branco;
o brilho faz parte da memória da madeira
e a cadeira já não serve para sentar.

Um último pio do vento e pronto, arma-se a lembrança:
risos de criança que giram num carrossel envelhecido,
ciranda de velhos que rezam em redor do epitáfio.



IDADES


O silêncio está enferrujado na dobradiça.
Atrás da porta repousa o tempo,
na cabeceira está o pó e no pó
repousam minhas peças velhas.

O terço foi atacado pelas feras,
a cruz tem a ferrugem da descrença;
a santa imagem repousa só
e seus pés estão descalços.

No chão o retrato das minhas eras,
o cabresto que me atém ao luar.
Junto à janela a marca do suor,
a lembrança do eco de passos no vitral.

As traças me fazem lembrar a vida,
os ratos me causam o comichão.
Eu, não sou mais que uma saudade
carregada por um vento já cansado;

um vento farto de mim.



FORMIGAS NO TETO


Faz pouco sentido enquanto espero
a música ainda toca triste, baixo
os amigos estão na sala, sorrindo
estamos indo em silêncio
e nosso choro não pode ser escutado.

Enlouquecemos mas somos ignorantes,
no nosso jogo só existem dois.
No formigueiro brincamos de ciranda,
chamamos de belo o perigoso
de desejo o que é costume.

Pensamos e sorrimos ao mundo,
Somos sebosos e é suja nossa fé,
nosso respiro é gorduroso:
só no cochilo há o alívio,
só na parede a distração.

Não somos mais que este quarto,
Este odor de cigarro abafado,
esta porta de ferro fechada:
Sua ferrugem é o nosso carisma
e nossa canção está no teto.

As formigas caminham,
concentram a nossa atenção.
A tela se apaga pelo desuso,
o banho quente cessa.
E o silêncio, lentamente, nos sufoca.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

VERÔNICA DE VATE - MYRIAM FRAGA



MYRIAM DE CASTRO LIMA FRAGA nasceu em Salvador, Estado da Bahia, a 09 de novembro de 1937, filha de Orlando de Castro Lima e Beatriz Pondé de Castro Lima.
Tendo iniciado suas atividades literárias publicando assiduamente em revistas e suplementos literários, estréia em livro com Marinhas, poesia, no ano de 1964, pelas Edições Macunaíma – editora especializada em publicações de tiragem limitada e de alto padrão gráfico, sob a orientação artística do gravador Calasans Neto.
Com poemas traduzidos para o inglês, francês e alemão, tem participado de diversas antologias no Brasil e no exterior. É citada em várias publicações nacionais e estrangeiras, entre elas: Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, de José Paulo Paes e Massaud Moisés (1968); Grande Enciclopédia Delta Larousse (1972); Enciclopédia de Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho, (1990), História da Literatura Brasileira, de Luciana Stegagno Picchio (1997) e Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras:1711-2001, por Nelly Novaes Coelho (2002).
Tem participado, como escritora convidada, de inúmeras conferências e seminários no Brasil e em outros países, como: I Encontro da Poesia Brasileira – Semana Joaquim Cardoso, em Recife (1981); II Bienal Nestlé de Literatura, em São Paulo (1984); Brasilian Writters Project, nos EUA (1985); 40º Congresso da União Brasileira de Escritores – UBE, em São Paulo (1986); III Bienal Nestlé de Literatura, em São Paulo (1986); 5º Encontro Nacional de Acervos Literários Brasileiros, PUC – Rio Grande do Sul, (2001); Simpósio sobre a Cultura e a Literatura Caboverdianas, em Mindelo, Cabo Verde (1986); Encontro Poesia em Lisboa, em Lisboa (1998); III Congresso Nacional de Escritores, em Pernambuco (2002); Colloque Jorge Amado, Sorbonne, em Paris (2002); Encontro sobre poesia, na Universidade de Rennes, França (2005), Festival Literário de Parati – FLIP, Rio de Janeiro (2006); Festival Literário de Porto de Galinhas, Recife (2007); Semana do Brasil, em La Rochelle, França (2007);
Eleita por unanimidade membro efetivo da Academia de Letras da Bahia, tomou posse no dia 30 de julho de 1985, passando a ocupar a cadeira de n.º13, que tem como patrono o poeta Francisco Moniz Barreto, na vaga de Luiz Fernando Seixas de Macedo Costa. Foi membro do Conselho Federal de Cultura, do Conselho Federal de Política Cultural, e do Conselho Estadual de Cultura, do Conselho Editorial da Fundação Cultural do Estado da Bahia. e do Conselho da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia-FAPESB.
Diretora Executiva da Fundação Casa de Jorge Amado desde sua instituição, em julho de 1986, vem se dedicando, igualmente, à área de Administração Cultural. Entre 1980 e 1986, esteve à frente de projetos pioneiros na Fundação Cultural do Estado da Bahia, quando coordenou a Coleção dos Novos e foi responsável pelo projeto de criação do Centro de Estudos de Literatura Luiz Gama, hoje Departamento de Literatura.
Membro do Conselho da Associação Baiana de Imprensa – ABI, além de manter colaboração em revistas e jornais, foi responsável pela coluna Linha D’Água, sobre assuntos culturais, publicada aos domingos no jornal A Tarde, de Salvador, de 1984 a 2004.
Recebeu os seguintes títulos e prêmios: Prêmio Arthur de Salles (Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, 1969); Prêmio Casimiro de Abreu (Secretaria da Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, 1972); Medalha Castro Alves (Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel. Salvador, 1984); Medalha do Mérito Castro Alves (Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, 1984); Personalidade Cultural (União Brasileira de Escritores – UBE. Rio de Janeiro, 1987); Medalha Maria Quitéria (Câmara dos Vereadores da Cidade do Salvador, 1996); Prêmio COPENE de Cultura e Arte (COPENE. Salvador, 1996); Troféu Catarina Paraguaçu (MAM e TGM. Salvador, 1997); e Prêmio Alejandro José Cabassa (UBE. Rio de Janeiro, 1998).

BIBLIOGRAFIA

POESIA
Marinhas (Ed. Macunaíma, Salvador, 1964); Sesmaria (Ed. Imprensa Oficial da Bahia, Prêmio Arthur Salles, Salvador, 1969); O livro dos Adynata (Ed. Macunaíma, Salvador, 1973); A ilha (Ed. Macunaíma, Salvador, 1975) O risco na pele (Ed. Civilização Brasileira, Rio, 1979); A cidade (Ed. Macunaíma, Salvador, 1979); As purificações ou o sinal de talião (Ed. Civilização Brasileira, Rio, 1981); A lenda do pássaro que roubou o fogo (Ed. Macunaíma, Salvador, 1983); Six poems, trad. Richard O’Connell (Ed. Macunaíma, Salvador, 1985); Os deuses lares (Ed. Macunaíma, Salvador, 1992); Die Stadt, trad. Curt Meyer-Clason (Ed. Macunaíma, Salvador, 1994); Femina (Ed. Casa de Palavras/ COPENE, Prêmio COPENE Cultura e Arte, Salvador, 1996) e Poesia Reunida (Ed. Academia de Letras da Bahia / Assembléia Legislativa, 2008).

ANTOLOGIAS
Cinco poetas (Ed. Macunaíma, Salvador, 1966); Antologia da moderna poesia baiana (Ed. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1967); 25 poetas da Bahia (Ed. DESC, Salvador, 1968); Sete cantares de amigos (Ed. Arpoador, Salvador, 1975); Antologia de poetas da Bahia, em alfabeto braile (Ed. da Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1976); Em carne viva, org. Olga Savary (Ed. Anima, Rio de Janeiro, 1984); Poetas contemporâneos, org. Henrique Alves (Ed. Roswitha Kempf, São Paulo, 1985); Simulations, org. Richard O’Connell (Atlantis Editions, Flórida/USA, 1993); Sincretismo – a poesia da geração 60, org. Pedro Lyra (Ed. Topbooks, Rio de Janeiro, 1995); Modernismo brasileiro, org. Curt Meyer-Clason (Druckhaus Galrev, Berlim /ALEMANHA, 1997); Poésie du Brasil, org. Lourdes Sarmento (Ed. Vericuetos, Paris/FRANÇA, 1997); Poesia em Lisboa (Ed. Casa Fernando Pessoa/P.E.N. Club Português, Lisboa/PORTUGAL, 1998); A poesia baiana no século XX, org. Assis Brasil (Ed. Imago, Rio de Janeiro, 1999); Águas dos Trópicos, org. Beatriz Alcântara e Lourdes Sarmento (Ed. Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, 2000); Antologia de Poetas Brasileiros, sel.org. Mariazinha Congílio (Universitária Editora Ltda, Lisboa, 2000); A Paixão premeditada, org. Simone Lopes Pontes Tavares (Ed. Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2000);Poetas da Bahia século XVII ao século XX, org. Ildásio Tavares (Ed. Imago/Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 2001); Antologia da Poesia Brasileira, org. Xose Lois Garcia (Ed. Laiovento /Santiago de Compostela/Galiza, 2001); Companhia de Poetas, org. José Alberto Pinho Neves (Ed.Funalfa, Juiz de Fora, Minas Gerais, 2003); Perfil Grécia - em Poetas do Brasil, org. Stella Leonardos (Ed. Francisco Alves/Rio de Janeiro, 2004); Geopoemas (Geopoems), org. Luiz Angélico da Costa (Ed. da Universidade Federal da Bahia –EDUFBA, Salvador, Bahia, 2007).

BIOGRAFIAS
Flor do sertão
(Ed. Macunaíma, Salvador, 1986), Uma casa de palavras (Fundação Casa de Jorge Amado/Casa de Palavras, Salvador, 1997), Leonídia, a musa infeliz do poeta Castro Alves (Fundação Casa de Jorge Amado/Casa de Palavras/Copene, Salvador 2002).

INFANTO-JUVENIL
Castro Alves (Ed. Callis, Coleção Crianças Famosas, 2001); Jorge Amado (Ed. Callis, Coleção Crianças Famosas, 2002); Jorge Amado (Ed. Moderna, Mestres da Literatura, 2003); Castro Alves (Ed. Moderna, Mestres da Literatura, 2004); Luiz Gama (Ed. Callis, A luta de cada um, 2005); Carybé (Ed. Moderna, Mestres da Pintura, 2005); Graciliano Ramos (Ed. Moderna, Mestres da Literatura, 2007)

*

Amanhã, a cidade de Maracás terá o momento de culminância do projeto Uma Prosa Sobre Versos com a presença de Myriam Fraga, diva da poesia baiana. E para receber a grande poeta, mais uma vez o Grupo Concriz preparou um recital com uma antologia de poemas da convidada, com o qual receberá a poeta de Femina, em homenagem calorosa. Calorosa é uma palavra que se aplica bem para a comunidade maracaense, que apesar de viver na terra do frio, sabe passar afetividade e calor humano. Todos que participaram e participam do projeto, dos organizadores à platéia, estamos de parabéns. Que na noite de amanhã, às 19:30 hs, o Auditório Municipal de Maracás esteja repleto de pessoas, como é de costume. E que em 2011 o projeto seja mais forte ainda.
Mas a jornada poética de Myriam não para por aí, na noite do dia seguinte, sábado, 9 de outubro, encerrará as atividades do projeto Travessia das Palavras, que vai acontecer na Câmara Municipal de Vereadores, da cidade de Jequié, às 19:30 hs. O projeto vai contar também com a presença do Grupo Concriz, que brindará a poeta com um belo recital. Na mesma noite, Leonam Oliveira, um dos coordenadores do projeto Travessia das Palavras e atual presidente da Academia de Letras de Jequié, dará posse ao novo presidente da instituição, Adilson Gomes, assim como aos novos membros da ALJ: Ivan Estevan Ferreira, José Inácio Vieira de Melo, Julio Pereira Lucas Neto, Maribel Oliveira Barreto e Zilda Freitas.


ARS POETICA


Poesia é coisa
De mulheres.
Um serviço usual,
Reacender de fogos.

Nas esquinas da morte,
Enterrei a gorda
Placenta enxundiosa

E caminhei serena
Sobre as brasas
Até o lado de lá
Onde o demônio habita.

Poesia é sempre assim:
Uma alquimia de fetos,
Um lento porejar
De venenos sob a pele.

Poesia é a arte
Da rapina.
Não a caça, propriamente,
Mas sempre nas mãos
Um lampejo de sangue.

Em vão,
Procuro meu destino:
No pássaro esquartejado
A escritura das vísceras.

Poesia como antojos,
Como um ventre crescendo,
A pele esticada
De úteros estalando.

Poesia é esta paixão
Delicada e perversa,
Esta umidade perolada
A escorrer de meu corpo,

Empapando-me as roupas
Como uma água de febre.



POEMA


O canto é o mesmo.
Farol de destinos
Decapitados.

Brancos os campos
De sol mais claro
E os olhos baços.

Fita de pedras
Circundando o exato.

No corpo de vidro
As serpentes se agitam,
E as enxadas na pedra
Reconstroem o espaço.

Antes era o silêncio,
Água tranquila
Onde nadavam peixes,

Antes era o não ser,
A flor boiando escura.

Hoje existe apenas
A fadiga da pedra,
O sono amortecido das esferas,

E o corpo se descosendo,
Inexoravelmente.


MYRIAM FRAGA

terça-feira, 5 de outubro de 2010

JIVM NO TERÇAS POÉTICAS - REGISTRO


Abaixo alguns registros fotográficos da minha passagem por Belo Horizonte, onde participei do Terças Poéticas, em 28 de setembro, projeto semanal coordenado pelo poeta Wilmar Silva. Além do Terças Poéticas, gravei o programa Tropofonia, da Rádio UFMG Educativa, apresentado por Wilmar Silva, Francesco Napoli e Cristina Borges, que vai ao ar às segundas-feiras, às 23 horas. O Tropofonia é uma loucura! O programa dedicado à minha poesia será veiculado na próxima segunda, dia 11 de outubro. Para assistir basta entrar no site da Rádio UFMG Educativa (http://www.ufmg.br/online/radio/) e ouvir a programação em tempo real.
JIVM

"Não é nada fácil ser juiz da própria loucura"

"Meu coração é mesmo a rosa viva"

"A vida é uma lavoura de pólvora"

José Inácio Vieira de Melo e Wilmar Silva

Wilmar Silva, Regina Mello e JIVM

JIVM e Paulinho Pedra Azul